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Desaceleração da economia chinesa impacta a indústria de moda no Brasil

By Marta De Divitiis

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O Escritório Nacional de Estatísticas (NBS, na sigla em inglês) acusou uma desaceleração de 2,9 por cento na indústria chinesa, provavelmente por conta do combate ao coronavírus (o governo chinês fechou várias cidades numa política de tolerância zero em relação à disseminação do vírus), segundo o jornal O Estado de S. Paulo noticiou na terça-feira (17). Uma das cidades afetadas, Xangai, possui 9 mil indústrias e, de acordo com Fu Ling Hui, chefe da NBS, metade delas já estaria voltando às atividades normais.

Fornecedora de insumos para a cadeia de moda no Brasil, esse desaquecimento causou um certo impacto no mercado. Segundo Fernando Pimentel, presidente da Abit - Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção, a entidade fez uma enquete e constatou que 65 por cento dos respondentes disseram sofrer algum tipo de problema no abastecimento de insumos de matérias primas. Entre as causas ficaram em destaque o aumento de preço internacional, problemas na logística de transporte, escassez de insumos no mercado e a questão da greve dos fiscais da Receita Federal, que acabaram atrasando os desembaraços,”disse.

Entre as causas dos problemas no abastecimento de insumos de matérias primas foram destaque o aumento do preço internacional, logística, escassez de insumos e greve dos fiscais da Receita Federal, que atrasaram desembaraços

Fernando Pimentel, presidente da Abit

Os empresários que disseram sofrer problemas, 50 por cento revelaram ser dificuldades moderadas, 32 por cento muita dificuldade e 8 por cento, extrema dificuldade, acusou a enquete promovida pela Abit. Alguns insumos seriam aviamentos, algodão (que subiu muito o preço), o custo energético, químicos e embalagens. “É um pot-pourri vinculado mais à questão de custos; isso tudo mostrando que a temática abrange vários países uma vez que a China é o principal exportador de insumos ela foi citada com preocupação na cadeia de abastecimento e depois o Brasil, que é o maior abastecedor de seu mercado,” fala Pimentel.

Na questão dos preços, explica o executivo, é um assunto que talvez seja mais preocupante para todos. “Em linhas gerais o processo continua, com lockdown na China, a guerra na Ucrânia e o desdobramento disso na pressão das margens das companhias e as dificuldades em ajustar o capital de giro a essa forte demanda decorrente do aumento de custo dos insumos,”conclui.

Impactos irreversíveis na cadeia calçadista

Luiz Ribas Junior, gestor de mercado internacional da Assintecal - Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couros, Calçados e Artefatos, explica que a pandemia impactou diretamente nos fluxos das cadeias produtivas locais. “Sobretudo afetou a oferta de insumos utilizados em diferentes tipos de componentes, especialmente itens que tem como única fornecedora a China. Em geral foram, diferentes desafios, tais como taxa de câmbio desvalorizada e com bandas de flutuação elevadas, gerando incertezas nos processos de importação e exportação, variação nos preços internacionais de commodities e do petróleo, o problema logístico gerado pela contínua política de contaminação zero e, mais recentemente, efeitos econômicos gerados pela guerra entre Rússia e Ucrânia,”diz.

Ribas Junior explica que os efeitos da oferta e demanda e os diferentes elos da cadeia produtiva do calçado não conseguem segurar o repasse no aumento dos custos. “O resultado é um produto mais caro para o consumidor e a Assintecal acredita se tratar de um período transitório, mas com impactos irreversíveis.” O executivo enfatiza que em médio e longo prazo os valores maiores vão impactar numa reorganização geográfica da produção para localidades mais próximas, uma oportunidade que deve ser aproveitada por países como o Brasil.

Fotos: Lalit Kumar/Unsplash e Dean Hergert/Unsplash

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