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47a. Casa de Criadores reforça a moda como plataforma política

By Marta De Divitiis

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Moda

A Casa de Criadores trouxe sua 47a. edição em formato digital devido ao isolamento necessário durante a pandemia de coronavírus. Foram cinco noites, com 31 rápidos filmes fashion, apresentados pela atriz e performer Aretha Sadik. Já no primeiro dia o idealizador e responsável pelo evento André Hidalgo falou sobre a mudança no formato das apresentações e salientou a necessidade de uma autocrítica da moda para que não se torne irrelevante. “Na nossa história, sempre abrimos espaço para todos os corpos, todas as narrativas, todos os fazeres, todas as demandas. Mas não adianta a gente achar que isso por si só foi o suficiente. Não foi, não é. Precisamos ir além,” concluiu.

Sustentabilidade e trabalho social

Entre as marcas apresentadas o reaproveitamento de materiais ficou evidente, especialmente no trabalho de Vicenta Perrota, que faz looks de partes retiradas de peças garimpadas no lixo. Jorge Feitosa trouxe uma coleção de peças masculinas com tecidos obtidos de saldos. As estampas que nos remetem à casa de infância em que viveu com a mãe trouxeram traços retos e geométricos em peças bem cortadas. Nil Pimentel do Ateliê Vou Assim criou peças a partir de retalhos. Reif Life, marca estreante, trouxe peças recosturadas.

Entre os estreantes a Thear, de Goiânia, GO, apresentou roupas confeccionadas em tear manual por detentas da Penitenciária Feminina Consuelo Nasser, localizada em Aparecida de Goiânia. Detalhes de listras em amarelo, roxo e rosa nos tecidos confeccionados em 100 por cento algodão, num trabalho muito bem executado.

A Estamparia Social, presente em outras edições, oferece capacitação profissional aos egressos do sistema penitenciário, pensando numa moda sustentável e como suporte para o trabalho desses egressos, geralmente com dificuldade em encontrar trabalho.

De Paraisópolis, a PIM - Periferia Inventando Moda - capacita jovens da comunidade localizada na zona Sul de São Paulo, fazendo da moda ferramenta de inclusão social.

Detalhes e volumes

Entre os já veteranos na Casa de Criadores Weider Silvério trouxe uma coleção em que os bolsos funcionais detalharam peças sofisticadas, algumas em paetê. Jaquetas com saias de tule, amplas, paetês dourados e prateados e uma estampa op-art nos remeteu aos anos de 1960/70.

Rober Dognani no último dia do evento mostrou roupas vestidas e em homenagem à ex-modelo Claudia Liz. Os vestidos longos vieram com volumes exagerados nas mangas, com caudas longas e babados nos fazendo voltar aos anos 1980 e sua exuberância.

Alexandre dos Anjos trouxe bordados de búzios, pinturas feitas à mão detalhando as peças num trabalho artesanal. Diego Gama trouxe peças de modelagem confortável como calças, camisetas e jaquetas em tonalidades neon.

Moda como plataforma política

A estreante Nalimo trouxe para a passarela virtual as vidas invisíveis e apagadas da história. Camiseta com os dizeres "Por um mundo onde caibam vários mundos” deu significado à coleção chamada Decolonize com tecidos fluídos e modelagem confortável e ampla. Branco, preto e cinza na cartela de cores e detalhes de cestaria.

Jal Vieira apresentou peças brancas, detalhadas por franjas de tranças e rebites. Vestido de alça larga e saia plissada ganharam destaque no filme, com discurso sobre o ser mulher e negra na sociedade atual.

Fotos: cortesia Casa de Criadores

André Hidalgo
Casa de Criadores
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