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SPFWN56 reforça a identidade brasileira por meio do feito à mão

By Marta De Divitiis

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Moda
Desfile Handred Credits: Gustavo Scatena/Agência Fotosite

A edição número 56 da SPFW - São Paulo Fashion Week, que aconteceu entre os dias 8 e 12 de novembro, no Shopping Iguatemi e no Komplexo Tempo, na capital paulista, reuniu 38 marcas que apresentaram suas coleções. O calor escaldante que assola o país deixou um rastro de desconforto entre os presentes, especialmente no espaço da Mooca, com ar condicionado rarefeito e/ou inexistente. Fora os problemas estruturais e logísticos (15 quilômetros de distância separam o Shopping do espaço na Mooca, lembrando que o trânsito na capital paulista é extenuante especialmente nos horários de pico), o evento fluiu trazendo na maior parte dos desfiles um trabalho sólido e bem elaborado. Um ponto de destaque foi o reforço da identidade brasileira, vista em quase todas as coleções que apostaram no “handmade”, mesmo que em pequenos detalhes. Rendas típicas do NE, bordados, franjas, macramê e crochê estiveram debaixo dos holofotes.

Foco nas expressões da arte manual

João Maraschin Credits: Ze Takahashi/Agência Fotosite
Ateliê Mão de Mãe Credits: Gustavo Scatena/Agência Fotosite
David Lee Credits: Caddah/Agência Fotosite
Sou de Algodão Credits: Ze Takahashi/ Agência Fotosite
De Pedro Credits: Gabriel Cappelletti/ Agência Fotosite
Foz Credits: Agência Fotosite
Marina Bitu Credits: Ze Takahashi/Agência Fotosite
Santa Resistência Credits: Gustavo Scatena/Agência Fotosite

O crochê, o macramê e o tricô vieram fortes em João Maraschin, que fez o caminho inverso (sua marca é forte no exterior e só agora ele a trouxe para o Brasil), que faz, segundo ele “um casamento entre o artesanato e o design”. O bordado aparece em peças inteiras, se transformando em estampas, assim como o macramê que tece vestidos.

O crochê é a matéria prima principal do Ateliê Mão de Mãe, que veio com uma coleção que mescla a técnica, refinada, com saias estilo godê guarda-chuva, túnicas e saias longas com aplicação de flores. Outro que faz do crochê seu ponto de partida é David Lee com a passarela repleta de cores e trabalhos de tiras de crochê em tressé, formando tops. O crochê também apareceu forte no desfile da Sou de Algodão, que trouxe um combo de estilistas trabalhando para o movimento, que incentiva o uso do algodão sustentável. Assim como as linhas e tecidos planos, o algodão veio ainda no denim, em várias peças.

A masculina De Pedro que trouxe bordados e patchwork de tecidos, em calças e camisas. O piquê de algodão veio em paletós. O designer trabalha com Arranjos Produtivos Locais no NE do Brasil, com apoio do Sebrae. A alagoana Foz trouxe rendas, bordados em canutilhos, além de bordados vazados. Utilizaram a renda Filé em vestidos, que também apareceram em crochê. As estampas nos remetiam a arte naif nordestina. Franjas de cerâmica complementaram vestidos e acessórios. Marina Bitu apresentou vestidos em pétalas de tecidos e fuxico vazados; aplicação de penas e elementos de cerâmica. Santa Resistência apresentou bordados, macramê e crochê.

Buscando a alegria

The Paradise Credits: Ze Takahashi/Agência Fotosite
Weider Silverio Credits: Ze Takahashi/ Agência Fotosite
Detalhe de peça de Walério Araújo Credits: Danilo Grimaldi/Agência Fotosite
João Pimenta Credits: Ze Takahashi/Agência Fotosite
Patrícia Vieira Credits: Gabriel Cappelletti/Agência Fotosite
Renata Buzzo Credits: Ze Takahashi/Agência Fotosite
Lino Villaventura Credits: Ze Takahashi/Agência Fotosite

Depois de anos em que a solidão e o isolamento se fez presente, a moda nesta temporada se mostrou em cores vibrantes. Poucas grifes utilizaram o preto e as cores mais fechadas. O que se viu foi uma explosão de tonalidades, como nas estampas da The Paradise; nos azuis de Apartamento 03 e Weider Silvério e nas peças masculinas da DePedro.

Os brilhos como se a vida fosse uma eterna busca pela festa, estiveram presentes em bordados elaborados, dourados em João Pimenta, no mix de ouro e prata de Walério Araújo, no couro metalizado de Patrícia Vieira, nos tecidos bordados com canutilhos de Renata Buzzo e, sempre, em Lino Villaventura, em pequenos e preciosos detalhes. A Handred também trouxe brilhos em peças com aplicação de cristais como pastilhas.

Formas, conforto e alfaiataria

Ângela Brito Credits: Ze Takahashi/Agência Fotosite
Korshi 01 Credits: Marcelo Soubhia/Agência Fotosite
Rafael Caetano Credits: Ze Takahashi/Agência Fotosite
Hist Credits: Ze Takahashi/Agência Fotosite
Helô Rocha Credits: Ze Takahashi/Agência Fotosite
Apartamento 03 Credits: Ze Takahashi/Agência Fotosite
T.A. Studio Credits: Ze Takahashi/Agência Fotosite
Rocio Canvas Credits: Ze Takahashi/Agência Fotosite

O que se percebeu foi uma moda que, se por um lado busca estar glamourosa, por outro, não abre mão do conforto conquistado nos últimos 3 anos. Formas amplas, geométricas, estilo comfy, mesmo em peças de alfaiataria estiveram nas passarelas de Angela Brito, Korshi 01, Rafael Caetano, Helô Rocha e Hist. João Pimenta trabalhou a alfaiataria em zibelina e também em tear manual. Saias, blusas, vestidos e túnicas, em quase todas as coleções mostradas tinham o efeito balonê, tão em voga nos anos 1980. Pode ser observado em Apartamento 03, T.A. Studio e Rocio Canvas.

Bordado
crochê
handmade
SPFWN56
tricô