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Festival SPFW N51 celebra a diversidade

By Marta De Divitiis

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Moda

A edição número 51 do SPFW - São Paulo Fashion Week - aconteceu, como um festival intitulado Regeneração. O evento pode ser conferido entre os dias 23 e 27 de junho pelo site e pelas redes sociais. Ao mesmo tempo, alguns prédios do centro de São Paulo receberam projeções dos fashion films. Foram 43 fashion films e várias lives onde profissionais de diferentes áreas discutiram temas como a sustentabilidade, gestão de negócios e empreendedorismo. Além disso dentro da grade de desfiles houve o Projeto Sankofa, um coletivo de estilistas negros, iniciativa da plataforma Pretos na Moda e da startup VAMO - Vetor Afro Indígena na Moda, celebrando e colocando em pauta a diversidade na moda.

Formas amplas e conforto

Talvez influenciados pela pandemia e a necessidade de mais aconchego, a maior parte das coleções, tanto masculinas, como femininas ou sem gênero, optou pela modelagem ampla. Ombros largos, calças e bermudas folgadas, camisas, em tecidos mais fluídos. Estiveram presentes na Anacê (marca estreante), na Àlg, em peças streetwear, na modelagem de A. Niemeyer, nas calças com pregas de João Pimenta e nas mangas plissadas da Neriage. O estreante Weider Silvério contrapôs a amplidão das formas à peças mais próximas ao corpo enquanto Fabiana Milazzo utilizou essa amplidão nas calças compridas.

Peças para sair na rua

Boa parte do país se isola ainda em casa devido à pandemia, outra parte continua saindo. No entanto, a vontade de poder estar ao ar livre, sem problemas e nem impedimentos, talvez tenha influenciado os designers, que criaram parcas e os trench-coats em muitas coleções, assim como as jaquetas corta-vento e outras estilo Bomber ou Perfecto. Puderam ser observados em Freiheit, Martins, Another Place, no estreante Igor Dadona e em Rocio Canvas. Em Victor da Justa as jaquetas vieram cropped e com estampa de QRCode. A marca estreante Misci veio com jaquetas de modelagem mais reta, quadrada, combinadas com bermudas e calças cropped.

Romantismo dando o tom

Os vestidos e saias leves, muitos com detalhes de babados, franzidos na cintura, delicados estiveram presentes em várias coleções, assim como as tonalidades claras e estampas florais. Gloria Coelho trouxe vestidos fluídos, saias transpassadas, minimalistas. Igor Dadona, pela primeira vez no evento, trouxe tecido floral acetinado, e o Apartamento 03 também apresentou peças leves, com detalhes em babados. Os franzidos em coulissés vieram em decotes na LED, em Rocio Canvas, em Carol Basci em saias 3 Marias, também utilizada por Flávia Aranha. Wilson Ranieri, de volta ao evento, buscou inspiração a partir de uma estampa floral miúda. Isabela Capeto valeu-se de bordados de plantas e frutas, além de babados e detalhes em passamanaria.

Upcycling em alta

Os estilistas têm pensado e utilizado bastante o upcycling, reaproveitamento de materiais. João Pimenta chegou a fazer patchwork de bandeiras de amostras de tecidos, oferecendo um visual bem rico e cheio de referências. O estreante Neith Nyer (cuja marca mudou de nome para Rolê) utilizou tecidos reciclados e tinturaria orgânica. Na LED Célio Dias trouxe o reaproveitamento em peças de crochê e outras, tinturadas. A estreante Soul Básico veio com patchwork em denim, em calça comprida e em parca ampla. O Projeto Ponto Firme, capitaneado por Gustavo Silvestre, fez um mix de tricô e crochê. Renata Buzzo parte do estudo de superfície em que utilizou 98 por cento dos tecidos, cujos retalhos formaram franjas e detalhes em tressê. Lilly Sarti fez um patchwork em denim em jaqueta e shorts. Samuel Cirnanski desconstruiu o corselete, aproveitando e revestindo as barbatanas de pérolas e cristais, usados com saias amplas, em tule.

Moda como plataforma de expressão política

O evento teve início pela apresentação da coleção Terra de Gigantes, de Ronaldo Fraga, todo inspirado e ambientado no Cariri cearense. Vestidos em linho, cores primárias e secundárias, além de rendas. De acordo com Fraga, a cultura brasileira deve ser enaltecida. “Os verdadeiros mitos devem ser reverenciados,”disse explicando a inspiração. “Essa coleção é um manifesto poético político,” finalizou.

Isaac Silva trabalhou estampas de folhas, nos remetendo à mata. “Moda pode ser política, mostrando inclusive o que anda ocorrendo com nossos irmãos indígenas. Precisamos de união, porque todos nós precisamos viver,” explicou.

O projeto Ponto Firme, onde Gustavo Silvestre trabalha com detentos, está temporariamente parado devido à pandemia, mas a marca está trabalhando com artesãos egressos, em liberdade. Esta é a forma que o estilista encontrou para tentar reinserir esses homens na sociedade de forma digna.

O estreante Walério Araújo mostrou um pouco do que já realizou nos últimos 30 anos, com peças emblemáticas, cheias de franjas e brilhos, vestidos por um cast de amigos modelos, Draq Queens e figuras importantes da noite paulistana, mostrando que a Moda representa e veste a comunidade LGBTQIA+ em momentos de escape.

Projeto Sankofa

Com iniciativa da plataforma Pretos na Moda e VAMO, apoio do IN-Mod - Instituto Nacional de Moda e Design, contou com oito marcas. O Ateliê Mão de Mãe, que trabalhou o crochê, teve início na pandemia e hoje é um coletivo de mulheres. Já a marca Meninos Rei trouxe tecidos da Guiné Bissau, que foram trabalhados em costumes. Santa Resistência buscou inspiração na princesa de Uganda, Elizabeth de Toro, em roupas bastante sofisticadas. Mile Lab fez uma coleção celebrando a ancestralidade das avós costureiras. TA Studio trouxe uma coleção gênero e Silvério fez uma coleção toda em preto, falando da falta de luz. Az Marias trouxe detalhes de búzios e Naya Violeta veio com peças coloridas.

Fotos: cortesia SPFW, Leo Fagherazzi, cortesia A Niemeyer, Alg, Victor da Justa, Igor Dadona, Freiheit, cortesia Apartamento 03, Lupré, cortesia João Pimenta, Marina Sapienza, Haryan Buzzo, cortesia Ronaldo Fraga, Flora Negri, cortesia Walério Araújo, cortesia Ateliê Mão de Mãe, Bruno Gomes e Hick Duarte

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