Luiz de Freitas - da Mr. Wonderful - ganha biografia
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O ícone carioca, que revolucionou a moda masculina no fim dos anos 1970 até meados dos anos 1990 por meio da marca Mr. Wonderful, foi biografado por Dininha Morgado, que trabalhou com ele por mais de uma década. Assim o livro “Eu, Luiz de Freitas, Mr. Wonderful”, com edição de Catarina Maul, e a publicação da Bem Cultural Editora, financiada com recursos da Lei Federal Paulo Gustavo, via editais culturais da Prefeitura de Magé, terá dois lançamentos no início de agosto, em Magé, cidade natal do designer, e na capital carioca.
“Mr. Wonderful era Mr. Wonderful, único, visionário, divertido, “moderrrrrrno”, irado (como diz agora a geração século XXI), inesquecíveis/irresistíveis, seriam ainda “just now”, suas camisas transparantes (!), para os musculosos da vez. Ou suas alpargatas mapa-múndi”, descreve a editora de moda Regina Guerreiro (que será homenageada na próxima edição do SPFW) no texto da contracapa.
“Minha trajetória foi disruptiva. Me firmei no mercado ainda em plena ditadura, como um estilista preto, gay irreverente, fruto de referências que vieram da brasilidade, da Tropicália, do desbunde, do amor livre. Fiz naturalmente aquilo que hoje é bandeira do empoderamento,”fala Freitas sobre sua carreira, que se funde com a história da cultura carioca.
“Este não é um livro sobre moda. É o relato de um artista à frente do seu tempo que, com propósito e talento, construiu uma indústria com identidade criativa brasileira feita para o mundo. Mas também é sobre o garoto pobre, do interior, que se lança na vida e dita estilos no “grand monde”, conta a autora no release de divulgação do livro, sobre o retrato de uma época bipolar, mas efervescente, para o Rio de Janeiro dos anos 1960 e 1970, que fervilhava com a música de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Roberto Carlos, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, o desenho de Ziraldo e o Pasquim, jornal independente que contestava, com muito humor, o clima político pesado da época.
Proposta inovadora e arrojada
Incomodado com o modo de vestir do homem brasileiro, Freitas inventou a “Clínica de Moda” e lançou a primeira coleção da marca Mr. Wonderful, que iria “curar” a caretice do homem brasileiro ao se vestir, com uma proposta comportamental e uma estética arrojada e provocativa, com costumes coloridos, uma de suas características.
Seu primeiro grande cliente foi Fernando Gabeira, recém-chegado do exílio, em 1979. Suas camisas polo coloridas, eram vendidas na C05, multimarcas e disputadas pelos jovens descolados da época. Fez roupas e figurinos para Caetano Veloso, Gilberto Gil e para muitas estrelas da TV, cinema e teatro. Famosos estrangeiros se encantaram com Mr. Wonderful, como Freddie Mercury, Prince, o bailarino russo Rudolph Nureyev e Jean Paul Gaultier, que encheram malas com suas peças. Gianni Versace comprou vidros da água-de-colônia MW para presentear amigos. Vale lembrar que sua marca fazia parte do Grupo Moda Rio, grupo de estilistas que se uniram para fortalecer a moda carioca perante o público e a mídia.
A “MW” como loja durou dez anos de absoluto sucesso de público e crítica. Teve filiais em São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Amsterdã, uma no Porto e duas em Lisboa, além de um showroom em Nova York. A visão pioneira de Luiz de Freitas incendiou e continua a incendiar a cabeça de gerações de estilistas, jovens criativos de hoje seguem essa luz, mesmo sem conhecer as fontes. “Receber homenagens em vida, premissa defendida por Nelson Cavaquinho em seus versos, é uma realidade na vida do incomparável Luiz de Freitas”, resume autora no mesmo informe.