Ale Brito - talento e comprometimento em pauta
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Foto: Natalie Saad
Alê Brito, estilista que desde 2022 é diretor criativo da Ginger, foi lançado há alguns anos pela Casa de Criadores, evento consolidado como celeiro de novos talentos. A Ginger, que em julho completa três anos, é a marca da atriz e empresária Marina Ruy Barbosa. O estilo do designer, sofisticado, que flerta com os anos 1990 e com o rock’n’roll, em toques sexies e com uma alfaiataria apurada, se une ao carisma fashion de Marina e o resultado tem sido bastante positivo para a marca, que conta com uma fiel clientela e tem se tornado cada vez mais sólida. Brito fala nessa entrevista, com exclusividade para o FashionUnited. Confira o que ele diz e observe as fotos da coleção Hipisma, assinada por ele.
Foto: Henrique Falci
FashionUnited: como foi o início de sua carreira? Por quais marcas você passou antes de chegar na Ginger?
Eu iniciei a minha trajetória na moda muito novo, como assistente da marca Gêmeas (das irmãs Carolina e Isadora Krieger). Depois, fui lançado pela Casa de Criadores com meu projeto homônimo. Em pouco tempo, minhas peças estamparam capas de revistas como Elle Brasil e L’Officiel, e figuraram em editoriais de moda da Vogue, Marie Claire, FFW MAG e I-D Magazine. Também tive a oportunidade de desenvolver figurinos de grandes artistas. Em seguida, fui chamado para realizar desfiles para a marca Ellus, onde também fui convidado a integrar a equipe de estilo. Cuidei durante quatro anos da imagem da marca, ficando à frente das coleções no varejo, atacado, importado e e-commerce. Sou formado pela Central Saint Martins School of Arts & Design (2011) em Londres. Fiz estágio no ateliê Alexander McQueen, entre 2019 e 2022.
Hoje, foco em projetos que envolvem pesquisa, desenvolvimento de produto, criação de imagem, tendência e styling. Eu sempre busco o equilíbrio entre o comercial e o conceitual — um estilo que provoca desejo instantâneo, ao mesmo tempo em que aponta novos caminhos para a moda. Meu trabalho é conhecido pelos jogos de alfaiataria, looks de pegada street e pela desconstrução do sexy.
Foto: Henrique Falci
Como surgiu o convite para trabalhar na Ginger?
Fiquei sempre muito atento aos movimentos do mercado brasileiro e presto sempre atenção em marcas que estão ousando e tentando quebrar paradigmas. Foi aí que conheci a Ginger, ainda em Londres. Começamos a conversar sobre moda, trocar inspirações e Depois de 3 anos no ateliê Alexander McQueen, decidi retornar ao Brasil a convite da Marina Ruy Barbosa para assumir a direção criativa da Ginger.
Qual o processo de desenvolvimento de suas coleções (própria e Ginger)?
A Marina me dá total liberdade poética para me expressar em minhas criações para a Ginger. Ela é muito presente, está conosco desde o primeiro momento do processo de criação, até o produto final. É um trabalho muito colaborativo, com trocas muitos intensas e respeitosas. Minhas inspirações vêm de muitos lugares, mas principalmente da arte, música, street style e do amor.
Foto: Henrique Falci
Você trabalha a sustentabilidade nas suas coleções? Como?
Depois da minha formação em San Martins, tive mais aprofundamento nas questões sustentáveis e, desde então, tenho trazido isso para a minha vida profissional. Buscamos sempre incluir matérias primas sustentáveis como, por exemplo, o tecido que usamos na última coleção - uma viscose obtida através de fibra de bananeira. Aqui na Ginger, também optamos por uma moda "slow fashion" – lançando menos coleções durante o ano, criando peças menos atreladas a tendências e produzindo tiragem menores. Queremos estimular a cliente a fazer escolhas melhores, em investir em poucas e boas peças.
O que aconselha para estilistas iniciantes?
Faça tudo com amor. Respeite a todos profissionais que trabalham nos processos. Tenha foco e organização. É importante saber que não é glamour: é um trabalho árduo e exige muita resiliência. Também acho fundamental entender que estilista não faz nada sozinho, que é preciso ter humildade para aprender todos os dias. Você estará sempre aprendendo algo novo!
Foto: Henrique Falci
Quais seus próximos passos?
Seguir fazendo um bom trabalho na Ginger, sempre procurando inovar. Quero continuar buscando ideias que se adequem ao posicionamento da marca e que surpreendam o mercado e as clientes.
Fique à vontade para falar sobre o que pensa ser importante.
Hoje em dia falamos muito sobre sustentabilidade no Brasil, mas além disso devemos falar sobre a valorização dos profissionais brasileiros... A mão de obra brasileira se tornou precarizada, e nós que estamos no topo da indústria devemos valorizar os profissionais que estão na base de tudo! Devemos apoiar para que trabalhadores como artistas, artesãos, costureiras, e bordadeiras não desistam da sua profissão, fazendo com o que a indústria seja mantida de maneira saudável e responsável.