Setor calçadista brasileiro investe 1,7 bilhão de reais em 2025
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Apesar do panorama global instável, a Abicalçados - Associação Brasileira das Indústrias de Calçados – apurou em levantamento realizado recentemente, que o segmento calçadista pretende investir 1,7 bilhão de reais, valor sete por cento acima do ano passado.
Haroldo Ferreira, presidente-executivo da entidade, explica que cerca de 50 por cento dos investimentos da indústria calçadista, em 2025, devem ser aportados em maquinário, equipamentos e tecnologia, voltados para a melhora da produtividade. “O Brasil sofreu um processo de desindustrialização acentuado na década de 1990, quando além do chamado “custo Brasil” (valor que as industrias brasileiras arcam devido, a grosso modo, um acúmulo de impostos – nota da editora) houve uma flexibilização das importações e passamos a notar uma invasão de produtos asiáticos no mercado brasileiro”, conta o Ferreira.
De acordo com o executivo a indústria, que representava mais de 46 percentuais do PIB - Produto Interno Bruto - em 1989, viu sua representação cair para pouco mais de 14 por cento no ano passado. “Não é exagero dizer que a indústria calçadista resistiu e segue resistindo em um ambiente bastante hostil, levando em consideração os altos custos de produção e a concorrência predatória imposta pelos asiáticos, agora também por meio das plataformas internacionais de e-commerce”, acrescenta Ferreira, ressaltando que os investimentos voltados para a produtividade têm sido essenciais para que a indústria calçadista nacional siga sendo a principal do Ocidente.
Equipamentos, centros de distribuição e ampliação de parque fabril
Entre os investimentos anunciados, parte deles se voltam para a compra de maquinário e equipamentos os mais diversos. É o caso da Andacco, que faz parte do Grupo Cacique, de Minas Gerais. A empresa, que conta com produção de 5 mil pares/dia tem a intenção de adquirir novos equipamentos e moldes, num total de aproximadamente três milhões de reais.
O diretor da empresa Benvenuto Arantes explica que este valor supera em 40 por cento o que foi investido em 2024. “O investimento é uma constante para a Andacco, independentemente do cenário, que neste ano ainda é bastante obscuro”, diz. Para o empresário, porém, oportunidades podem aparecer diante da guerra tarifária entre Estados Unidos e China. “Os Estados Unidos são destino de 70 por cento dos nossos embarques. Com as altas tarifas impostos para o calçado chinês, possivelmente teremos uma maior procura, o que pode ter impacto positivo nas nossas exportações e, consequentemente, na performance para 2025”, explica.
Já a Tip Toey, de calçados infantis, sediado em Franca, interior de São Paulo, está realizando aplicações de valores em projetos estruturais que somam 3 milhões de reais nos últimos anos. A empresa, que exporta um terço de sua produção irá inaugurar este ano um centro de distribuição na Europa, com investimento de aproximadamente 100 mil euros. Scott Mclnerney, co-CEO (diretor executivo na sigla em inglês) da marca, explica que o plano de expansão envolve três frentes principais: marca, exportação e indústria. “Queremos estar mais próximos dos clientes europeus para responder rapidamente à demanda e receber feedbacks mais consistentes sobre nossos produtos”, afirma Mclnerney, no release de divulgação.
A marca feminina de calçados e acessórios de Minas Gerais, Luiza Barcelos investe constantemente em maquinário e em fins de 2023 inaugurou uma unidade produtiva no Rio Grande do Sul, de onde saem 80 por cento de sua produção. “Hoje, as exportações representam 2 percentuais do faturamento, número que queremos dobrar em 2025. Para isso, estamos intensificando a participação em feiras internacionais”, conta o diretor da empresa, Luiz Barcelos.
A Boaonda, produtora de calçados injetados do Rio Grande do Sul, investiu mais de 2 milhões de reais em 2024, em aportes para ampliar suas linhas de EVA e novos maquinários. Para 2025, diante de um primeiro trimestre surpreendentemente positivo, com crescimento de 30 percentuais nas vendas, a Boaonda se viu obrigada a ampliar sua matriz, em uma obra que custará mais de 5 milhões de reais para atender aos pedidos do mercado doméstico e internacional. Segundo Cássio Romani, gestor da marca, o novo prédio deve estar pronto até o final do ano, empregando, de forma direta, mais de 50 pessoas. Existe a possibilidade de triplicar esse número para 150 no curto prazo, a depender da sequência do crescimento da empresa.
Para o ano, embora otimista, a empresa prevê um crescimento de vendas cerca de 15 por cento. “O Brasil possui problemas estruturais como a alta carga tributária, a concorrência desleal inclusive dentro do nosso próprio mercado e dificuldade de encontrar mão de obra. Apesar disso, a Boaonda segue confiante e apostando no nosso país”, diz Romani.
- O setor calçadista brasileiro planeja investir 1,7 bilhão de reais, um aumento de 7% em relação ao ano anterior, com foco em maquinário e tecnologia para melhorar a produtividade.
- Empresas como Andacco, Tip Toey e Luiza Barcelos estão investindo em equipamentos, centros de distribuição e expansão de suas instalações para aumentar a produção e atender à demanda doméstica e internacional.
- Apesar dos desafios como altos custos de produção, concorrência asiática e problemas estruturais no Brasil, as empresas do setor calçadista estão otimistas e confiantes em seu crescimento, buscando oportunidades no mercado global.