Museu da Moda de Paris ilumina o universo gótico de Rick Owens

Paris – O Palais Galliera, em Paris, lança a partir deste sábado, 28 de junho de 2025, um raio de luz sobre o universo sombrio e gótico do designer norte-americano Rick Owens, a primeira retrospectiva na França deste criador singular e de vanguarda, símbolo da moda underground.

Também pela primeira vez, o Museu da Moda parisiense realiza uma exposição com a ajuda da luz diurna, que não costuma ser favorável em peças delicadas, revela o curador da mostra, Alexandre Samson, responsável pelas coleções contemporâneas do museu.

"Reencontramos o Palais Galliera com sua definição inicial, aberto para o exterior", explicou o especialista aos jornalistas na quarta-feira, 25 de junho de 2025.

"Temple of Love" oferece todas as chaves para entender as origens do estilo Owens, um ídolo da geração pós-punk desde que fundou sua própria marca, em 1992.

Seus desfiles na Semana de Moda parisiense são um ponto de encontro de uma fauna fiel, fãs incondicionais que vestem roupas unissex e ultra-ajustadas, ombreiras exageradas, botas de plataforma e o preto e o cinza como cores predominantes.

Com cem peças, objetos artísticos e vídeos, Owens se apropria do Palais, incluindo uma sala com suas propostas mais ousadas, cujo acesso não é recomendado para menores de idade.

É uma maneira de recordar os difíceis começos em uma pequena cidade da Califórnia, Porterville.

Aficções pouco californianas

Nascido em 1961, adolescente marginal, "descobre as drogas e o álcool, antes que sua mãe o convença a ir para Los Angeles para fazer cursos de pintura", explica o curador.

Sua mãe também o havia incentivado a costurar e modelar, e Owens logo se descobre mais confortável desenhando roupas.

Suas aficções têm pouco a ver com a Califórnia dourada: lê com prazer os poetas decadentes franceses, ouve música punk e admira o visual andrógino de David Bowie e Iggy Pop.

Descobre a vida noturna e sua homossexualidade, mas também aquela que acabará se tornando sua esposa, a francesa Michèle Lamy, instalada em Los Angeles.

Ela o encoraja a continuar com a moda, depois que Owens inicia no corte e costura a serviço de uma empresa que falsificava roupas de grandes criadores.

"É realmente uma aprendizagem com base na cópia", explica Samson.

Paredes revestidas com feltro

A primeira sala é dedicada a essas origens em Los Angeles. Suas paredes são totalmente revestidas com um feltro de cor marrom escura, um de seus materiais preferidos.

Seu pai o havia incentivado à música wagneriana e aos romances de ficção científica. Owens reutilizará essas inspirações para seus desfiles monumentais em Paris, onde às vezes utiliza fogos de artifício em locais como o grande pátio do Museu de Arte Contemporânea de Paris.

A segunda sala, iluminada pelas grandes janelas do Palais Galliera, oferece um olhar sobre sua fase parisiense, a partir de 2003, quando decide se instalar na capital francesa.

Paradoxalmente, é quando se afasta de sua Califórnia natal que sua paleta de cores se amplia.

Brinca com o vermelho-sangue, com os tons fluorescentes. Destacam-se seus suéteres de lã mohair cheios de buracos, um suntuoso vestido elaborado com a pele do peixe amazônico pirarucu.

Alguns de seus designs são apenas para os mais ousados, como em 2015, quando coloca mulheres desfilando em pares, uma pendurada na outra por meio de arreios.

A retrospectiva se encerra com a reprodução exata do quarto que Owens e sua esposa tinham em Los Angeles, rodeados de livros.

Na fachada do museu, Owens cobriu três grandes estátuas com lantejoulas. E nos jardins, abertos ao público, depositou várias obras de concreto, uma ilustração de sua paixão pelo brutalismo arquitetônico.

A exposição "Temple of Love" estará aberta até 4 de janeiro de 2026 e coincide com o desfile do criador nesta Semana de Moda masculina.

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