Confecções goianas apontam queda de 45 por cento este ano
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Foto: cortesia AER 44
Segundo pesquisa divulgada pelo IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - entre janeiro e abril de 2023 as confecções de vestuário e acessórios de Goiás, segundo polo de moda do país, caíram 45,5 por cento em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo noticiou o jornal O Popular, só em abril a queda foi de 77 por cento. A desaceleração das atividades econômicas, assim como a falta de mão de obra especializada estão como motivos desta queda. Outro ponto abordado foi a inflação e a consequente diminuição do poder de compra do consumidor, que costuma priorizar a alimentação e a saúde, ao invés de roupas e acessórios, considerados supérfluos.
Enquanto o presidente da Sinroupas - Sindicato das Indústrias de Confecção de Goiânia e da Agicon - Associação Goiana das Indústrias de Confecção, Edilson Borges reclama da falta de mão de obra, Lauro Naves, presidente da AER 44 - Associação Empresarial da Região da 44, explica que essa queda de produtividade no setor de confecção tem vários fatores. Além da carência de mão de obra, que é ainda um efeito da pandemia já que muita gente mudou de ramo, com a retração natural do mercado por causa das medidas restritivas na época, ele lembra e que essa queda também está ligada a uma demanda que em 2022 estava reprimida e com o fim das restrições explodiu, então uma boa parte dessa queda tem a ver com isso. Outro aspecto seria ainda a concorrência com outros polos como o de São Paulo e Pernambuco, além das vendas de internet de produtos chineses.
Necessidade de políticas públicas de incentivo
Mas mesmo diante desses desafios, o mercado da moda no Brasil, e em especial em Goiás, tem ainda um potencial enorme, de acordo com o líder empresarial. O que se precisa são políticas públicas que impulsionem esse setor que só nesse polo da Região da 44 emprega mais de 160 mil pessoas de forma direita. "Nesse sentido, a manutenção da desoneração da folha de pagamento para esse segmento da confecção é fundamental. Sobre a qualificação de mão obra é algo que os estados e municípios podem ajudar muito. Aqui em Goiás, inclusive, há o programa Cinturão da Moda, implantado pelo governo estadual em pareceria com a AER44. É um programa que atua em várias frentes de incentivos desse setor, com auxílio para organização de cooperativas de costureiras, cursos de capacitação gratuitos, oferta de crédito a custo zero pela agência de fomento estadual para que pequenas e médias industrias consigam incrementar sua produção com novos equipamentos’, justifica. "Outro quesito fundamental é se ter uma política tributária mais justa,” destaca o empresário.
FFoto: Edmar Wellington
Assembléia Legislativa debate estratégias de incentivo
Na quarta-feira (14) da semana passada ocorreu um debate (Café Político) promovido mensalmente pela Faje - Federação das Associações de Jovens Empreendedores e Empresários do Estado de Goiás - em Goiânia. O encontro foi realizado na nova sede da Alego - Assembleia Legislativa de Goiás, no Palácio Maguito Vilela, com o objetivo de promover a discussão sobre a importância da moda goiana e quais as formas de incentivar esse setor a partir de políticas públicas no Estado.
Participaram do evento o diretor superintendente do Sebrae Goiás, Antônio Carlos de Souza Lima Neto e Lauro Naves. Souza Lima destacou a importância do Sebrae em fortalecer o segmento da moda em Goiás, não só em espaços onde já há potencial em desenvolvimento, como na Região da 44, mas, também, em lugares onde o mercado sofre com dificuldades de crescimento. Isso porque a instituição apoia diretamente os micro e pequenos empreendedores por meio de consultorias, cursos e outros serviços. “A Rua 44 é o principal polo de comercialização de vestuário de Goiás. Ali há uma grande representatividade de pequenos negócios estabelecidos, onde o Sebrae atua diretamente com suporte, consultorias, assessorias e promoção de eventos”, afirmou.
Amarê Fashion destaca a produção goiana
O superintendente também frisou a relevância da Amarê Fashion – Semana da Moda Goiana, evento realizado pelo Sebrae Goiás em parceria com o governo estadual e o Sistema Fecomércio/Senac/Sesc, de 29 de agosto a 2 de setembro, que surgiu da necessidade de enfatizar o regionalismo da cultura goiana, já que o estado é o sétimo maior produtor de vestuários do país, sendo responsável por aproximadamente 75 por cento da produção total da Região Centro-Oeste. “A Amarê Fashion é a consolidação da junção de todos os atores que representam a moda no estado, promovendo cada vez mais esse setor para o Brasil e para o mundo”, pontuou.
Lauro Naves, ressaltou a Amarê Fashion como evento fundamental não só por apresentar o que Goiás tem para oferecer ao restante do Brasil com a sua visão sobre moda, mas principalmente por oferecer capacitação às pessoas desse setor, pois só assim empreendedores e, especialmente, as mulheres empresárias poderão potencializar suas vendas e lucros. Segundo Naves, toda a força da Região da 44, com mais de 16 mil lojas e circulação de mais 22 milhões de peças mensais não é suficiente para que Goiás cresça mais. “Não adianta ter a Região da 44 forte se eu não tenho uma Campinas forte, uma Bernardo Sayão forte, um Centro revitalizado. São ações que precisam sair do papel para que a pessoa sinta o desejo de sair de casa e ir até lá comprar”, disse.
Projeto Cinturão da Moda
Juntamente com o governo e com as instituições privadas, Naves diz que a região da 44 tem recebido apoio financeiro a partir do projeto Cinturão da Moda. A ideia é transformar as vias em ruas inteligentes, onde haverá calçadões para que as pessoas transitem melhor, mais arborização para contribuir com o meio ambiente e sinalização, para facilitar a experiência de compra.
O deputado estadual Virmondes Cruvinel, por sua vez, afirmou que o estado tem trabalhado nas fiscalizações e na facilitação de leis que ajudem os micro e pequenos negócios e as indústrias goianas. Seguindo o mesmo pensamento, o secretário de Estado de Indústria e Comércio, Joel Sant’anna, disse que conta com o apoio do Sebrae e outras instituições para ajudar empreendedores que ainda atuam de forma irregular a se capacitarem e saírem da ilegalidade.