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46a. Casa de Criadores reforça apoio aos novos talentos

By Marta De Divitiis

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Moda

Entre os dias 26 e 30 de novembro aconteceu a 46a. edição da Casa de Criadores, num galpão da Barra Funda em São Paulo. Foram 34 desfiles e seis shows de performers da cena artística brasileira: Jup do Bairro; Ayana & Malanda; MahalPita; MC Tha; Rafael Bolacha e Drew Persi. O evento idealizado e coordenado por André Hidalgo reforça o apoio oferecido aos jovens estilistas que compõem o quadro de novos talentos da moda no país.

Reuso e causa social em pauta

Num momento em que o debate acerca do aquecimento global sobe o tom vários estilistas se propõem a repensar a moda, buscando peças garimpadas em brechós e oferecendo a elas um novo significado. Estiveram presentes como base de trabalho em Vicente Perrotta e nos estreantes Coetânees; Thear, do Projeto Lab, que produziu looks muito bem feitos a partir do denim e em Estileras. Weider Silvério trouxe peças de baixo de alfaiataria masculina, mescladas a malhas, jacquards e algodão, em looks urbanos e confortáveis. Fernando Cozendey trabalhou sua coleção toda com tecidos que sobraram de coleções passadas. A Estamparia Social, um projeto que qualifica egressos dos presídios para trabalhar em estamparias e confecções, também utilizou apenas resíduos têxteis. “Utilizamos a moda para destacar nosso projeto, como ferramenta de reintegração social,”explica Robson Sanchez, o responsável pelo empreendimento. Estúdio Traça, conforme o nome alude, trabalhou com reuso de denim e outros tecidos em peças bem cortadas, que nos remetem aos anos de 1950 e 1980.

Fetiche e fantasia

Robert Dognani homenageou Elloanigena Onassis, personagem da cena clubber paulistana e veio com figurinos coloridos, ousados, com materiais que iam do látex vazado ao paetê e tule. Pedro Andrade, estilista da Bold Strap, estreante na edição passada, trouxe para a passarela o universo do fetiche masculino em peças com viés mais feminino em rendas, cores claras e açucaradas. Fernando Cozendey buscou nos animes japoneses inspiração para uma coleção lúdica, colorida, com colantes e macacões justos, bastante originais e muito bem confeccionados. Diego Fávaro flertou com o fetiche em peças que combinavam elementos esportivos e de streetwear. Dario Mittmann brincou com silhuetas ora esguias ora volumosas e cheias de detalhes. Boutique Venenosa, do Projeto Lab, buscou o bom humor em peças com forte viés sexy.

Amplidão de volumes

Uma silhueta ampla, com toques de “moulage"foram observados na passarela de Alex Kazuo. Martins trabalhou com modelos em matelassê, que abraçavam e envolviam os corpos de forma confortável. David Lee colocou na passarela uma moda masculina com amplidão de formas e cores vibrantes se contrapondo ao branco total dos primeiros figurinos. Rocio Canvas trouxe costumes com paletós exageradamente grandes, em tecidos fluídos. A moda masculina de Felipe Fanaia veio com calças coloridas e camisas brancas, essas fazendo as vezes de vestido. Aqui e ali calças ou macacões em estampa florida com fundo preto. Rafael Caetano flertou com o esporte e o streetwear. Heloisa Faria apresentou volumes localizados em franzidos e barras arredondadas e balonê. Mateus Cardoso colocou em destaque calças clochard e camisas e paletós com grandes bolsos quadrados. Rodrigo Evangelista mostrou na passarela volumes inusitados. A sobreposição esteve presente em Igor Dadona, em roupas masculinas, em modelagens de alfaiataria folgadas, elegantes, em tecidos sofisticados. Jorge Feitosa abriu o desfile com sobretudo feltrado, bem amplo.

Diversidade de modelos aponta para novos padrões

Já no primeiro desfile do evento, de Robert Dognani, uma seleção de modelos que combinavam clubbers, Drag Queens e personagens da noite, deu o tom do que viria mais tarde. Em quase todas as coleções apresentadas, havia modelos reais, com muitos plus size, como no caso da estreante Rainha Nagô, que veio com modelos negros, todos plus size. Jal Vieira colocou na passarela bailarinas, que se apresentaram com franjas de cadarços em peças cheias de movimento. Modelos trans também estiveram no palco de Vicente Perrota, Estileras e Boutique Venenosa. Vivão trouxe uma modelo "curves" vestida apenas de tecidos transparentes e diáfanos. A estreante Priscilla Silva apresentou também uma modelo “curves" e veio com uma coleção em que o macramê e o crochê se destacavam em figurinos esguios. Os modelos com mais de 50 anos também estiveram presentes, alguns com destaque, em muitas marcas. A Casa de Criadores fechou o evento colocando todos os estilos de modelos na performática apresentação de Vicente Perrotta.

Fotos: Marcelo Soubhia/Fotosite

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