1a. Edição da BFSHOW realiza bons negócios e discute o setor

A BFSHOW, feira calçadista realizada pela Abicalçados - Associação Brasileira das Indústrias de Calçados e organizada pela NürnbergMesse Brasil, aconteceu entre os dias 21 e 23 de novembro, no Centro de Eventos FIERGS em Porto Alegre, contou com 137 marcas participantes e aproximadamente 7 mil visitantes, entre compradores do mercado nacional e internacional. Em sua primeira edição, gerou negócios que as entidades ainda irão computar, e divulgar posteriormente.

Coletiva destaca projeções do mercado calçadista

No segundo dia de feira houve uma coletiva de Inprensa em que se foi colocado os problemas e números do segmento Participaram: Haroldo Ferreira, presidente-executivo da Abicalçados; João Paulo Picolo, CEO da NürnbergMesse Brasil; Maria Paula Velloso, gerente de Indústria e Serviços da ApexBrasil; Daniela Machado, analista de Articulação de Projetos de Moda do Sebrae RS; Pedro Bartelle, CEO da Vulcabrás; Sergio Bocayuva, CEO da Usaflex; Carlos Mestriner, CEO da Klin; Marcelo Paludetto, diretor Comercial da Democrata e Ronaldo Lacerda, diretor comercial da Lynd.

Depois de uma queda de 1,1 por cento na produção de calçados em 2023 a indústria calçadista nacional projeta um crescimento de 2,2 percentuais no próximo ano, alcançando 857,8 milhões de pares produzidos no País.

“O Brasil é um país com grande potencial, mas infelizmente, algumas condições de competitividade estão prejudicadas. Temos um alto custo produtivo, um mercado desaquecido, tanto aqui quanto no exterior e uma concorrência desleal feroz por parte das plataformas internacionais, hoje isentas de qualquer imposto de importação em remessas de até 50 dólares”, destacou Ferreira.

João Paulo Picolo, afirmou que a primeira edição da BFSHOW aponta para um horizonte promissor para o setor calçadista. “É a nossa primeira feira no setor e estamos muito satisfeitos com o que estamos vendo. Certamente, a união com a ApexBrasil, entidades de classe e sindicatos calçadistas será um impulso importante para tornar a BFSHOW a maior feira brasileira da indústria de calçados”, disse. O CEO ressaltou, ainda, que os feedbacks sobre a primeira edição estavam sendo bastante positivos, especialmente pela infraestrutura dos pavilhões da FIERGS. “O nosso negócio é baseado na satisfação dos nossos clientes e na hospitalidade, recebendo as pessoas com bom atendimento e conforto nas instalações”, comentou.

Retomando a participação em feiras calçadistas, uma das maiores indústrias de calçados do País, a Vulcabras, foi representada pelo seu CEO, Pedro Bartelle. “Participar deste momento histórico para o setor, que é ter uma feira realizada pela sua entidade de classe máxima, a Abicalçados, é importante para mostrar todo o potencial da nossa indústria e discutir as pautas relevantes para a nossa atividade. Temos um Brasil produtivo, mas que carece de condições de competitividade. Eventos como a BFSHOW nos permitem trazer debates importantes. Estamos muito felizes de estar aqui, apresentando as nossas tecnologias e apoiando o segmento”, comentou.

Mestriner e Lacerda reforçaram a importância das entidades que têm lutado pela categoria, favorecendo também os pequenos e médios empresários, que movem a economia local com suas unidades fabris, muitas vezes localizadas em pequenas cidades do interior dos estados.

Marcas Femininas combinam conforto com apelo fashion

Entre as tendências de moda apresentadas estão as flores, as flatforms, os saltos estilo bloco. Os mocassins retornaram com força, em solados que vão dos tradicionais aos tratorados. Botas e coturnos também estiveram fortes nas coleções, muitos metalizados e com tachas e spikes detalhando.

Beatriz Souza do desenvolvimento da Cravo & Canela, explicou que trouxeram além dos tradicionais coturnos da marca, a bota Western, mas com sola tratorada. Tacheados com pegada mais rock, fivelas robustas e papetes tradoradas, mocassins com biqueira de tachinhas. Para atender o NE do país trabalharam uma cartela de cores mais leve. Animal prints e bolinhas permanecem na coleção, de forma repaginada.

O gerente de inovação da Usaflex, Alexandre Martt Jr explicou que a marca trabalha o conforto, com o mínimo de esforço como a linha “Pisou, calçou”, amortecedor em gel, que se adapta aos pés. Solados leves em EVA em loafers e tênis com solados macios e cabedal em couro. Botas e coturnos, assim como mocassins (com forros hidratantes) foram trabalhados com informações de moda. A linha "Calce Fácil” se adapta aos pés da consumidora e vêm com uma leveza extrema.

Renata Groez, estilista da Ramarim, trabalhou os tênis esportivos, com tecnologia, solado de EVA, leves e confortáveis. As cores vieram em preto, tons terrosos, marrons e vermelhos. Metalizados permanecem, com detalhes de pedraria, que nos remetem aos anos 1950 e 1960.

Ana Carolina Grings, diretora de produto e inovação da Piccadilly, trouxe a coleção Ageless, com diversidade de produto e abrangendo um amplo espectro de consumidores. O conforto entra no centro da questão, mesmo nos itens com tendências de moda como as botas estilo biker, mocassins, sandálias flatforms, tênis com brilho e novas construções. Tênis brancos, minimalistas permanecem, entrando na linha atemporal. Nos calçados para trabalho, sapatos com saltos mais confortáveis e sapatilhas. A executiva enfatiza a tecnologia que estimula a circulação sangüínea e outras que promovem conforto extremo.

Marcas Masculinas e Esportivas

Entre os calçados masculinos e esportivos a predominância da tecnologia embutida em solados confortáveis, maleabilidade de materiais que garantem o amortecimento da pisada se fez presente, mesmo nos calçados sociais.

Helena Castaldi, do Marketing da Ferraccini, explica que a coleção (abotinados, calçados sociais, sneakers, calçados totalmente sustentáveis - branco, sem tintura e confortável, com algodão impermeável - além de chinelos) foi toda baseada na questão do conforto, com solados de EVA, que oferecem leveza. "A novidade é o sapato em couro, com solado de EVA, inclusive calçados sociais. Trouxemos também solados tratorados e diferentes, na cor branca”, concluiu.

Igor Ávila, analista de Marketing da Reserva (marca pertencente ao Grupo Arezzo), mostrou a coleção com tênis que têm como inspiração o streetwear. Os sneakers surgem com solados diferenciados, cabedais com couro, veludo e outros, com valor agregado. A maior parte da coleção busca ser sem gênero definido, podendo ser usado por homens e mulheres.

Marcas Infantis trazem tecnologia e moda

Nas coleções infantis o apelo fashion dividiu a cena com a tecnologia, especialmente para o desenvolvimento saudável dos pés das crianças. Se na moda tivemos muito brilho e coloridos vibrantes, cabedais em neoprene e tecidos além de couro, na tecnologia foi visto solados anatômicos, que promovem a firmeza do caminhar e o conforto.

A Kidy trouxe uma novidade interessante, combinando a tecnologia com o lúdico: um robô que avalia as pisadas das crianças e interage com elas por meio de IA - Inteligência Artifical, auxiliando na escolha do calçado ideal.

Paulo Roberto Souza, do Marketing da Klin, explicou que trouxe a coleção de inverno 2024 para meninos e meninas, com informações de moda, e também com tecnologia para o “caminhar saudável”. Os produtos são anatômicos, confortáveis, nas fases baby, mini e kids, “Nossas principais apostas são os produtos ecológicos, o EcoKlin, todo desenvolvido com material reciclável, cabedal em tricô; trabalhamos com uma linha com corações, voltados para as meninas, com itens metalizados. Temos também modelos esportivos com cabedais diferenciados’, explicou.

Sammyra Francyne Catanzaro, head de Marketing da Pampili, marca para meninas de zero a 13 anos, enfatizou o propósito sustentável (têm o selo Origem Sustentável) e o social. As linhas contam histórias e a principal delas é “Toda menina é uma artista”, trazendo calçados com solados em braile (escrevendo direito e esquerdo), e coleções inspiradas em meninas reais. Contas e miçangas detalham alguns calçados; linhas com asteróides e galáxias na estampa. Muito brilho, solados com LED, construções mais clássicas e também itens com apelo sustentável.

Compradores ressaltam a organização e apoio logístico

“Gostei da setorização e organização dos estandes, sou compradora de feminino e o mix de produtos estava muito bom, inclusive com marcas que eu costumo adquirir. Pretendo ir na próxima edição, em São Paulo.” Ercília Mitsue Motoike Lamas, compradora da Calçados Sérgio, de São Paulo.

“Achei bem interessante essa feira; vim de Gramado, para conhecer e penso que este evento tem muito futuro. Me chamou a atenção o fato de muitos expositores daqui não estarem na feira concorrente. A organização está ótima, com todo o apoio logístico que criaram para nós, compradores. Estou aqui aguardando o ônibus que me levará ao hotel. O mix de expositores está muito legal, com marcas que eu já comprava antes e aqui tive tempo para sentar e conversar. Pretendo ir na próxima edição. Tenho uma loja de calçados femininos há 11 anos e estou abrindo meu e-commerce. Estou saindo daqui já pensando em abrir uma loja de calçados infantis. O fato das marcas estarem todas juntas, num espaço próprio, facilitou bastante o meu olhar. Chegando em Brasília já vou iniciar a pesquisa por locais, “declarou Eunice Pinheiro Alves, de Brasília, proprietária da Fulanitas.

“Esta feira é ampla porque consegui observar as tendências, futuros negócios com algumas marcas, muitas das quais abriram suas portas a nós, peruanos. A feira, além de bonita e bem organizada está muito bem posicionada, cada estande me encantou pelo cuidado com a cenografia", disse Anyela Guerra Rios, compradora de Lima (Peru), que trabalha numa distribuidora de importados.

A BFSHOW foi realizada pela Abicalçados, organizada pela NürnbergMesse Brasil e patrocinada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). A parceria oficial é da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). O apoio é dos sindicatos das indústrias de calçados do Rio Grande do Sul, Bahia, Paraíba, Estância Velha, Sapiranga, Birigui, Campo Bom, Dois Irmãos, Jaú, Fortaleza, Farroupilha, Parobé, Franca, Igrejinha, Nova Serrana e Novo Hamburgo.