SPFWN56 reforça a identidade brasileira por meio do feito à mão
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A edição número 56 da SPFW - São Paulo Fashion Week, que aconteceu entre os dias 8 e 12 de novembro, no Shopping Iguatemi e no Komplexo Tempo, na capital paulista, reuniu 38 marcas que apresentaram suas coleções. O calor escaldante que assola o país deixou um rastro de desconforto entre os presentes, especialmente no espaço da Mooca, com ar condicionado rarefeito e/ou inexistente. Fora os problemas estruturais e logísticos (15 quilômetros de distância separam o Shopping do espaço na Mooca, lembrando que o trânsito na capital paulista é extenuante especialmente nos horários de pico), o evento fluiu trazendo na maior parte dos desfiles um trabalho sólido e bem elaborado. Um ponto de destaque foi o reforço da identidade brasileira, vista em quase todas as coleções que apostaram no “handmade”, mesmo que em pequenos detalhes. Rendas típicas do NE, bordados, franjas, macramê e crochê estiveram debaixo dos holofotes.
Foco nas expressões da arte manual
O crochê, o macramê e o tricô vieram fortes em João Maraschin, que fez o caminho inverso (sua marca é forte no exterior e só agora ele a trouxe para o Brasil), que faz, segundo ele “um casamento entre o artesanato e o design”. O bordado aparece em peças inteiras, se transformando em estampas, assim como o macramê que tece vestidos.
O crochê é a matéria prima principal do Ateliê Mão de Mãe, que veio com uma coleção que mescla a técnica, refinada, com saias estilo godê guarda-chuva, túnicas e saias longas com aplicação de flores. Outro que faz do crochê seu ponto de partida é David Lee com a passarela repleta de cores e trabalhos de tiras de crochê em tressé, formando tops. O crochê também apareceu forte no desfile da Sou de Algodão, que trouxe um combo de estilistas trabalhando para o movimento, que incentiva o uso do algodão sustentável. Assim como as linhas e tecidos planos, o algodão veio ainda no denim, em várias peças.
A masculina De Pedro que trouxe bordados e patchwork de tecidos, em calças e camisas. O piquê de algodão veio em paletós. O designer trabalha com Arranjos Produtivos Locais no NE do Brasil, com apoio do Sebrae. A alagoana Foz trouxe rendas, bordados em canutilhos, além de bordados vazados. Utilizaram a renda Filé em vestidos, que também apareceram em crochê. As estampas nos remetiam a arte naif nordestina. Franjas de cerâmica complementaram vestidos e acessórios. Marina Bitu apresentou vestidos em pétalas de tecidos e fuxico vazados; aplicação de penas e elementos de cerâmica. Santa Resistência apresentou bordados, macramê e crochê.