• Home
  • Notícias
  • Moda
  • Estas serão as 10 maiores tendências de consumo em 2019

Estas serão as 10 maiores tendências de consumo em 2019

By Marjorie van Elven

loading...

Scroll down to read more

Moda

O instituto internacional de pesquisa de mercado Euromonitor acaba de publicar um relatório sobre as 10 maiores tendências de consumo a se esperar em 2019. A FashionUnited teve acesso ao documento e te conta quais são.

Todo mundo é especialista

Os consumidores estão ficando cada vez mais espertos. Foi-se o tempo em que eles dependiam de um número limitado de fontes para buscar ideias, inspirações e informações sobre os produtos que desejam comprar. Hoje em dia, existe uma infinidade de fontes de informação, talvez até fontes demais: mídias sociais, fóruns, resenhas, tutoriais… Tudo isso está fazendo com que a relação entre marcas e clientes mude. “As empresas terão de inovar constantemente, procurar sempre oferecer preços competitivos e deixar seus produtos cada vez mais bonitos” se quiserem continuar relevantes. Os ditados “o cliente tem sempre razão” e “a melhor propaganda é o boca-a-boca” nunca foram tão verdadeiros, já que cada vez mais as pessoas confiam em seus amigos, conhecidos e influenciadores digitais para decidir o que consumir.

Auto-suficiência

Já que a resposta para quase qualquer pergunta está apenas a alguns cliques de distância, muitas pessoas sentem que não precisam mais consultar um profissional na hora de tomar decisões sobre seu guarda-roupa, dieta, rotina de exercícios, decoração da casa etc. E, neste contexto de auto-suficiência, muitos acabam achando que produtos genéricos, produzidos em massa, simplesmente não são a melhor opção para o seu caso. Estes consumidores estão se voltando para apps e sites que os permitem customizar ou até mesmo criar um produto único. Desta forma, eles não precisam “bater perna” por aí ou se expor tanto a propagandas para encontrar o que querem. Aliás, vale lembrar que muitos consumidores estão cansados de anúncios-- o sucesso dos serviços de bloqueio de anúncios na Internet, os chamados “ad blocks”, está aí para comprovar.

A companhia americana Stitch Fix é um bom exemplo de empresa que está de olho nessa tendência. Trata-se de um site onde as pessoas podem pedir para receber uma caixa com roupas e acessórios, a hora que quiserem. O conteúdo é decidido por consultores de estilo e algoritmos. Assim que a caixa chega na casa da pessoa, ela pode decidir quais itens comprar e quais devolver e só paga pelos items com que ficar. Com base nisso, a Stitch Fix recalcula seu algoritmo e vai melhorando o conteúdo das próximas caixas. Já no Canadá a Indochino vende ternos sob medida pela Internet. Cabe ao internauta tirar suas próprias medidas e, a partir disso, escolher exatamente como quer seu terno entre diversas opções de tecidos, cores, lapelas, bolsos e botões.

Quanto mais rápido, melhor

As gerações mais velhas costumam acusar os jovens de querer tudo para ontem. De acordo com a pesquisa do Euromonitor, isso é verdade, mas há bem mais por trás desse comportamento do que apenas falta de paciência. As pessoas são muito mais ocupadas hoje em dia do que há décadas atrás e as novas tecnologias transformaram nossa relação com o tempo. Por isso, diz o Euromonitor, “os consumidores estão em busca de empresas e serviços eficientes que facilitem suas vidas, permitindo que eles se preocupem menos e possam dedicar mais tempo ao seu trabalho, família e amigos”.

Neste contexto, agilidade é fundamental para o sucesso de qualquer empreendedor. Uma pesquisa recente apontou que lojas virtuais que oferecem novos items toda semana vendem mais do que aquelas que são consideradas mais estilosas, porém têm um ritmo de renovação de catálogo mais lento. A velocidade de entrega também conta pontos: nos EUA, a Amazon já oferece entrega no mesmo dia ou no dia seguinte e abriu uma série de lojas sem caixa: as pessoas podem simplesmente pegar o produto que quiserem e escaneá-lo com o smartphone para o valor ser automaticamente cobrado de seu cartão de crédito. É apenas uma questão de tempo para serviços assim se espalharem por outros países.

Outro exemplo de como o mundo da moda está atendendo a esse desejo de agilidade são os desfiles “See Now, Buy Now” (“Veja Agora, Compre Agora”): não é mais preciso esperar meses para encontrar nas lojas o que se vê nas passarelas.

Minimalismo ostentação

Com tanta informação pipocando em nossas linhas do tempo e tantas opções de produtos para se consumir, muita gente está enfrentando uma espécie de ressaca do consumo: palavras como “simplificar”, “desconectar”, “detox” e “minimalismo” estão com tudo. Basta ver o sucesso de Marie Kondo, a consultora japonesa de organização que é best seller nas livrarias e agora também sucesso na Netflix. Kondo aconselha as pessoas a se livrar de todo e qualquer objeto que não lhe “desperte alegria”.

É por isso que produtos e serviços que se vendem como “artesanais”, “tradicionais” ou “feitos à mão” estão se tornando a nova forma de ostentar, a nova forma de demonstrar o quanto se é único e descolado. É o reflexo de um desejo de voltar às origens, a um passado onde as coisas não eram produzidas em massa, mas sim com cuidado. Cervejarias artesanais, cosméticos naturais, barbearias à moda antiga, restaurantes com comida orgânica e local… Tudo isso faz parte dessa tendência.

Na moda, as coisas não são diferentes: ano passado, três marcas de luxo (Celine, Balmain e Burberry) mudaram sua identidade visual, adotando uma logomarca mais minimalista, fontes quadradas e monogramas mais simples. As semelhanças não são mera coincidência: menos é mais no novo luxo. Pelo menos até a moda passar e cobrir-se de jóias e roupas chamativas volte a ser considerado chique.

Tchau, plástico

Outra tendência prevista pelo Euromonitor é que os consumidores usem cada vez mais o bolso para protestar contra o uso exagerado de plástico. Em 2018, glitter e canudos descartáveis foram alvo de boicotes. Embalagens plásticas desnecessárias, microesferas de plástico em produtos de beleza e outros produtos descartáveis serão os próximos.

Em 2018, diversas marcas de moda entraram de cabeça nessa causa, lançando coleções feitas com garrafas PET recicladas. Além disso, 290 empresas multinacionais, que juntas produzem 20 por cento de todas as embalagens de plástico do mundo, fizeram um acordo ano passado para reduzir drasticamente o uso do material e promover a reciclagem do mesmo. Várias empresas de vestuário fazem parte do acordo, como a C&A, H&M e Marks & Spencer.

Consumidores conscientes

Mas não é só em relação ao plástico que os consumidores estão criando consciência. Muita gente também têm prestado atenção se as empresas testam produtos em animais ou se seus empregados recebem salários dignos. Embora o estilo de vida vegano esteja crescendo, o Euromonitor aposta que mesmo quem não é vegano vai passar a se preocupar mais com o bem-estar dos animais e exigir isso das empresas. Já adiantando essa tendência, a Asos, loja virtual de roupas presente em diversos países, decidiu não vender mais nenhum produto que contenha pêlo de cabra angorá, cashmere e seda.

JOMO: joy of missing out

Você já deve ter ouvido falar em FOMO, sigla para “fear of missing out” (medo de estar por fora, medo de perder alguma informação ou evento). Pois parece que o jogo está virando. Provando mais uma vez que os consumidores estão cansados de tanta informação e propaganda, a nova sigla da moda é “JOMO, joy of missing out”, que significa “alegria de estar por fora”, sentir prazer em não ficar sabendo das coisas, não estar antenado, não participar, ficar em casa.

“O medo de estar por fora está sendo substituído por um movimento de reapropriação do tempo livre”, explicou o Euromonitor, acrescentando que as pessoas querem também mais equilíbrio entre vida pessoal e profissional. De acordo com a empresa, cada vez mais pessoas estão escolhendo passar menos tempo na Internet, se desconectar totalmente por um determinado período ou até mesmo trocar o smartphone por um celular antigo, tudo na tentativa de preservar sua sanidade mental e dedicar atenção plena à família, amigos e lazer.

E, claro, já tem empresas faturando em cima dessa tendência: você já ouviu falar em cafés e restaurantes que se recusam a dar a senha do WiFi para os clientes, tentando encorajá-los a conversar uns com os outros? Spas que prometem ajudar as pessoas a se desconectar de tudo também estão em alta, assim como livros e sites pregando as vantagens de comer devagar, viajar devagar etc. Na moda, o sucesso de roupas esportivas e confortáveis (o chamado “athleisure”, palavra em inglês que combina os termos “atleta” e “lazer”) é reflexo disso.

Juntos digitalmente

A tecnologia deixou as pessoas mais próximas: Whatsapp, edição de documentos por várias pessoas em tempo real, reuniões de trabalho por Skype… Quanto mais pessoas adquirem acesso à Internet banda larga, mais as distâncias tendem a ser encurtadas. E, de acordo com o Euromonitor, a quantidade de atividades que poderemos fazer juntos no mundo digital só tende a aumentar e ficar mais parecidas com as interações da vida real. Pode-se esperar, portanto, que as empresas reajam a essa nova realidade, lançando produtos e serviços baseados em inteligência artificial, realidade virtual e análise de dados.

Vivendo sozinhos

Apesar da tecnologia ter nos aproximado de quem está longe, o fato é que nunca estivemos tão sozinhos. Estima-se que, no mundo todo, o número de casas onde só mora uma pessoa ultrapasse o de casas com duas pessoas ou mais -- é o que diz um estudo recente do instituto de pesquisa americano Pew Research Center. As gerações mais jovens estão rejeitando cada vez mais casamento e filhos. Até mesmo morar junto com o parceiro, sem casar de papel passado, está saindo de moda. De acordo com PRC, quando os jovens americanos de hoje tiverem 50 anos, 25 por cento deles nunca terá se casado.

O que isso significa? Menos filhos, mais dinheiro sobrando. Junte a isso a “alegria de estar por fora” e o que teremos é um número cada vez maior de adultos usando seu tempo livre para estudar, viajar, sair, consumir. Também é de se esperar que cada vez mais pessoas permaneçam morando em grandes centros urbanos mesmo após uma certa idade, em vez de se mudar para o interior. Outra coisa que as empresas devem levar em conta é que quem mora sozinho prioriza a praticidade e a economia. Roupas que secam rápido e não precisam ser passadas a ferro, por exemplo, são uma mão na roda para eles.

Melhor idade

Idade é só um número, certo? De acordo com o Euromonitor, ninguém acredita mais nisso do que as pessoas que estão na faixa dos 50 anos. O acesso à saúde aumentou ao redor do mundo, o que fez com que a expectativa de vida aumentasse -- e vai continuar aumentando, em todos os países. No Japão, por exemplo, em 2025 mais da metade da população terá mais de 50 anos. Consequentemente, as pessoas dessa faixa etária não se sentem velhas. E nem deveriam! Elas já não se comportam como as antigas gerações e por isso querem ser tratadas como mais jovens, afinal ainda têm vitalidade e disposição. Produtos que não sejam pensados apenas para uma geração específica ou que levem em conta que esse grupo ainda tem muito para viver irão fazer sucesso.

Fotos: Pixabay, Choosy Facebook, FashionUnited, divulgação Recess, divulgação The Kooples + PETA, REI Facebook, Pixabay

Euromonitor
Tendencias
tendências 2019
tendências de consumo
tendencias de moda