Mês de novembro e os efeitos do tarifaço: caem as exportações calçadistas e aumentam as importações
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Os efeitos do tarifaço de Trump agravam a situação das indústrias calçadistas brasileiras. Segundo registrou a Abicalçados - Associação Brasileira das Indústrias de Calçados -, com base nos números da Secex – Secretaria do Comércio Exterior (Governo Federal) - , em novembro as exportações somaram 6,92 milhões de pares e 65,82 milhões de dólares, quedas tanto em volume (-17,7 por cento) quanto em receita (-13,3 percentuais) em relação ao mesmo mês do ano passado. No acumulado dos 11 meses de 2025, foram embarcados 94,2 milhões de pares, que geraram 885,26 milhões de dólares, incremento de 5,1 por cento em volume e queda de 2 percentuais em receita ante o mesmo período de 2024.
Conforme avalia o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, o revés em novembro reflete a intensificação do impacto da tarifa adicional aplicada pelos Estados Unidos sobre os calçados brasileiros. “Principal destino internacional do calçado brasileiro, respondendo por mais de 20 por cento das receitas geradas pelas exportações, os norte-americanos têm grande impacto na nossa balança comercial. Ao mesmo tempo em que há retração nas exportações, o desvio de comércio desencadeado pela política estadunidense alavanca as importações de calçados”, diz.
A queda dos embarques para a Argentina é o segundo motivo apontado, resultado da desaceleração do consumo e do acirramento da concorrência internacional no mercado. A Argentina é o segundo destino internacional do calçado brasileiro, respondendo por 20 percentuais do total gerado pelos embarques.
Em novembro, foram embarcados, para os Estados Unidos, 497,65 mil pares por 10,84 milhões de dólares, representado queda de volume (-48,8 por cento) e receita (-44,6 percentuais) em relação ao mesmo mês de 2024. Já no acumulado dos 11 meses, as exportações para os Estados Unidos foram de 9,43 milhões de pares somando 198,45 milhões de dólares, aumento de 1,5 por cento em volume e queda de 0,5 percentuais em receita ante o período correspondente do ano passado. “Nos quatro meses de vigência da sobretaxa, os volumes embarcados aos Estados Unidos acumulam queda de 23,4 por cento, resultado que corroeu o crescimento dos sete primeiros meses do ano”, acrescenta Ferreira.
Já a Argentina recebeu em novembro, 551,75 mil pares brasileiros pagando 5,6 milhões de dólares, representando quedas tanto em volume (-56,7 por cento) quanto em receita (-63,8 percentuais) em relação ao mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano, as exportações brasileiras para a Argentina foram de 13,28 milhões de pares e 175,2 milhões de dólares, incremento de 10,5 por cento em volume e queda de 9,2 percentuais em receita na relação com o mesmo intervalo de 2024.
O Paraguai, terceiro maior destino de nossos calçados, receberam em novembro, 818,26 mil pares, que geraram 5 milhões de dólares, queda de 6,6 por cento em volume e aumento de 33,3 percentuais em receita em relação ao mesmo mês do ano passado. Já no acumulado, as exportações para o Paraguai somaram 8,95 milhões de pares e 44,3 milhões de dólares, incrementos de 14,7 por cento e de 9,3 percentuais, respectivamente, ante o mesmo ínterim de 2024.
Importações ganham impulso
De acordo com Ferreira “em 11 meses as importações já superam em mais de 10 por cento a totalidade das importações do ano passado.” Só no mês de novembro, entraram no Brasil 3 milhões de pares, pelos quais foram pagos 42,82 milhões de dólares, significando um aumento de 7 por cento em volume e queda de 1 percentual em receita na relação com o mesmo período de 2024, indicando também redução dos preços médios. No acumulado, as importações somaram 39,62 milhões de pares e 528 milhões de dólares, incrementos tanto em volume (+21,5 por cento) quanto em receita (+21,4 percentuais) em relação ao mesmo intervalo do ano passado, alcançando o maior volume de toda a série histórica, iniciada em 1997.
As principais origens das importações continuam sendo os países asiáticos, responsáveis por 88 por cento das importações. Em novembro, foram importados do Vietnã 1 milhão de pares por 23,64 milhões de dólares, aumentos de 2,6 por cento e de 7,5 percentuais em relação ao mesmo intervalo do ano passado. Já no acumulado, foram importados 13 milhões de pares vietnamitas, pelos quais foram pagos 256,8 milhões de dólares, incrementos tanto em volume (+18,3 por cento) quanto em receita (+24 percentuais) em relação ao mesmo ínterim de 2024.
Em novembro, foram importados da China 702,7 mil pares por 3,13 milhões de dólares, significando um aumento de 17,6 e de 6,5 por cento, respectivamente, ante o mês 11 do ano passado. Já no acumulado, foram importados do gigante asiático 9,77 milhões de pares por 42,47 milhões de dólares, altas tanto em volume (+9 por cento) quanto em receita (+17 percentuais) em relação ao mesmo intervalo de 2024.
Fechando o ranking da proveniência de itens asiáticos, a Indonésia. Em novembro, foram importados de lá 505,73 mil pares, pelos quais foram pagos 8,68 milhões de dólares, quedas de 4,9 e de 6,8 percentuais, respectivamente, ante o mesmo mês de 2024. Já no acumulado, foram comprados do país asiático 8,3 milhões de pares por 129 milhões de dólares, crescimento tanto em volume (+38,7 por cento) quanto em receita (+32,7 percentuais) em relação ao mesmo período do ano passado.
Em partes de calçados - cabedais, saltos, solados, palmilhas etc -, as importações do acumulado do ano já chegaram a 40,68 milhões de dólares, 24,4 por cento mais do que no mesmo período de 2024. As principais origens foram China, Paraguai e Vietnã.
- As exportações brasileiras de calçados caíram em novembro de 2025, com a Abicalçados atribuindo a retração à intensificação das tarifas adicionais aplicadas pelos Estados Unidos, principal destino.
- A desaceleração do consumo e o acirramento da concorrência na Argentina, o segundo maior mercado, também foram fatores-chave para a diminuição dos embarques de calçados brasileiros.
- As importações de calçados no Brasil registraram um crescimento expressivo, superando o total do ano anterior em 11 meses e atingindo o maior volume da série histórica, impulsionadas principalmente por países asiáticos.