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Mulheres Atingidas por Barragens: bordando direitos - só até 03/08 no Masp

By Marta De Divitiis

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Cultura
Arpillera em exposição Credits: cortesia Masp

Fica até 3 de agosto, a exposição Mulheres Atingidas por Barragens: bordando direitos, no Masp - Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand. A mostra reúne 34 arpilleras produzidas pelo MAB - Coletivo Nacional de Mulheres do Movimento dos Atingidos por Barragens. As peças foram confeccionadas coletivamente por mulheres de todo o Brasil, em rodas de bordado organizadas pelo coletivo, como expressão de suas vivências e lutas diante dos impactos sociais e ambientais causados pela construção, operação e pelo rompimento de barragens.

As arpilleras, peças têxteis que se tornaram símbolo da memória e da luta por direitos humanos, são composições de retalhos de tecido bordado sobre juta. A técnica surgiu no Chile nos anos 1960 e, durante a ditadura de Augusto Pinochet, tornou-se uma expressão cultural e política de protagonismo feminino. Criadas principalmente por mulheres — muitas delas mães, esposas e familiares de presos políticos e desaparecidos —, essas obras retratam cenas do cotidiano, da repressão e da luta por direitos. O MAB passou a utilizar a técnica em 2013 para abordar temas como a violência doméstica, a ruptura de vínculos entre a terra e a comunidade, a violência contra crianças e adolescentes, a falta de acesso à água potável e à energia elétrica, e os impactos das barragens e da poluição de rios na pesca e na subsistência das famílias, entre outras violações aos direitos humanos e ambientais.

Com curadoria de Glaucea Helena de Britto e Isabella Rjeille, curadora assistente e curadora do Masp, respectivamente, esta exposição reúne arpilleras de diferentes regiões do Brasil, produzidas entre 2014 e 2024. Organizadas cronologicamente, essas peças contemplam uma grande diversidade de técnicas e temas. Cada item é contextualizado por uma carta escrita pelas autoras, guardada em um bolso no verso de cada uma, evidenciando o caráter coletivo e de organização popular do processo de realização. Na mostra, o público tem acesso à seleção de 6 cartas manuscritas.

“Para muitas pessoas, a arpillera pode parecer apenas uma obra de arte para pendurar na parede. Para nós, o significado político desse testemunho têxtil está na organização das mulheres, na luta pelos seus direitos e na proposição política — dos sonhos, das utopias, daquilo que almejamos. É denúncia, mas também é um projeto de esperança”, diz Daiane Höhn, militante do MAB, no comunicado de imprensa.

Desde 2013, as mulheres do MAB organizam oficinas nas quais, por meio do bordado, constroem narrativas visuais que denunciam injustiças socioambientais, registram memórias e reforçam redes de apoio. As arpilleras tornaram-se um símbolo da resistência das mulheres atingidas.

Os horários para visitação são terças-feiras (grátis), das 10h às 20H (entrada até as 19h); sábado e domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h); fechado às segundas. Agendamento on-line obrigatório pelo site do museu. Os ingressos custam 75 reais e 37 reais (meia entrada). O Masp fica na Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista, São Paulo.

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