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Análise de cenários destaca a força do mercado interno no segmento calçadista

By Marta De Divitiis

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Negócios

Credits: Jacek Dylag/Unsplash

Na terça-feira (10) a Abicalçados - Associação Brasileira das Indústrias de Calçados -realizou a segunda edição da análise dos cenários de 2023, de forma online. Marcos Lélis, doutor em Economia ao lado de Priscila Linck, coordenadora de Inteligência de Mercado da entidade, fizeram uma análise macroeconômica e do mercado de calçados. Segundo eles, embora o ano passado as exportações calçadistas tenham sido responsáveis pelo crescimento do setor, este ano o mercado doméstico está à frente, impulsionando o segmento.

Lélis identificou que o PIB - Produto Interno Bruto - mundial deve crescer apenas 3 por cento em 2023, sendo que o PIB americano crescerá menos 1,8 percentuais e o argentino cairá aproximadamente 2,5 por cento (nossos principais compradores de calçados). Segundo o doutor, a instabilidade do mercado internacional somado à concorrência asiática vem tirando pontos da indústria calçadista nacional.

Por outro lado desde o segundo trimestre do ano, estamos observando um aumento do consumo das famílias no Brasil e consequentemente um aumento no consumo de calçados. De acordo com o especialista a queda da inflação e o aumento de empregos com carteira assinada são os principais responsáveis pelos números mais animadores, que não estão crescendo mais devido ao alto endividamento ainda existente ( a inadimplência chegou a mais de 71 milhões de pessoas no país).

Segundo Lélis, a economia brasileira deve crescer em 2023, na casa de 2,9 percentuais, muito embalada pelo crescimento da agropecuária no primeiro trimestre do ano, além do aumento do consumo doméstico, mas isso necessariamente não quer dizer ganhos mais significativos para a indústria nacional.

Marcos Lélis e Priscila Linck Credits: cortesia Abicalçados

Mercado de calçados

Após a análise de Lélis, Priscila Linck falou sobre o mercado de calçados, que produziu 543,8 milhões de pares até agosto deste ano, um incremento de 0,1 por cento sobre o mesmo período de 2022. Os níveis produtivos da indústria calçadista estão 7 por cento abaixo dos registrados em 2019, na pré-pandemia. Para 2023, a projeção da Abicalçados é de um incremento de até 1,7 por cento na produção, o que significa mais de 860 milhões de pares. Já para 2024, Priscila projeta um crescimento entre 1,5 e 2,8 percentuais na produção, o que significa aproximadamente 870 milhões de pares de calçados.

“O crescimento do consumo interno deve ficar entre 3 e 3,4 percentuais, enquanto as exportações devem cair em torno de 9 por cento. Para 2024, o comportamento de desaceleração no mercado externo deve se manter, de modo que o crescimento dependerá, assim como em 2023, do mercado interno brasileiro. O incremento do consumo doméstico, em 2024, deve ficar na faixa de 2,6 a 3,1 por cento, enquanto as exportações, em pares, ficam mais instáveis, tendo uma faixa que vai de queda de 4,7 percentuais a um incremento de 0,9 por cento”, falou.

Credits: Andy Li/Unsplash

Exportações asiáticas prejudicam a performance nacional

Após o fechamento do mercado devido ao Covid 19, a China e a Ásia de modo geral vêm ganhando espaço nas exportações e esse retorno vem prejudicando a performance da indústria calçadista nacional no cenário internacional. Entre janeiro e agosto de 2023, a China exportou 6,1 bilhões de pares. Apesar da retração de 3,9 por cento nos embarques, ante o ano anterior, a China vem recompondo sua participação de mercado, na medida em que a queda das exportações do país é inferior à queda dos demais exportadores, caso do Brasil. Os preços asiáticos foram favorecidos também pela normalização do preço dos fretes.

Paralelamente ao retorno da China ao mercado internacional, Priscila destacou a queda de 32,2 por cento nas importações norte-americanas de calçados. “Neste cenário, as importações de calçados brasileiros caíram ainda mais, 51,2 percentuais. Já as importações de calçados chineses caíram menos, 30,8 por cento. O fato demonstra uma perda na participação do calçado brasileiro e um aumento da presença chinesa. Movimento que também ocorreu na Argentina, onde o Brasil perdeu quase 10 percentuais de participação entre janeiro e agosto, participação proporcionalmente ganha pelos asiáticos”, disse.

Aumento das importações

No Brasil, o aumento das importações de calçados também preocupa. Entre janeiro e setembro, entraram no Brasil 23 milhões de pares, pelos quais foram pagos 348 milhões de dólares, incrementos tanto em volume (+13,4 por cento) quanto em receita (+28,2 percentuais) em relação ao mesmo período do ano passado. As principais origens seguem sendo os países asiáticos, que respondem por mais de 85 por cento do total de calçados que entram no país. “Além do aumento das importações, temos o incremento do "cross border" realizado pelas plataformas internacionais, hoje isentas de impostos em remessas de até 50,0 dólares o que afeta diretamente a produção brasileira”, concluiu Priscila.

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