Brasil no radar das marcas internacionais
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Após a pandemia o ambiente digital aumentou exponencialmente e os varejistas de moda, nacionais ou estrangeiros, precisam combinar canais de venda para atingir o público de forma adequada. Considerado um espaço estratégico, o Brasil tem atraído marcas estrangeiras que chegam aqui por meio de lojas próprias (vejam o exemplo da H&M) ou marketplaces. FashionUnited Brasil entrevistou Mari Tahan, diretora de marketing da Wake, empresa de tecnologia da LWSA (antiga Locaweb), que oferece soluções digitais para o varejo e a indústria. Mari nos trouxe uma análise acurada da situação. Confiram abaixo.
FashionUnited: por qual motivo os varejistas internacionais colocaram o Brasil no radar?
O Brasil é um hub estratégico para qualquer varejista global que almeja crescimento sustentável. A atração é multifatorial e vai além do nosso conhecido tamanho demográfico. Temos uma população jovem, altamente conectada e um consumidor que demonstrou maturidade digital acelerada durante a pandemia. Além disso, o consumidor brasileiro é fortemente influenciado por tendências internacionais. Acompanham marcas globais, seguem influenciadores estrangeiros e valorizam produtos e experiências que remetem ao que vê fora do país. Esse perfil aspiracional cria um espaço estratégico e rico para a entrada de players estrangeiros, que encontram aqui um público receptivo e curioso por novidades.
A chegada dessas marcas sinaliza uma validação institucional da economia e atua também como um catalisador de profissionalização. Ao mesmo tempo, torna o ambiente mais competitivo, forçando toda a cadeia nacional a otimizar logística, precificação, experiência de compra e, principalmente, a estratégia omnichannel.
Quais os desafios em se trazer marcas globais para o mercado brasileiro?
São dois os principais desafios: econômico-tributários e culturais-regionais. No primeiro, o sistema tributário complexo, os altos custos logísticos e a volatilidade cambial criam barreiras de entrada e de operação para marcas internacionais. Já no segundo, o desafio está em entender que o Brasil é um país multicultural, com climas diferentes para as regiões, então o que funciona para o Sul, por exemplo, pode não ter o mesmo resultado no Norte.
A regionalização é essencial: desde a modelagem e o sortimento até a comunicação e o posicionamento de preço. Marcas que não ajustam portfólio, tecidos, cores e experiências à diversidade corporal, climática e cultural do país perdem relevância rapidamente. O segredo é combinar escala global com a sensibilidade local.
Como se comporta o consumidor brasileiro ante marcas consagradas globalmente?
O consumidor brasileiro valoriza marcas globais, mas busca identificação. Ele se interessa pela qualidade e o prestígio internacional, mas espera que a marca se integre à sua realidade, oferecendo personalização e diálogo genuíno. Após a aceleração digital, este consumidor se tornou um crítico e um embaixador instantâneo nas redes sociais. Ele exige que o posicionamento da marca seja traduzido em ações reais no Brasil, desde a diversidade na comunicação até a responsabilidade social. O consumidor só aceita o global se ele for localmente relevante, acessível em termos de experiência e alinhado com seus valores. A lealdade é comprada com identificação.
De que forma o ambiente digital influencia o desejo e o poder de compra do consumidor brasileiro?
O digital é o principal espaço de influência na decisão do consumidor. É por lá que ele descobre marcas, se manifesta na busca por experiência e propósito. Hoje, se algo que ele vê no Instagram não o direciona de forma fluida para a loja online, ele desiste. Os canais precisam estar totalmente integrados. O site deve ser uma extensão real da experiência física, e as redes sociais, mais do que pontos de venda, pontos de experiência. O desejo é moldado por experiências imersivas (como live commerce e provadores virtuais) e pela narrativa de marca, que precisa estar fluída e integrada entre todos os canais. O consumidor de moda evoluiu de um comprador passivo para um curador ativo de estilo e propósito. Ele busca conveniência, personalização e conexão emocional, e espera que o digital e o físico conversem como uma só jornada.
Qual é o segredo para fidelizar o consumidor brasileiro de moda?
Fidelizar o consumidor brasileiro exige consistência, empatia e experiência. É entender que ele quer ser visto, e que a hiperpersonalização e um varejo unificado são o novo básico. O público valoriza varejistas que entendem seu estilo de vida, respeitam sua diversidade e oferecem jornadas personalizadas, do digital ao físico. Programas de relacionamento, experiências omnichannel e uma comunicação transparente fortalecem o vínculo. Mais do que preço, o consumidor busca identificação, marcas que traduzem autenticidade e propósito conquistam confiança e preferência.Fidelizar o consumidor brasileiro exige consistência, empatia e experiência. É entender que ele quer ser visto, e que a hiperpersonalização e um varejo unificado são o novo básico. O público valoriza varejistas que entendem seu estilo de vida, respeitam sua diversidade e oferecem jornadas personalizadas, do digital ao físico. Programas de relacionamento, experiências omnichannel e uma comunicação transparente fortalecem o vínculo. Mais do que preço, o consumidor busca identificação, marcas que traduzem autenticidade e propósito conquistam confiança e preferência.
Como as marcas internacionais e nacionais devem se diferenciar e alcançar a fidelização dos clientes?
A diferenciação nasce da combinação entre dados e emoção. É fundamental conhecer o cliente a fundo, antecipar necessidades e oferecer soluções que unam conveniência, propósito e estética.
Além disso, é essencial buscar influenciadores reais, com sinergia autêntica com a marca e com o Brasil. Não basta adaptar as campanhas globais pensando no país tropical, mas construir narrativas que tenham cara do Brasil real e diverso.
Investir em tecnologia para personalização, logística eficiente e atendimento humanizado é tão importante quanto manter uma narrativa de marca coerente. Marcas que conseguem unir performance e propósito, tecnologia e afeto, constroem relacionamentos duradouros, não apenas transações.
Como você observa o varejo brasileiro atualmente?
O varejo brasileiro vive um momento de reinvenção. A digitalização acelerada e a integração entre canais abriram espaço para modelos mais ágeis, colaborativos e centrados no cliente. No entanto, há um desafio real: o poder de compra está reduzido, enquanto o consumidor está cada vez mais exigente. O varejista tem o desafio e precisa equilibrar custo e valor. Reinventar modelos, otimizar operações, integrar experiências para entregar o verdadeiro comercio unificado e oferecer jornadas personalizadas e eficientes.
Nesse contexto, empresas de tecnologia são parceiros estratégicos para transformar dados em decisões e experiências em resultados, ajudando marcas a unificar a experiência de compras multi-canal e personaliza-lá com assertividade em um mercado competitivo e em constante evolução.
- O Brasil é um hub estratégico para varejistas globais devido à sua população jovem e conectada, maturidade digital e forte influência de tendências internacionais, atraindo marcas estrangeiras.
- Os principais desafios para marcas globais no Brasil incluem a complexidade tributária e logística, além da necessidade de regionalizar produtos e comunicação para atender à diversidade cultural e climática do país.
- A fidelização do consumidor brasileiro exige hiperpersonalização, consistência e uma experiência de compra unificada entre canais digitais e físicos, onde a identificação e o propósito da marca são mais valorizados que o preço.