Para evitar críticas, marcas de luxo contratam especialistas em diversidade e inclusão
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A Chanel acaba de criar um novo cargo para aumentar a diversidade dentro da empresa e evitar cometer gafes que ofendam as pessoas por razões como gênero, raça, religião e sexualidade. Segundo a publicação americana Business of Fashion, Fiona Pargeter foi contratada pela maison francesa para ocupar o recém-criado posto de Diretora de Diversidade & Inclusão.
Pargeter ocupava um cargo similar no banco suíço UBS, empresa onde trabalhou por quase 20 anos, de acordo com seu perfil no Linkedin. Ela começou a se dedicar às questões de diversidade e inclusão dentro da empresa em 2009.
De acordo com a Chanel, a contratação de Pargeter demonstra o “compromisso” da empresa com essas questões. No entanto, a grife está longe de ser reconhecida por isso. Seu diretor criativo de muitos anos, Karl Lagerfeld, o qual faleceu em fevereiro, era conhecido pelas declarações controversas, principalmente em relação às questões de gênero. “Ninguém quer ver mulheres plus size na passarela”, disse ele uma vez ao programa Le Grand 8. Comentando sobre o movimento #MeToo e seu efeito sobre a indústria da moda, Lagerfeld disse à revista Numero: “se você não quer que os outros abaixem suas calças, não siga a carreira de modelo”. Lagerfeld também despertou a ira de muitos ao se manifestar sobre as políticas de imigração de seu país natal, a Alemanha. “Não podemos, mesmo depois de décadas, matar milhões de judeus e depois trazer seus piores inimigos para ocupar seu lugar”.
Burberry, Gucci, Prada e Chanel contratam especialistas em diversidade
Parece que a morte de Lagerfeld abriu caminho para a Chanel seguir os passos de outras marcas de luxo, as quais estão tomando medidas para atender às demandas de mudança por parte de um consumidor cada vez mais consciente sobre questões sociais e ambientais. A Burberry, por exemplo, anunciou a criação de um conselho de especialistas em diversidade e de um programa de treinamento sobre o assunto para seus funcionários, após ter sido duramente criticada por uma blusa de moletom com adornos que lembravam uma corda em volta do pescoço.
Outra marca que prometeu contratar diretores de inclusão e diversidade, tanto em nível local quanto internacional, foi a Gucci, a qual foi criticada recentemente por lançar um suéter preto com a estampa de uma boca vermelha na gola. Muitos consumidores acharam que a peça lembrava a prática de blackface, quando brancos se fantasiavam de negros no teatro, no século XIX, com o intuito de fazer chacota de suas características físicas. Um chaveiro da Prada também gerou comparações ao Blackface, levando a grife italiana a criar um conselho de diversidade e inclusão liderado pelos ativistas Theaster Gates e Ava DuVernay.
A Chanel não sofreu nenhuma crítica recente, mas pesquisas apontam que os consumidores mais jovens julgam extremamente importante que as marcas tenham responsabilidade social e ambiental. Um levantamento feito pela gigante de consultoria Deloitte em 2018 revelou que, para 80 por cento dos millennials e membros da Geração Z da Austrália, Canadá, China, Índia, Reino Unido e Estados Unidos, as práticas socioambientais são um fator decisivo em seu processo de formação de opinião sobre as empresas.
Foto: Facebook da Chanel