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Tarifaço de Trump impacta a cadeia calçadista brasileira

Desde produtos acabados a insumos para a confecção de calçados serão afetados pela medida
By Marta De Divitiis

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Negócios
Fábrica de calçados Credits: cortesia Abicalçados

Apesar das tentativas de diálogo para a manutenção da histórica relação comercial entre Brasil e Estados Unidos, ontem, 30 de julho, Donald Trump assinou a ordem executiva que confirmou a sobretaxa de 50 por cento para produtos importados do Brasil. A cobrança, que isenta aproximadamente 700 produtos (celulose, suco de laranja e aviões da Embraer, entre eles), passa a valer a partir do dia 6 de agosto, sete dias após a publicação. Tanto os calçados brasileiros, como seus insumos, serão taxados. Frente a isso as entidades do segmento se posicionaram, analisando o impacto e as medidas possíveis a partir de agora.

A Abicalçados - Associação Brasileira das Indústrias de Calçados – na figura do presidente-executivo da entidade, Haroldo Ferreira, pondera que sendo os EUA o destino principal dos calçados brasileiros, a medida atingirá empresas e, consequentemente, empregos. “Temos empresas cuja produção é integralmente enviada ao mercado externo, a maior parte para os Estados Unidos. Essas empresas terão produtos muito mais caros do que os importados da China, por exemplo, que pagam uma sobretaxa de 30 por cento. Estamos falando, neste primeiro momento, de uma perda estimada em aproximadamente 8 mil empregos diretos”, avalia.

Produtores de insumos atingidos indiretamente

Silvana Dilly, superintendente da Assintecal - Associação Brasileira das Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos – explica que os fornecedores de materiais e químicos para calçados e couros estão apreensivos com o impacto da sobretaxa. “O impacto indireto na atividade será bastante importante, pois atualmente mais de 20 por cento das exportações da indústria calçadista brasileira tem como destino os Estados Unidos. Com essa indústria sobretaxada no principal mercado consumidor de calçados no mundo e perdendo competitividade, perdemos também. É um efeito negativo para toda a cadeia de surprimentos”, lamenta a executiva.

Os produtos químicos para couros também serão atingidos indiretamente, já que os curtumes respondem por mais de 60 percentuais das vendas do segmento. De acordo com o CICB - Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil - os EUA têm sido, historicamente, um dos principais parceiros comerciais do Brasil no segmento que, em 2025, de janeiro a junho respondeu por 13,6 por cento do couro exportado. Ainda conforme a entidade, “a nova tarifa deve gerar impactos negativos em pedidos, fluxos produtivos e empregos, colocando em risco não apenas o setor curtidor, mas também toda a cadeia envolvida”.

Até junho deste ano, o Brasil exportou diretamente 2,7 milhões de dólares em componentes e químicos para couro os norte americanos, representando um crescimento expressivo de 30 por cento em comparação com o mesmo período do ano anterior. Este aumento reflete a qualidade e a competitividade dos produtos brasileiros, mesmo diante de um ambiente internacional desafiador e sinaliza que embora o impacto seja menor, empresas de componentes e químicos também serão atingidas diretamente em sua rede de abastecimento para o mercado estadunidense.

Com mais de 3 mil empresas, o segmento fornecedor de materiais e químicos para calçados e couros emprega, diretamente, mais de 80 mil pessoas em todo o Brasil.

Formas de calçados Credits: cortesia Assintecal

União entre entidades e governo: medidas possíveis para minimizar perdas

As entidades pretendem agora trabalhar junto aos governos Federal e estaduais para mitigar os efeitos da medida na indústria. “Agora, o Poder Público terá um papel fundamental para a preservação das empresas e dos milhares de empregos gerados por ela”, disse Haroldo Ferreira. Entre as medidas solicitadas, estão linhas para cobrir o ACC - Adiantamento sobre Contrato de Câmbio - em dólar com juros do mercado externo, a ampliação do Reintegra para exportadores, a liberação imediata de créditos acumulados do ICMS (Estados) e a reedição do Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda (BEm), que ofereceu, em 2020, medidas trabalhistas para enfrentamento do estado de calamidade pública e da emergência de saúde pública decorrente do coronavírus.

Vale lembrar que os estados brasileiros que mais exportam calçados são o Rio Grande do Sul, Ceará e São Paulo. Além dos EUA, a Argentina e a França estão entre nossos principais mercados importadores.

Em resumo
  • Donald Trump impôs uma sobretaxa de 50% sobre produtos importados do Brasil, afetando a indústria de calçados e seus insumos.
  • A medida pode levar à perda de empregos e afetar negativamente toda a cadeia de suprimentos, incluindo produtores de componentes e químicos para couro.
  • Entidades do setor buscam apoio dos governos Federal e estaduais para mitigar os impactos, solicitando medidas como linhas de crédito e ampliação de benefícios fiscais.
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