Abit apresenta balanço de 2020 e expectativas do setor têxtil para 2021
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Em coletiva virtual realizada na semana passada, o presidente da Abit - Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção - Fernando Pimentel, trouxe um balanço do ano para o segmento têxtil e de confecção, assim como as expectativas para o ano de 2021. O executivo começou falando da importância dos aspectos sanitários para o equilíbrio da economia. “Após um ano de tanta dor, esperemos que mais à frente sejam resolvidas as questões políticas, econômicas e de saúde, essa última a mais importante. Sem resolver o problema sanitário não poderemos resgatar o crescimento econômico,” iniciou.
Durante o ano de 2019, 41 por cento do gasto total anual das famílias foi referente ao vestuário, de acordo com o IEMI, Inteligência de Mercado, Instituto de Estudos e Marketing Industrial. Segundo Pimentel, há oportunidades do segmento têxtil em outros mercados como o automotivo, agro negócio e grama sintética, entre outros. “Há um mega mercado em perspectiva, o segmento têxtil poderia ser bem maior, “justificou o executivo.
A recuperação frente às adversidades se deu de forma mais rápida do que se imaginava, de acordo com o presidente da entidade. No entanto, o vestuário caminha de forma mais lenta que o setor têxtil. “Fechamos no vermelho, as exportações caíram bastante, assim como as importações. A desvalorização cambial e o aumento dos insumos significou sofrimento para o setor,” concluiu.
Resultados de 2020
No mapa de calor, que mede as expectativas da área, até março, quando iniciou o isolamento social por conta da pandemia, elas eram favoráveis, com 93 por cento de avaliações positivas. Após o início do isolamento social, até meados de julho essa expectativa despencou (foi avaliada entre 7 e 13 por cento) e em novembro subiu para 67 percentuais.
De acordo com os dados pesquisados pelo IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - em 2020 o setor foi obrigado a se reinventar. “Houve uma agenda de solidariedade frente aos problemas sanitários que resultaram na produção de mais de 100 milhões de máscaras cirúrgicas (antes a produção era de 6,5 milhões)”, disse Pimentel. Além disso, houve doações de 13,5 milhões de máscaras cirúrgicas e sociais, mais de 1,1 milhão de EPI (Equipamentos de Proteção Individual) e respiradores totalizando 53 milhões de reais.
Outros pontos positivos foram o lançamento de várias tecnologias antivirais pelas empresas e a explosão de vendas online no segmento de moda. “A grande alavanca da retomada rápida do segmento têxtil e do varejo foi o auxílio emergencial, uma vez que perdemos aproximadamente 12 milhões de empregos, contando com os formais e com os informais", explicou Pimentel.
Mudança de valores
Para o ano de 2021 resultados preliminares apontam para um crescimento de 8,3 por cento na produção industrial têxtil em volume de toneladas e 23 percentuais na produção de vestuário em volume de peças, ambos comparativamente ao ano de 2020. De acordo com o executivo, até o primeiro trimestre de 2021 haverá um equilíbrio maior inter-setorialmente. “Houve um aumento de 20 por cento na poupança e, caso parte dessa poupança venha a consumo, o quadro ficará melhor,” explicou.
Daqui para a frente as lojas físicas deverão estar mais atentas aos clientes, uma vez que eles esperam um cuidado maior, especialmente em relação aos protocolos sanitários. Segundo Pimentel, esses protocolos deverão ser seguidos durante todo o ano de 2021. Houve uma mudança de valores após o advento dessa pandemia, de acordo com a entidade, com a valorização da sustentabilidade. “Essa é uma agenda irreversível e com uma longa jornada à nossa frente,”concluiu o presidente da Abit.
Outro ponto que foi colocado em pauta é a relação do consumidor com sua casa, que sofreu um processo de valorização da habitação, como se fosse um casulo protetor. O mesmo consumidor espera comprar de marcas sustentáveis, produtos de alta qualidade e com preço justo.
O presidente da entidade finalizou explicando que a Abit continua trabalhando fortemente nos projetos reestruturantes na agenda do Congresso Nacional. A reforma tributária e administrativa estão como tema de discussão no próximo ano, enquanto foram aprovadas a Lei das Falências (PL 4.458/2020) e a nova Lei das Licitações (PL 4253/2020) e houve a derrubada do veto à prorrogação da desoneração da folha de pagamentos. Há ainda, de acordo com ele, muito o que se lutar pelo segmento.
Fotos: Artem Beliaikin, Visuals, Avi Naim/Unsplash