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Denim City SP realiza webinar sobre a moda e o COVID-19

By Marta De Divitiis

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Moda

Na segunda-feira (30) a Denim City SP realizou um webinar com empresários e a Abit - Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção - para discutir os rumos da moda brasileira durante e depois da pandemia do COVID-19.

Sob mediação de Marco Tulio Ribeiro (XP Investimentos) Grasiela Moretto (UFO Way), José Mauricio D’Isep (Vicunha Têxtil), Fábio Covolan (Canatiba Denim), Hadi Hamade (Consciência Jeans), Carlos Ferreirinha (MFC Consult) e Fernando Pimentel (Abit) falaram sobre o momento atual e o que esperam quando a pandemia findar.

Grasiela ressaltou que a Ufo Way trabalha com Private Label e precisou falar com todas as marcas para as quais trabalham antes de decidir o fechamento das operações, que ocorreu dia 18 de março. Segundo ela, que é diretora administrativa da empresa, 50 por cento dos funcionários voltaram a trabalhar a partir de dia 30. “No entanto, fico pensando pra onde iremos escoar a produção depois que tudo passar? Acredito que vamos descobrir conforme as coisas vão acontecendo,” finalizou.

D’Isep, presidente da Vicunha Têxtil, que conta com indústrias na Ásia e Europa, falou que inicialmente foram introduzidos protocolos de contenção do vírus mas, a partir de março a empresa optou por isolamento horizontal de todos os 7 mil funcionários, com pagamento dos salários integrais. “Não temos que estar observando apenas o fluxo de caixa da empresa, mas também observar toda a cadeia têxtil, uma vez que há muitas empresas frágeis, temos que pensar desde a fibra até o consumidor final,” disse.

Já viemos de um período de recessão e os pequenos varejistas não contam com estratégias para se manter nesse período de turbulência

Hadi Hamade, consultor de varejo, Consciência Jeans

Covolan, diretor de marketing e de exportação da Canatiba Denim, destacou que quando a pandemia teve início a empresa estava em processo de contratação de funcionários. A partir da pandemia o processo foi parado, os funcionários isolados e então passaram a atender as demandas dos clientes, que pediram prorrogação de prazos de pagamento. “Não deixamos de estender a mão aos nossos clientes, mas fico pensando que estamos deixando todo o ônus da questão numa só ponta da cadeia; a partir do fim da pandemia teremos que reconstruir tudo o que foi destruído,”completou.

Hamade contou que a Consciência Jeans fechou antes mesmo do decreto oficial e mostrou preocupação com varejistas menores, muitos em cidades do interior dos vários estados brasileiros. “Já viemos de um período de uns quatro anos de recessão e esses varejistas pequenos costumam ter pouco fluxo de caixa e são eles que me preocupam porque as grandes empresas têm estratégias para resolver questões como essas,”disse.

Ferreirinha colocou que além de consultor ele também conta com uma pequena empresa e contextualizou a situação dizendo que o Brasil entrou nessa crise quando estava vindo de um processo de desaceleração. Acrescentou ainda a questão cultural de não se seguir regras e ressaltou a desconexão da cadeia têxtil brasileira, a segunda em empregabilidade. “É um chamado para todos, todos terão que se apoiar e todos devem sair perdendo um pouco, inclusive os bancos; o que adianta alargar os créditos e aumentar os juros? Teremos que trabalhar a angústia transformando-a em energia para continuar”, falou. Questionou também o lançamento de coleções nessa época de isolamento.

Pimentel avaliou o trabalho da Abit com os sindicatos e associações, inclusive de outros setores da economia e ressaltou que a entidade está trabalhando no sentido de transformar indústrias (enfatizando a produção de equipamentos de proteção individual como máscaras e aventais médicos, por exemplo). “Precisamos nos unir e encontrar caminhos novos, pois são um milhão e meio de empregados em todos os estados do Brasil, temos que pensar neles e em como o consumidor vai chegar depois que o isolamento acabar,” falou.

Momento de união e valorização da indústria nacional

Segundo o presidente da Abit, Fernando Pimentel, passado o choque psicológico que a situação proporciona, haverá a necessidade de pensar e realizar. “Que tudo isso seja um aprendizado e encontremos uma rota diferente para o país! A hora é de superar a crise,”disse. Além disso o executivo enfatizou a necessidade do Brasil ter uma indústria mais forte. “Estamos num divisor de águas para a indústria nacional e temos que priorizar o que é feito aqui,” concordou e completou Hamade.

Pimentel mostrou ainda que há a necessidade de se planejar a volta depois do isolamento e disse que para tanto a Abit e outras associações como o Senai - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial e o Sesi - Serviço Social da Indústria entre outras, estão construindo protocolos que permitam que tudo volte paulatinamente. “Este é um bom momento para existir mais sintonia na cadeia têxtil”, justificou.

Grasiela concluiu dizendo que ninguém e nenhuma empresa sairá da situação da forma como entrou. “Temos que compreender que precisamos olhar para todos os elos da cadeia de forma segura, para sairmos dessa crise todos juntos. Sairemos melhores e mais evoluídos, é um convite a todos!” falou otimista.

Fotos: Wes Hicks, Perry Grone/Unsplash

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