Linus leva a sustentabilidade além dos produtos e tem crescimento exponencial
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Com a sustentabilidade diretamente atrelada ao negócio a marca criada por Isabela Chusid em 2018, aos 23 anos, compensa a emissão de carbono e 200 por cento de todo o plástico que produz. O objetivo é se tornar carbono negativa até 2026. Detentora dos selos Eu Reciclo, Carbon Free e certificados pela organização internacional de direitos dos animais PETA, a Linus também esteve presente na passarela da New York Fashion Week, em setembro de 2021, no desfile da coleção do nova-iorquino Carlton Jones.
Na lista Under 30 que a revista Forbes concede anualmente aos jovens mais promissores, Isabela ficou entre os seis jovens empreendedores na categoria Moda, em 2021. “Me sinto muito feliz com esse reconhecimento. É uma honra ser um dos destaques da geração que está transformando não só o mercado da moda, como também todo o mercado de bens de consumo. Estar na Under 30 enfatiza a nossa responsabilidade e relevância na busca por um futuro mais sustentável, além de me deixar ainda mais entusiasmada em mudar esse mercado”, comemora a jovem executiva, no release de divulgação. Ao FashionUnited, Isabela concedeu entrevista exclusiva. Confira abaixo.
FashionUnited: A ideia do negócio partiu da solução para um problema real (a necessidade de um calçado anatômico). Quanto tempo demorou entre a ideia e a venda do primeiro lote de calçados e quanto foi o investimento inicial?
A Linus nasceu de uma dor não só minha como também coletiva. Criamos a Linus para suprir a necessidade de quem procura conforto e sustentabilidade, sem abrir mão do estilo, para as pessoas não precisarem mais ter que decidir entre itens da moda, confortáveis ou sustentáveis. O modelo é anatômico e foi projetado por designers, engenheiros de material, ortopedistas e especialistas em palmilhas. Da ideia à venda foram aproximadamente seis meses. Nosso investimento inicial foi de 50 mil reais, de capital próprio.
Como se deu o início das vendas? Via Internet? Para consumidor final?
Comecei por e-commerce, vendendo diretamente ao nosso público, em dezembro de 2018. No mesmo mês (e ao longo de 2019) participamos de algumas feiras por São Paulo, que reúnem pequenas marcas com propósito. Foi uma ótima oportunidade para conhecer e interagir com os nossos clientes, além de reunir um feedback valioso.
Como funciona a loja parceira?
Nós temos parcerias com algumas lojas espalhadas pelo Brasil, que tem um bom ajuste com a Linus e tornam nosso produto ainda mais acessível pelo país. Além destas lojas, nós temos duas lojas próprias em São Paulo: a Casa Linus (em Pinheiros) e um ponto no SHOPS Jardins.
Essa abertura no SHOPS Jardins tem relação com a omnicanalidade?
Enquanto uma marca nativa digital, sabíamos que nossa expansão para o mundo físico, além da Casa Linus, deveria ser escolhida cuidadosamente. No SHOPS Jardins conseguimos oferecer uma experiência diferenciada de compra no espaço físico que, ainda assim, se mantém totalmente conectada ao universo que nosso público já conhece pelo digital. O espaço tem céu aberto e natureza, com jardins horizontais e verticais, além de serviços exclusivos.
Sendo um calçado que respeita as curvas dos pés, por que optar por numeração dupla?
Somos uma startup e acreditamos em uma estrutura enxuta - especialmente para iniciarmos a empresa. Foi uma decisão visando otimizar nosso investimento e alcançar um público maior.
A camisa de linho será um item constante da marca? Pretendem aumentar a linha de vestuário?
Optamos por expandir nosso portfólio de uma maneira consciente e sustentável, sem produção excessiva, sem ter que descartar produtos e com o menor impacto possível no meio ambiente, após escolher a dedo nossos fornecedores. É o primeiro passo do nosso objetivo de ser realmente uma marca de estilo de vida, para além das sandálias. A camisa é uma edição limitada, não faz parte da nossa coleção permanente, ainda estamos estudando esse mercado.
Como a marca trabalhou durante o isolamento causado pela disseminação do Covid-19?
Na pandemia, a marca cresceu 700 por cento entre janeiro de 2020 e janeiro de 2021, além de ter registrado um crescimento de 500 por cento no primeiro trimestre de 2021, comparado ao mesmo período do ano anterior. Por ser casual e confortável, as sandálias da Linus tiveram alta procura por quem buscava um calçado que pudesse ser usado tanto em casa quanto em ambientes externos. No início da pandemia, outro driver que motivou esse aumento na demanda foi o estímulo ao consumo consciente e sustentável.
Em relação ao nosso time, todos trabalharam de forma remota. Grande parte da nossa equipe, inclusive, entrou durante o momento de isolamento, então tivemos um trabalho especial em receber os novos talentos e integrá-los ao time à distância, até que a gente pudesse se conhecer pessoalmente. Quanto à nossa produção, tivemos que adaptar nosso planejamento de estoque para cumprir com períodos de isolamento de nossos parceiros e evitar, ao máximo, um desabastecimento.
Onde fica a sede da empresa? Os calçados são produzidos onde? E a camisa de linho?
Nosso escritório também é o nosso primeiro ponto de venda físico, a Casa Linus, que fica localizada no bairro de Pinheiros, em São Paulo. Temos muito orgulho em dizer que desenvolvemos a primeira sandália vegana produzida no Brasil com matérias-primas 100 por cento nacionais. A fábrica da Linus fica no Vale dos Sinos/RS. Já a produção da nossa camisa ocorre no interior de São Paulo.
Como teve início a exportação? Fale a respeito.
Como nosso foco, nos primeiros anos de operação, era o território nacional, o início da exportação ocorreu de forma passiva - tanto para os EUA quanto para Portugal, fomos procurados por marcas locais que viam sintonia da Linus com seu público e queriam ser revendedores. Em 2022, pretendemos anunciar novidades internacionais.
Qual é a produção mensal de calçados? E de camisas?
Para evitar desperdício na produção e sobras de estoque, realizamos a produção de cada cor de acordo com a demanda, que varia ao longo do ano. As Linus são sandálias injetáveis, feitas de PVC ecológico expandido, um material 100 por cento reciclável, vegano, livre de metais pesados. Já as camisas foram produzidas em uma tiragem única e limitada, com cada unidade numerada à mão nas etiquetas.
Fotos: Leo Martins; Marcelo Seba e Lívia Wu