Indústria calçadista brasileira procura se expandir
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Conforme dados coletados pela Abicalçados – Associação Brasileira das Indústrias de Calçados - entre janeiro e outubro de 2025, as exportações somaram 87,3 milhões de pares rendendo 819,4 milhões de dólares, significando um incremento de 7,5 por cento em volume e queda de 1 percentual em dólares em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo o presidente executivo da entidade, Haroldo Ferreira, o desafio às exportações para os Estados Unidos, em virtude do tarifaço aos produtos brasileiros, tem sido amenizado com o aumento dos embarques para países da América Latina.
Durante a 5ª edição da BFShow, entre 10 e 12 de novembro, na capital paulista, FashionUnited entrevistou executivos de exportação de várias marcas, entre calçados infantis, femininos e masculinos. Por enquanto a América Latina lidera o ranking de exportação, que tem ainda no Oriente Médio, países do Leste Europeu e da África mercados potenciais.
Calçados infantis: itens de valor agregado em lojas multimarcas e licenciadas
Tecnologia de ponta, agilidade estratégica e atemporalidade são atributos que fazem os calçados infantis ampliarem as vendas para países os mais diversos, tendo na América Latina, seu principal mercado.
Andrea Kohlrausch, presidente da Bibi, comemora a abertura de uma loja licenciada em Angola e as 10 presentes no Equador. “Abriremos a primeira loja Bibi no Paraguai e seguiremos investindo. Estamos apostando fortemente na área de sustentabilidade para reaproveitar 100 por cento de resíduos, o que com certeza irá impactar favoravelmente as vendas internacionais. Assim nossa expectativa, tanto para o fim do ano com Black Friday e Natal, como para 2026 é bastante positiva”, diz a executiva.
Já a Kidy, de acordo com o diretor Ricardo Garcia está crescendo numa margem de 35 por cento na exportação, fruto de uma reformulação de produtos, agora com mais atrativos e uma estratégia de vendas mais focada. “Estamos buscando países onde não estávamos atuando. Hoje a Kidy está presente em toda a América Latina, sendo que voltamos a vender para a Argentina devido a sua nova política, mas estamos atingindo também o Leste Europeu, Emirados árabes e norte da África”, explica Garcia.
Silvana Silveira, responsável pela exportação dos calçados infantis femininos Pampili, conta que a marca está presente em todos os continentes, em 30 países. “Temos maturidade de exportação; estamos há mais de 15 anos na Coreia do Sul, estamos fortes no Oriente médio, alavancados por Israel e agora estamos entrando no mercado egípcio. Desde o início de nossa exportação, que começou três décadas atrás, a América Latina é forte, e nosso principal desafio é a internacionalização da marca, criando conexão com os consumidores,” justifica. Abriram a primeira loja licenciada em Quito, no Equador, com boa performance de vendas. “É um projeto piloto, por enquanto,” diz Silvana. Exportam em torno de 12 por cento da produção. 2025 atingiram um crescimento de 10 percentuais. “Abrimos novas praças em países como Japão e Canadá, que nos colocam como vitrine do mundo. Nossa identidade e conexão emocional da marca faz dela sucesso, pois percebemos que existe uma busca de identidade única, o que a Pampili tem”, finaliza.
Femininos e masculinos: América Latina lidera as exportações
Apesar do tarifaço aplicado por Donald Trump ter impactado as vendas aos norte-americanos, a América Latina segue crescendo nas exportações, suprindo, de certa forma a lacuna deixada pela terra do Tio Sam. Mas por meio de participação em feiras internacionais, as marcas tem obtido sucesso na entrada de novos mercados, como o Leste Europeu, o Oriente Médio e até países asiáticos.
Rafael Kauer, da Bottero, calçadista com foco nos calçados femininos, conta que na exportação os EUA tinham participação relevante, prejudicada pelo tarifaço de Trump. Apesar disso, os volumes embarcados durante o ano foram bons, exportando para aproximadamente 60 países, sendo que a América Latina corresponde à maioria. No entanto, a empresa atua também nos mercados da Europa, África e Oriente Médio.
Outra marca feminina, a Usaflex, apoiada em sua tecnologia própria de conforto, exporta para mais de 60 países. Ramon Bourscheidt, gerente de exportação, confirma que há atualmente 36 lojas licenciadas fora do país, concentradas na América Latina, seu principal mercado. “Este ano tivemos boas oportunidades na Europa abrindo vendas na Hungria, Alemanha e Reino Unido”. A Argentina é muito importante para a marca sendo que estão abrindo a primeira shop in shop em Rosário e há todo um projeto que engloba Colômbia, Peru e Chile. Contam com 9 lojas licenciadas no Equador. “Nossa ideia é abrir 42 lojas licenciadas no exterior no ano que vem; pretendemos estar com 50 novas lojas no exterior nos próximos 3 anos. Além disso buscamos capilaridade de mercado. Na Ásia, famosa por produzir seus calçados vendemos Usaflex para a Malásia, Indonésia, Cingapura e Hong Kong, este último mercado, aberto esse ano. A exportação representa 10 por cento do que é produzido na empresa”, avalia Bourscheidt.
Nati Falleiros, que atua no marketing da Ferraccini, de calçados masculinos, explica que a marca está presente em mais de 40 países, representando 15 percentuais da produção. Thânia Fileto, gerente de exportação, diz que 2025 foi bem desafiador mas, mesmo assim, abriram novos países superando o que viabilizaram para o ano. Pretendem crescer 7 por cento em 2026 com 4 países a mais. A América Latina responde pela maior parte dos embarques, sendo que no Chile há 40 lojas Ferraccini licenciadas. “Trabalhamos com todos os países da América Latina, exceto Colômbia e Venezuela”, explica Thânia.
- As exportações brasileiras de calçados cresceram 7,5% em volume, mas caíram 1% em dólares entre janeiro e outubro de 2025, com a América Latina compensando os desafios tarifários dos EUA.
- Marcas de calçados infantis, femininos e masculinos estão expandindo para novos mercados como Leste Europeu, Oriente Médio, África e Ásia, utilizando estratégias como lojas licenciadas, tecnologia e sustentabilidade.
- A América Latina permanece como o principal mercado para as exportações de calçados brasileiros, com empresas planejando investimentos significativos na região e em novos países para impulsionar o crescimento em 2026.