Confecções e varejo de moda em Petrópolis sofrem devido às enchentes
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A chuva torrencial que caiu no último fim de semana em Petrópolis, RJ, colocou em risco uma das principais atividades da cidade, famosa pelo número de confecções e varejo de moda. Ainda se recuperando das chuvas de 15 de fevereiro, empresários e trabalhadores do ramo do vestuário se viram subitamente de volta à estaca zero. Segundo Jorge Luiz Mussel, presidente do STIV - Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Vestuário de Petrópolis disse com exclusividade ao FashionUnited, o prejuízo remonta a aproximadamente mais de 40 milhões de reais. “Muitas confecções e facções que estavam se reerguendo, acabaram perdendo tudo, inclusive as máquinas, no último fim de semana,”explicou.
Charmosa cidade serrana, Petrópolis conta com aproximadamente 600 empresas, que geram por volta de 10 mil empregos. Além das confecções, há facções que são terceirizadas pelas empresas. Uma das ruas mais famosas da cidade, a rua Teresa, é considerada o maior shopping a céu aberto, com cerca de 1200 lojas. No Morro da Oficina, um dos mais atingidos pelos deslizamentos, havia muitas costureiras e empresas de estamparia, segundo Mussel.
Empréstimos bancários
De acordo com a Fecomércio - Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo - o Governo do Estado do Rio de Janeiro criou duas linhas de crédito, financiadas pela AgeRio - Agência Estadual de Fomento: para micro, pequenos e médios empresários: uma de R$ 5 mil a R$ 50 mil e outra de R$ 50 a R$ 500 mil, justamente para atender as necessidades de se reerguer. Segundo a entidade, 500 negócios locais foram aprovados, mas até agora poucos obtiveram o benefício. O presidente do Sindcon - Sindicato das Indústrias de Confecções de Petrópolis, Addison Freitas Meneses, falou ao FashionUnited que a maioria das confecções ainda estão aguardando as verbas prometidas. Segundo o executivo quando as verbas chegam aos bancos, muitas vezes os pequenos empresários, que mais necessitam, acabam sendo preteridos por outros clientes do banco e ficam sem o empréstimo.
Incerteza e união
Meneses conta que, apesar de todos estarem unidos e trabalhando muito para reorganizar a cidade e se restabelecer, as dificuldades são muito grandes. Há problemas os mais variados, desde de realocação das pessoas, o medo e a insegurança gerada pela tragédia e a necessidade da cidade voltar a produzir.
A rua Teresa, depois do temporal da semana passada, está comprometida e muitos comerciantes e confeccionistas lá estabelecidos estão à procura de um novo local para ficar. O centro da cidade, que já tinha reaberto o comércio, ficou completamente alagado após o último temporal. “Moro em Petrópolis desde criança, já vi muitos alagamentos, mas nada que se compare a intensidade desse ano,”conta Meneses.
Apesar de toda dificuldade a resiliência dos moradores da cidade é muito grande e agora, de acordo com o executivo, os sindicatos das indústrias e dos trabalhadores estão unidos e buscando auxílio governamental para poder colocar em prática algumas ideias como a de uma cooperativa de trabalhadores. “Estamos agendando uma reunião com um deputado e um vereador, para poder viabilizar essa possibilidade,” conclui.
Fotos: Reza Shayestehpour/Unsplash; Pepi Stojanovski/Unsplash e Hannah Busing/Unsplash