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Taxação de 50 por cento às exportações brasileiras por Trump gera preocupação nos setores calçadista e têxtil

By Marta De Divitiis

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Negócios
Credits: Andy Li/Unsplash

Na tarde de ontem (9), o presidente Trump enviou carta via redes sociais ao governo brasileiro anunciando a tarifa de 50 por cento sobre todos os produtos exportados para os EUA a partir de primeiro de agosto. O anúncio surpreendeu e preocupa segmentos como o calçadista, que no início da semana comemorava crescimento significativo nas exportações em junho em relação ao mesmo mês de 2024. Principal destino das exportações brasileiras do setor, os Estados Unidos foram, justamente, o país que puxou o incremento, com crescimento de quase 40 por cento no mesmo comparativo.

Em nota o presidente executivo da Abicalçados – Associação Brasileira das Indústrias de Calçados – Haroldo Ferreira externou preocupação e surpresa. “É um grande balde de água fria para o setor calçadista brasileiro... os Estados Unidos, em linhas gerais, têm um déficit comercial, mas com o Brasil tem superávit, não justificando a medida”.

A preocupação também se aplica ao setor têxtil e de confeção. Em comunicado após o anúncio da taxação, a Abit – Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção – relatou surpresa e narrou a longa tradição da relação comercial entre ambos os países. “Brasil e Estados Unidos mantêm uma longa e sólida tradição de relacionamento político, econômico e diplomático. Foi o governo norte-americano o primeiro a reconhecer a independência do Brasil em 1824, marco que inaugurou uma parceria de quase dois séculos, pautada pelo respeito mútuo e pela cooperação”, diz o comunicado.

A entidade ressalta a importância da diplomacia para resolver a questão comercial. “Neste momento, a Abit reitera a importância de preservar esse relacionamento histórico e de buscar, por meio do diálogo, o entendimento entre as duas nações. Medidas unilaterais e intempestivas não servem aos interesses dos brasileiros ou dos estadunidenses, que compartilham valores democráticos, forte intercâmbio comercial e cultural, e aspirações comuns de desenvolvimento econômico e social,” diz o informe, que continua. “É fundamental que os canais diplomáticos e institucionais sejam mobilizados para restabelecer o ambiente de confiança e previsibilidade que sempre caracterizou a relação bilateral. O caminho do entendimento sempre é o mais construtivo e duradouro.”

Política interna brasileira e falta de equilíbrio comercial

Os motivos da taxação, de acordo com a missiva americana, foram políticos (julgamento do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro e a “censura” do STF – Supremo Tribunal Federal às redes sociais americanas de forma secreta e ilegal) e econômicos, alegando injustiça na relação comercial entre ambos os países.

O argumento utilizado pelo presidente americano em relação à economia não procede, uma vez que desde 2009 o Brasil vem acumulando déficits comerciais com os EUA, que desde então já venderam 90 bilhões de dólares a mais ao Brasil.

A diplomacia brasileira classificou a carta como ofensiva e reagiu chamando o encarregado de negócios da embaixada americana, Gabriel Escobar, que confirmou o teor do texto. O Palácio do Planalto estuda as medidas cabíveis e o presidente Lula, também nas redes sociais, disse que o Brasil vai responder à taxação por meio da lei de “reciprocidade econômica” brasileira. Jornalistas especializados dos principais meios de comunicação brasileiros repercutiram a notícia analisando o impacto econômico, a ingerência nos assuntos políticos internos do país e lamentando a ruptura das relações bilaterais.

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