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Exportações aumentam - mas cresce o déficit da balança comercial do setor têxtil e de confecção em 2022

By Marta De Divitiis

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Negócios

Foto: Ellis Garvey/Unsplash

Apesar das exportações do segmento têxtil e de confecção terem crescido 7,53 por cento em 2022 (comparado ao ano anterior), passando de 1,06 bilhão de dólares para 1,14 bilhão de dólares, de acordo com a Abit - Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção, o deficit da balança comercial foi de 4,79 bilhões de dólares. Estas informações tiveram base em dados do Ministério da Fazenda, segundo nota da entidade.

As importações aumentaram 15,07 percentuais, caminhando de 5,16 bilhões de dólares para 5,94 bilhões de dólares. O déficit da balança comercial fechou o ano 17,03 por cento maior do que no exercício anterior, quando foi de 4,09 bilhões de dólares.

Segundo Fernando Pimentel, diretor-superintendente da Abit, “esse aumento das importações é preocupante, uma vez que o mundo está enfrentando um quadro difícil, com algumas economias crescendo muito menos ou com risco de entrar em recessão e isso pode gerar desvio de comércio, para vir para o nosso mercado, ocupando fatias da produção brasileira e gerando dificuldades para mantermos os trabalhadores e, mais do que isso, criarmos novos postos de trabalho.”

Ainda conforme Pimentel falou ao FashionUnited, a Abit não é contra o comércio internacional, desde que este comercio seja leal e siga as regras de uma competição justa. “Nesse sentido a Abit faz um trabalho extraordinário combatendo ilegalidades que possam existir nessa agenda de importação advinda de países que não têm marcos legais parecidos com os nossos”, justifica.

Foto: Mnz/Unsplash

Necessidade de ganho de competitividade do produto brasileiro

Pimentel ressalta que a capacidade que o país tem de aumentar as exportação passa pela necessidade de ganhar mais competitividade e, para tanto, é preciso reduzir o chamado custo Brasil. Segundo a Abit esse custo envolve aproximadamente 1,5 trilhão de reais a mais por ano, quando comparados com a média dos países da OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. “Temos uma desvantagem muito grande com os competidores internacionais, principalmente os localizados na Ásia; isso é resultado do Brasil ter custos que estes países não tem e é um peso que o empreendedor tem que carregar e acaba perdendo competitividade no mercado mundial que é uma arena super disputada”, explica. “Esse empreendedor acaba perdendo competitividade também no mercado local, abrindo espaço para as importações”, completa.

"Outros fatores também nos afetam como a falta de acordos internacionais com blocos econômicos de grande porte, dificulta a nossa colocação de produtos têxteis nos mercados mundiais, principalmente nos países desenvolvidos,” diz o diretor-superintendente. Pimentel cita como exemplo o México, que tem plataformas produtivas relevantes e que exporta muito para os EUA e tem se beneficiado destas mudanças de fluxo de comércio e localizações industriais por conta das tensões geo-políticas. “Uma calça jeans brasileira para entrar nos EUA paga 17 por cento de imposto de importação e uma calça jeans fabricada no México custa zero, uma diferença brutal num mercado extremamente disputado”, exemplifica.

Foto: Keagan Henman/Unsplash

Produtos chineses e indianos predominam nas importações

A China teve influência relevante no saldo negativo da balança comercial setorial, representando 58,4 por cento das importações brasileiras, com um valor de 3,57 bilhões de dólares, 28,11 percentuais maior do que em 2021. A segunda colocada, mas com um montante significativamente menor, é a Índia (317,54 milhões de dólares). Seguem-se na relação dos 10 maiores fornecedores estrangeiros para o Brasil, Paraguai, Estados Unidos, Vietnã, Bangladesh, Indonésia, Turquia, Israel e Argentina.

Somente a balança comercial relativa à China representou déficit de 3,44 bilhões de dólares para a indústria têxtil e de confecção brasileira. Os números demonstram o peso das relações comerciais setoriais com o país asiático.

Argentina é o principal destino dos produtos têxteis exportados no Brasil

Quanto às exportações, que vêm crescendo gradativamente, a Argentina foi a principal compradora em 2022, com 281,20 milhões de dólares. Na relação dos 10 principais destinos seguem-se o Paraguai, Estados Unidos, Colômbia, Uruguai, Peru, México, Chile, China e Equador, de acordo com os dados da Abit baseados nas informações do Ministério da Fazenda.

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