2a. edição da BFSHOW encerra com otimismo do setor calçadista
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Realizada no Transamerica Expo Cente, na capital paulista, a segunda edição da BFSHOW, feira de calçados que aconteceu entre os dias 21 e 23 de maio, gerou otimismo para o segundo semestre de vendas da indústria calçadista. Com 318 marcas expositoras, a mostra recebeu mais de 9 mil pessoas, entre compradores brasileiros e estrangeiros. A feira é uma realização da Abicalçados -Associação Brasileira das Indústrias de Calçados em parceria com a NürnbergMesse Brasil.
Durante coletiva de imprensa, realizada dia 22, o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, pontuou os destaques calçadistas de 2023 (exportação de 116 milhões de pares de calçados, consumo interno de 775 milhões de pares, geração de 6.570 novos postos de trabalho e a expectativa de crescimento do segmento em 2024 de 1 a 2 por cento, com a produção de 885 milhões de pares).
O CEO da NürnbergMesse Brasil, João Paulo Picolo, na mesma reunião exaltou a participação de 300 compradores internacionais, e a visitação que, já no primeiro dia, superou os dois dias da primeira edição em Porto Alegre, RS. "A vinda da feira para São Paulo, com uma melhor infraestrutura e logística facilitada para receber milhares de compradores com conforto e conveniência é um diferencial que está fortalecendo o evento como um dos principais do mundo e dando o devido reconhecimento à indústria calçadista brasileira”, destacou.
Ana Repezza, diretora de negócios da ApexBrasil - Agência Brasileira de Promoção da Exportações e Investimentos, enfatizou a resiliência do setor ante a tragédia das enchentes no RS e anunciou que a agência irá fazer um aporte de 11 milhões de reais nas pequenas e médias empresas impactadas pela catástrofe.
Estiveram presentes também o CEO da Vulcabrás, Pedro Bartelle; Ana Carolina Grings, vice-presidente da Picadilly; Maria Colli, presidente da Pampili; Junior Silva, respondendo pelo polo de Nova Serrana (MG); Sergio Bocayuva, CEO da Usaflex e Giuliano Spinelli, do polo calçadista de Franca (Interior de SP).
Necessidade de isonomia
Os executivos presentes na coletiva ressaltaram a necessidade do segmento estar em pé de igualdade com os concorrentes, especialmente os da indústria asiática. “Descemos de terceiro para quinto país exportador e estamos atrás da China, India, Vietnã e Indonésia”, disse Ferreira enfatizando que nem todos estes países costumam cumprir metas de sustentabilidade, uma preocupação dos exportadores brasileiros. De acordo com Bartelle e Bocayuva, a concorrência com as plataformas asiáticas, isentas de impostos até 50 dólares, mina a indústria brasileira.
Além disso o tema sensível da desoneração da folha de pagamentos foi colocada em pauta. “Após intensas negociações a desoneração será mantida este ano e, de 2025 a 2028 tende a voltar a reoneração”, disse o presidente-executivo da Abicalçados, ponderando que a pauta, política, ainda tem muito a ser debatida.
Injeção de ânimo
A BFSHOW foi uma verdadeira injeção de ânimo para a indústria calçadista nacional, ainda muito abalada com o que está ocorrendo no Rio Grande do Sul, maior exportador e segundo principal produtor de calçados do Brasil. A palavra de ordem, para as 56 marcas gaúchas participantes da BFSHOW foi resiliência. Com dificuldades logísticas, já que o aeroporto de Porto Alegre foi duramente atingido pelas enchentes e só deve reabrir em setembro, muitos vieram por aeroportos alternativos ou até mesmo de ônibus e vans até São Paulo. “O setor calçadista gaúcho mostrou uma força que impressionou a todos aqui na BFSHOW. Tenho convicção de que, até o final de maio, mais de 90 por cento da produção de calçados no Rio Grande do Sul estará normalizada”, projetou o presidente-executivo da Abicalçados.
Entre os expositores, a gaúcha Sugar Shoes, de Picada Café/RS, produzindo as marcas Coca-Cola Shoes, Diversão, Aramis e Street, esteve na feira apresentando suas coleções de Primavera-Verão. Segundo a diretora Rodaika Diel, a feira surpreendeu positivamente, pois gerou negócios in loco com compradores de todo o Brasil e de parte do mundo. “Os compradores elogiaram, além dos produtos apresentados, a estrutura da feira e o fato de estar localizada em São Paulo, o que facilita a logística para a visitação”, avalia. Ela conta, ainda, que um grande grupo argentino, que tinha visita agendada na fábrica e não conseguiu ir em função das enchentes, esteve na feira e fechou negócios.
A Pampili, indústria de calçados infantis de Birigui/SP, também estava satisfeita com o evento. A coordenadora de Negócios Internacionais da empresa, Lismeire da Silva Santos, pouco parou de atender compradores, principalmente de fora do País. “Olhando o cenário de retração do mercado internacional, a feira se torna ainda mais relevante e com resultados acima do esperado”, disse. “Abrimos três novos mercados internacionais aqui, da Costa Rica, Chile e Iemên, além de receber clientes tradicionais, principalmente da América Latina”, contou, ressaltando que o trabalho de matchmaking (serviço que cruza demanda com oferta de produtos), realizado pela Abicalçados, facilitou bastante as negociações, tornando a BFSHOW um evento com total foco nos negócios.
Força coletiva
No estande coletivo de Nova Serrana, que reuniu 60 marcas do polo calçadista mineiro em um espaço de mais de 1,2 mil metros, a Stir era outra empresa satisfeita com os resultados alcançados, principalmente no mercado interno. “Recebemos uma grande visitação de compradores brasileiros, principalmente do mercado de São Paulo, que absorve 45 por cento das nossas vendas”, comentou Conrado Lacerda, do departamento comercial. Segundo ele, o agrupamento do polo mineiro em um único espaço potencializou ainda mais a participação. “Na próxima feira, teremos ainda mais marcas. Quem não veio, vai querer vir”, concluiu.
Mercado internacional
Além da grande visitação de compradores de todas as regiões do Brasil, a BFSHOW contou com uma expressiva presença de importadores de todos os continentes. Conforme a promotora, foram mais de 60 países credenciados. Via esforço conjunto realizado pela Abicalçados, ApexBrasil - por meio do programa Brazilian Footwear - e NürnbergMesse Brasil, foram trazidos ao Brasil mais de 150 compradores internacionais de 98 grupos. “Somando com os compradores estrangeiros que vieram por conta própria, devemos ultrapassar três centenas de importadores”, conta a gerente de Negócios e Relacionamento da Abicalçados, Letícia Sperb Masselli.
Ajuda RS
A feira também foi palco para a solidariedade aos atingidos pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Foram espalhados tótens com QR code para realização de pix para o Movimento Próximos Passos RS, que está captando recursos financeiros que serão direcionados à reestruturação das condições de vida das famílias calçadistas impactadas. Todo o dinheiro arrecadado irá para entidades assistenciais consolidadas e idôneas, que destinarão os recursos às pessoas em situação de vulnerabilidade.
Mudança para SP
Fato bastante comemorado durante a segunda edição da BFSHOW, a vinda para a capital paulista tornou-se definitiva. “A feira finca raízes em São Paulo. Na próxima edição, o evento será ainda maior, realizado no Novo Distrito Anhembi, um espaço que recebeu investimento de mais de 500 milhões de reais e está totalmente preparado para receber um evento da magnitude da BFSHOW com conforto, segurança e logística facilitada”, anuncia Picolo. A próxima edição da feira está marcada para os dias 11, 12 e 13 de novembro de 2024.