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Marca mineira Cerra D’Ouro leva sustentabilidade para o mercado das joias

By Marta De Divitiis

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Negócios

De acordo com o “Panorama do Consumo Consciente no Brasil: desafios, barreiras e motivações”, elaborado em 2018 pelo Instituto Akatu - ONG voltada para a conscientização e mobilização da sociedade para o consumo consciente - um dos atributos que influenciam o consumidor na hora da compra é a proteção ao meio ambiente. E é justamente dentro desse cenário, de preservação ambiental e sustentabilidade, que se enquadra a Cerra D’Ouro, empresa de biojoias sediada em Lagoa Santa, MG.

Em sistema de parceria, Claudia Lima e sua filha Gabriela, designer, se associaram ao biólogo Euler Vilaça Lima, que desenvolveu um processo de metalização de flores e frutos da região, a qual fica no chamado Cerrado Mineiro, região que compreende 55 municípios no Noroeste do estado de Minas Gerais.

Tudo começou quando Claudia, que fazia peças artesanais em feltro e cristais, participou de um curso no Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – de artesanato, no qual foi enfatizada a importância do artesão buscar na sua própria história a inspiração para seu trabalho. “Lembrei-me então de uma biojoia que tive quando criança e que perdi, me causando muita tristeza,” diz Claudia. “Foi então que minha filha deu a ideia de trabalharmos com esse tipo de joia“, explica.

“Nós mesmos buscamos flores, frutos, folhas e galhos que caem das árvores no fim de seu ciclo de vida em nosso quintal e nas ruas, pois moramos num local com a natureza exuberante”, explica Claudia. O processo criado ao longo de meses por Vilaça Lima devolve o metal residual ao tanque, para não provocar impacto ao meio ambiente. “Custei a encontrar uma forma de preservar o máximo das características da peça coletada, respeitando a fase e o movimento da planta”, conta o biólogo. O resultado são peças delicadas e únicas. As flores são banhadas em metal, depois em ouro branco, ouro amarelo ou cobre e se transformam em belas peças de design.

O processo criativo se dá a partir de pesquisa sobre o tema, o bioma, a divulgação da região e a perpetuação de valores. “Não arrancamos flores ou folhas, colhemos quando elas caem. Para nós, é mais interessante quando ela está comida por algum bichinho, quebrada ou murcha e retorcida, especialmente por ser única e, ao mesmo tempo, ter uma história, o que para nós é muito especial”, conta Claudia.

Do quintal ao showroom na Europa

A marca, que tem cinco anos de existência foi, ao longo desse período sendo aperfeiçoada. Entre as dificuldades apontadas estava como desenvolver a produção, a forma correta de divulgação, a concorrência com o mercado de joias chinesas e até a mudança de comportamento do consumidor, cada vez mais exigente em relação ao meio ambiente e à qualidade dos produtos, sem contar o contexto econômico brasileiro desfavorável. Cada uma delas foi sendo resolvida aos poucos, por meio de estudos, cursos e eventos.

A participação em várias feiras fez e ainda faz parte do processo de desenvolvimento e reforço institucional da marca. Além de feiras regionais como a Feira Nacional de Artesanato em MG, a Babilonia Feira Hype no RJ e a Quermesse da Mary Design em MG, participaram também do Minas Trend Preview, organizado pela Fiemg – Federação das Indústrias de Minas Gerais, do Sindijoias e Sebrae. O Inspiramais, a Cartel 21 e o SPFW, este último na loja do evento, foram outros espaços em que estiveram presentes, além da Tranoi em Paris, França.

Já durante o Minas Trend, com o estande bem alinhado à identidade da marca, a Cerra D'Ouro atraiu o interesse de compradores internacionais e recebeu o convite para participar do showroom Senato13 em Milão, Itália. A revista Vogue inglesa também se interessou pela marca através das redes sociais: a Cerra D'Ouro foi convidada para participar de um editorial sobre joias extraordinárias. Já participaram de cinco edições da revista desde então. “Para nós foi um sonho realizado, inacreditável”, explica Vilaça Lima.

Na última edição do Inspiramais em maio, em São Paulo, a Cerra D’Ouro trouxe mais uma novidade: uma coleção em que papéis usados foram metalizados e transformados em joias. Foram utilizados resíduos de papeis gerados na produção. “Estamos assim caminhando e expandindo nosso ideal sustentável,” explica Cláudia, que complementa dizendo que pretendem manter essa linha ativa por demanda.

Cada coleção semestral conta com 100 a 150 peças, embora a capacidade de produção seja de mil peças mensais. Os três sócios pretendem expandir o atelier e ter uma loja própria, além de aumentar a difusão internacional. Por enquanto, além do showroom italiano as peças são vendidas via e-commerce e redes sociais.

Fotos: cortesia Cerra D’Ouro/Divulgação
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