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Indústria calçadista tem o pior outubro da última década – efeitos do tarifaço

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Fábrica de calçados Credits: Abicalçados
By Marta De Divitiis

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Dados coletados pela Abicalçados - Associação Brasileira das Indústrias de Calçados, com base nos números divulgados pelo TEM – Ministério do Trabalho e Emprego - registram que o setor perdeu 1,65 mil postos de trabalho apenas em outubro, pior resultado para esse mês em uma década. Com o resultado, o estoque total de emprego fechou o mês de outubro em 294,22 mil pessoas empregadas diretamente na atividade, retração de 0,6 por ento em comparação ao mesmo período do ano passado, revertendo um cenário de crescimento.

Haroldo Ferreira, presidente-executivo da Abicalçados, destaca que o dado eleva a preocupação quanto aos efeitos da política tarifária dos Estados Unidos, uma vez que a tarifa adicional de 50 percentuais segue vigente sobre os calçados brasileiros embarcados ao destino. “Entre os estados que mais perderam postos de trabalho estão o Rio Grande do Sul e São Paulo, os dois principais exportadores de calçados para os Estados Unidos, de onde originam-se cerca de 80 percentuais dos envios àquele país”, avalia num comunicado.

“A manutenção da vigência da medida ao final deste ano já compromete os embarques da próxima temporada. Não ocorrendo a retirada do calçado da lista de produtos sobretaxados pelos Estados Unidos ainda em 2025, a Abicalçados estima um risco de perda de 8 mil postos de trabalho diretos na indústria calçadista em 2026”, alerta o dirigente, que está em constante interlocução com o Governo Federal enfatizando a necessidade de célere conclusão das negociações bilaterais.

Estados mais prejudicados

O estado que mais emprega no setor calçadista brasileiro é o Rio Grande do Sul, que perdeu 910 postos de trabalho somente em outubro. Dois terços das perdas estão concentradas nos polos do Vale do Rio dos Sinos e do Vale do Paranhana-Encosta da Serra, principais localidades empregadoras do setor no estado. Nos últimos três meses, período de vigência da medida tarifária dos Estados Unidos, o estado perdeu 1,83 mil postos, encerrando outubro com estoque de 80,63 mil vagas preenchidas diretamente na atividade, patamar 4,8 por cento inferior ao mesmo período do ano passado.

São Paulo fechou 152 postos de trabalho no mês de outubro, quase 80 percentuais destes localizados no polo de Franca, onde o setor é o principal segmento empregador e tem nos Estados Unidos seu principal destino. O estado encerrou outubro com estoque de 33,53 mil empregos diretos na indústria calçadista, patamar 1,6 por cento inferior ao mesmo período de 2024.

Em resumo
  • O setor calçadista brasileiro registrou a perda de 1,65 mil postos de trabalho em outubro, o pior resultado para o mês em uma década, revertendo um cenário de crescimento.
  • A retração é atribuída à política alfandegária dos Estados Unidos, que impõe uma tarifa adicional de 50% sobre os calçados brasileiros, afetando principalmente estados exportadores como Rio Grande do Sul e São Paulo.
  • A Abicalçados alerta para o risco de perda de 8 mil empregos diretos em 2026 se as tarifas não forem retiradas, enfatizando a urgência de negociações bilaterais com o Governo Federal.
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