Kering: vendas caem 14 por cento no primeiro trimestre - impactadas pela Gucci

Paris - O grupo de luxo Kering, ainda pressionado pela sua marca principal, a Gucci, anunciou, na quarta-feira, uma queda de 14 por cento nas vendas, fixando-se nos 3,88 milhões de euros no primeiro trimestre de 2025, e "redobra a sua vigilância para ultrapassar as turbulências macroeconômicas".

"Como tínhamos previsto, a Kering enfrentou um início de ano difícil", declarou o seu CEO, François-Henri Pinault, citado num comunicado. "Estamos redobrando nossa vigilância para superar as turbulências macroeconômicas que afetam a nossa indústria e estou convencido de que sairemos mais fortes da situação atual", acrescenta.

No que diz respeito às taxas alfandegárias americanas, "consideramos que temos a capacidade de proteger as nossas margens através de aumentos de preços", destacou a diretora financeira Armelle Poulou durante uma conversa com jornalistas.

"Enormes incertezas"

"Atualmente, ainda existem enormes incertezas, pelo que estamos trabalhando nisso", acrescentou. Durante o primeiro trimestre, o volume de negócios da Gucci caiu 24 percentuais para 1,57 bilhão de euros. "A Gucci continua trabalhando no reforço e na renovação da sua oferta, com uma boa recepção das novas linhas de bolsas", garante a Kering.

Em meados de março, o grupo anunciou a nomeação do designer Demna Gvasalia, proveniente da Balenciaga e escolhido como novo diretor artístico da Gucci para substituir Sabato de Sarno, que permaneceu apenas dois anos no cargo. Uma decisão que não agradou aos mercados, com a ação da Kering recuando 11 por cento no dia seguinte.

"Porque é que a Kering contratou um talento externo para, no final, regressar a uma solução interna após dois anos?", questionou o banco HSBC no final de março. Sabato de Sarno, que assumiu a liderança da direção criativa da Gucci após a saída de Alessandro Michele no final de 2022, tinha como missão reconstruir os fundamentos da marca, reencontrar a sua herança. A Kering decidiu que, após dois anos, era altura de injetar novamente mais criatividade.

"Esta abordagem parece, no entanto, um pouco contra intuitiva, tendo em conta a habitual vontade da direção de limitar os ciclos erráticos das marcas", segundo o HSBC. Demna não vai "recomeçar do zero", segundo Francesca Bellitini, diretora-geral "nestes últimos dois anos, temos trabalhado nas fundações da marca e melhorado os nossos processos e a qualidade dos nossos produtos", explicou, na quarta-feira, durante uma conversa com os analistas à margem dos resultados do primeiro trimestre.

"Mas, como todos sabem, o sucesso da Gucci manifesta-se quando a tradição se conjuga com uma autoridade de moda assegurada. Vamos, portanto, prosseguir nesta linha e não vamos recomeçar do zero. Absolutamente não", disse.

Vendas da Yves Saint Laurent diminuem

As vendas da Yves Saint Laurent caíram 8 por cento, para 679 milhões de euros, enquanto as da Bottega Veneta aumentaram 4 percentuais, para 405 milhões de euros. As vendas das "outras marcas" (Balenciaga, Alexander McQueen...) recuaram 11 por cento, para 733 milhões de euros.

O volume de negócios da Kering Eyewear atingiu 476 milhões de euros e cresceu 4 percentuais, "impulsionado pelo desempenho da Europa e pela categoria Óptica". Nesta divisão, a Kering Beauté "realiza um volume de negócios de 71 milhões de euros, um aumento de 6 por cento em termos comparáveis", segundo o comunicado. Geograficamente, a queda é particularmente acentuada na Ásia-Pacífico (-25 por cento), "em linha" com o quarto trimestre, especifica a Kering.

Durante a assembleia geral de quinta-feira, será proposta a "renovação do mandato de François-Henri Pinault como administrador". Questionado em fevereiro pela imprensa sobre se o CEO da Kering, que colocou "uma equipe de choque" à frente do grupo, não desejava consagrar-se mais à holding familiar Artémis, François-Henri Pinault tinha respondido que "não está na ordem do dia hoje, não".

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