Acordo Mercosul-UE oferece oportunidades para o setor de moda brasileiro
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A recente conclusão do acordo entre o Mercosul e a União Europeia (UE) representa uma oportunidade histórica para a indústria têxtil e de confecção brasileira, assim como para a indústria calçadista. O tratado, que elimina tarifas sobre 97 por cento dos bens manufaturados entre os dois blocos econômicos, abre novas portas para investimentos, exportações e crescimento sustentável dos setores.
De acordo com a 24ª edição do Relatório Têxtil Brasil 2024, editado pelo IEMI – Inteligência de Mercado, o setor têxtil brasileiro tem se consolidado como um dos maiores motores da economia nacional, com um valor de produção de 203,9 bilhões de reais. Ele emprega 1,30 milhão de pessoas e mantém mais de 25 mil unidades produtivas em operação. Com exportações de 4 bilhões de dólares em produtos têxteis, a indústria têxtil brasileira se destaca globalmente. O acordo Mercosul-UE será crucial para expandir ainda mais essas exportações, especialmente devido à eliminação de tarifas e ao melhor acesso ao mercado europeu, o segundo maior do mundo, com 500 milhões de consumidores e um PIB de 22 trilhões de dólares.
Hélvio Pompeo Madeira, presidente do Febratex Group, de feiras e eventos para o setor têxtil, destaca que o acordo permite uma maior integração das empresas brasileiras à cadeia global de valor. “Com a eliminação de barreiras tarifárias e a melhoria nas condições de comércio, nossa indústria tem a chance de alcançar novos patamares, se integrar mais ao comércio internacional e se beneficiar das inovações tecnológicas dos dois blocos”, afirma Madeira no release de divulgação.
Madeira também destaca que, além dos benefícios diretos para as empresas têxteis, o setor de feiras e eventos será um dos principais beneficiados com essa integração. “O fortalecimento do comércio e o aumento do fluxo de investimentos gerarão novas oportunidades para as feiras e eventos do setor, como a Febratex, que este ano recebeu 80 mil pessoas de diversos países, impulsionando ainda mais esse encontro fundamental para a troca de inovação e negócios internacionais”, avalia o executivo no mesmo informe. Ele ressalta que eventos serão essenciais para conectar o Brasil ao mercado global, promovendo intercâmbio de tecnologias e novas soluções para a i
A Abit - Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção, que representa mais de 25 mil empresas, desempenhou um papel fundamental nas negociações do acordo Mercosul-UE, garantindo parâmetros comerciais equilibrados por meio de uma diplomacia econômica bem-sucedida com a Euratex - European Apparel and Textile Confederation (Confederação Européia de Têxteis e Confecção). Segundo Fernando Valente Pimentel, diretor-superintendente da Abit, “o acordo entre Mercosul e União Europeia é importante para a economia nacional e abre muitas oportunidades. Estima-se um impacto positivo na criação de 300 mil postos de trabalho formais em até 10 anos, em função da ampliação do comércio. O tratado também é congruente com nossas metas de fomento e modernização industrial”, explica o diretor-superintendente no mesmo release.
Além disso, o tratado representa um marco para a bioeconomia, com o Brasil podendo explorar suas vantagens competitivas em energia limpa e na redução das emissões de gases de efeito estufa, o que também favorecerá a sustentabilidade da indústria. A convergência de normas comerciais e a segurança jurídica agregam ainda mais valor para as empresas brasileiras, especialmente no que se refere à modernização industrial e ao fortalecimento da competitividade global.
Este acordo que, segundo a Abit, é uma vitória para a indústria têxtil brasileira, promete não só expandir o mercado para os produtos do setor, mas também impulsionar a inovação, a sustentabilidade e a criação de novos postos de trabalho, com um impacto significativo para a economia do país.
Calçadistas repercutem acordo
O acordo prevê também a desgravação dos impostos atualmente pagos pelo calçado brasileiro importado nos países do bloco europeu ao longo de 10 anos. Hoje, os calçados comercializados pelo Brasil com a UE pagam tarifas de importação entre 3,5 por cento e 17 por cento.
Segundo o presidente-executivo da Abicalçados - Associação Brasileira das Indústrias de Calçados, Haroldo Ferreira, o mercado europeu é fundamental para as exportações de calçados do Brasil e deverá ser ampliado com o acordo firmado. No ano passado, foram embarcados para países do bloco 18,55 milhões de pares, que geraram 137,57 milhões de dólares.
“Certamente, esperamos um impacto importante para as exportações brasileiras, pois teremos preços mais competitivos”, avalia o executivon, destacando, ainda, o potencial da exploração de produtos sustentáveis, cada vez mais valorizados pelos consumidores europeus”, disse para o FashionUnited.
O Brasil é o maior produtor de calçados do Ocidente e quinto maior do planeta, atrás de China, Índia, Vietnã e Indonésia. Neste ano, conforme projeções da Abicalçados, devem ser produzidos mais de 890 milhões de pares, aproximadamente 15 percentuais deles exportados para mais de 160 países.
"Entendemos como oportunidade. As tarifas para componentes são altíssimas no bloco e existe uma proteção, especialmente vinda de países tradicionais produtores. Naturalmente, as tarifas do Brasil sempre foram mais "acessíveis" para componentes externos. Desta forma, entendemos que haverá uma competição mais justa, inclusive mirando mercados como Portugal e Espanha, principalmente. Os bons materiais e aquelas empresas que investiram e investem na sua competitividade no mercado externo, certamente se beneficiarão do acordo," avalia Luiz Ribas Júnior, gestor de Mercado Internacional da Assintecal, para o FashionUnited.
- O acordo Mercosul-UE elimina tarifas para 97% dos produtos manufaturados, abrindo oportunidades para o setor têxtil e calçadista brasileiro.
- Espera-se aumento das exportações brasileiras para o mercado europeu, gerando empregos e impulsionando a inovação e a sustentabilidade.
- O acordo beneficia não só empresas, mas também o setor de feiras e eventos, promovendo a integração do Brasil na cadeia global de valor.