Pronovias à venda

Madri – A Pronovias está à venda, com o objetivo de encontrar um novo sócio investidor com o compromisso e a força necessários para terminar de recuperar seu modelo de negócios prejudicado. Estruturas que seus atuais proprietários, os fundos de capital privado norte-americanos Bain Capital e Clearlake, conseguiram remendar, mas que ainda estariam afetadas após a interrupção que a irrupção da pandemia de coronavírus provocou no setor.

Adquirida pelo fundo britânico de capital privado BC Partners em 2017, no âmbito de uma operação pela qual adquiriu 90 por cento da empresa por 495 milhões de euros, deixando seu fundador, Alberto Palatchi, com os 10 por cento restantes do grupo, avaliado então em 550 milhões de euros, o modelo de negócios da Pronovias entrava em crise após o divisor de águas que a irrupção da pandemia de coronavírus em 2020 representou para o setor de moda nupcial. Momento em que a elevada dívida que a empresa carregava, como resultado da compra alavancada com a qual a BC Partners havia conseguido assumir seu controle, começou a se apresentar como um fardo excessivo que começava a impedir o grupo de responder às obrigações com seus credores.

Tentando solucionar essa situação, já em dezembro de 2022 foi anunciado um acordo de recapitalização, em função do qual se procedia à realização de uma reconversão da dívida da Pronovias em capital. Uma operação que, por um lado, permitia à empresa reduzir sua dívida de -385 para -125 milhões de euros, enquanto, por outro, as firmas de capital privado Bain Capital e MV Credit passavam a assumir o controle do grupo nupcial como novos acionistas majoritários, ocupando o lugar da BC Partners, que a partir desse momento saía totalmente do capital da Pronovias. Grupo que dava as boas-vindas como novo acionista de referência, junto à Bain Capital, ao fundo de capital privado, igualmente norte-americano, Clearlake, depois que este adquiriu a MV Credit em setembro de 2024.

Em busca de um novo dono

Partindo desta atual divisão do capital do grupo nupcial, segundo adiantou o meio generalista El Confidencial, a Bain Capital e a Clearlake teriam contratado o grupo financeiro internacional Rothschild para abordar a venda e o processo de desinvestimento de ambas as firmas de capital privado na Pronovias. Uma operação para a qual já teriam sido mantidas conversas com diferentes fundos de capital privado, assinalando-se abertamente, além disso, que entre eles está o espanhol PHI Industrial Acquisitions, dono desde 2017 do grupo valenciano de porcelanas Lladró.

Até o momento, apontam as fontes já citadas, nenhuma das conversas abertas pelo Rothschild em nome da Bain Capital e da Clearlake para acordar a venda do Grupo Pronovias teria chegado a um bom termo. Circunstância que teria levado seus atuais proprietários a começar a ajustar, para baixo, o preço de saída para sua venda; sendo este um valor sobre o qual não foram dados maiores detalhes, embora caiba pressupor que tratariam de recuperar boa parte — se não a totalidade — dos fundos que vêm sendo investidos na empresa desde a saída da BC Partners. Quantias em relação às quais contamos, em primeiro lugar, com os 211 milhões de euros que em maio de 2023, e muito acima dos 110 milhões previstos inicialmente, a Bain Capital e a MV Credit chegaram a investir como parte da ampliação de capital na qual se sustentou a recapitalização do grupo que conduziu à saída da BC Partners; fundos aos quais se somaram os 28 milhões de euros adicionais que os fundos injetaram na Pronovias em 2024.

Controlada pela Mermaid Topco, a sociedade holding através da qual a Bain Capital e a Clearlake gerenciam o capital social da Pronovias, grupo que por sua vez opera sob o guarda-chuva da holding Catiberia Acquisition Holdco, como últimos números econômicos disponíveis do Grupo Pronovias, a empresa fechou o exercício de 2023 com vendas de 135,8 milhões de euros (-8,9 por cento) e perdas líquidas de -128,5 milhões de euros. Indicadores financeiros que, após o ajuste na equipe de sua sede central acordado em julho de 2024, espera-se que tenham conseguido ser “estimulados” através da implementação de seu novo plano estratégico para o período de 2025 a 2027. Um roteiro para o médio prazo que a empresa começou a executar no início do ano, desenhado por Marc Calabia, mas do qual, desde o final de julho, Cristina Alba Ochoa, nova CEO (diretora executiva, na sigla em inglês) do Grupo Pronovias, acabou assumindo as rédeas.