• Home
  • Notícias
  • Moda
  • Lojistas satélites utilizam criatividade para driblar problemas pós-pandemia

Lojistas satélites utilizam criatividade para driblar problemas pós-pandemia

By Marta De Divitiis

loading...

Scroll down to read more

Moda

Foto: Alex Motoc/Unsplash

O fechamento dos shopping centers e do comércio durante a pandemia de Covid-19 foi um duro golpe para os varejistas, que se depararam com o dilema: como fazer agora? Fechar as portas, desistindo de tentar manter o negócio ou se reinventar? Enquanto alguns optaram por fechar, outros se adaptaram aos novos tempos, mudando padrões e desenvolvendo estratégias que se revelaram positivas. Para tanto foi preciso usar toda a criatividade e jogo de cintura, mostrando grande resiliência. FashionUnited teve acesso a alguns lojistas associados da Ablos - Associação Brasileira dos Lojistas Satélites - que revelaram as medidas adotadas que obtiveram sucesso. Vale lembrar que as lojas satélites são lojas dentro de shopping centers, com até 230m2.

“Apesar de todas as dificuldades enfrentadas, foram criadas estratégias que demonstram o poder de adaptação e resiliência dos lojistas satélites. Usaram criatividade e dedicação para se adaptarem ao mercado e aos novos comportamentos do consumidor. Ainda há reflexos da pandemia nos negócios e vai levar algum tempo para que se reorganizem. Porém, se reinventar, criar novas ferramentas e oportunidades é fundamental para manter a excelência de suas empresas, ” explica Mauro Francis, presidente da Ablos. Vejam abaixo as soluções encontradas por alguns deles.

Foto: Jorge Fernández Salas/Unsplash

Negociações com shoppings, fornecedores e empréstimos bancários

Uma das primeiras iniciativas foi a tentativa de negociação com os shopping centers. De acordo com Andrea Duca, da marca de roupas femininas Gregory, essa negociação, logo no início do fechamento do comércio, foi fundamental. Enquanto alguns shoppings se mostraram bastante receptivos, outros foram inflexíveis na redução de valores de aluguéis, por exemplo. Assim, alguns optaram por encerrar a operação das lojas nestes shoppings que se mantiveram irredutíveis na questão. Esse foi o caso da The Craft, de calçados Premium. Já Andrea explica que em alguns empreendimentos a empresa mudou a localização da loja no mesmo shopping, o que trouxe como vantagem, novos contratos, sem antigas onerações. Negociações contínuas com todos os shoppings são muito importantes, de acordo com a executiva.

David Gonçalves, da The Craft e Luiz Barcelos, da rede de calçados femininos Luiza Barcelos buscaram aporte financeiro obtidos via empréstimos do Pronampe – Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, lançado em maio de 2020 pelo governo federal, que serviu de auxílio durante esse primeiro momento. Segundo Barcelos esse suporte governamental teve por objetivo manter os empregos de funcionários, sem baixar o caixa da empresa. Em seguida passou a negociar com fornecedores, clientes e franqueados, buscando união com o objetivo de se fortalecerem e buscarem soluções conjuntas.

Foto: Brooke Lark/Unsplash

Reforço da tecnologia

Uma das primeiras providências necessárias diz respeito ao e-commerce. Algumas marcas, como a The Craft, incrementaram seu site de vendas e outras, como a Gregory, adiantaram melhorias que pretendiam realizar no futuro. “Nosso e-commerce vinha bem, mas trouxemos o estoque das lojas que estavam fechadas para dentro dele e isso foi muito positivo. Hoje sabemos que o estoque do e-commeerce deve ser cinco vezes maior do que o estoque de uma loja física,” explica Andrea. Ao mesmo tempo investiram em laptops e telefones diferenciados. Na Luiza Barcelos, o canal online já era bem representativo dentro do quadro de vendas, de acordo com Barcelos e os investimentos digitais auxiliaram os demais canais a fazer as vendas. Hoje a empresa está fortalecendo a omnicanalidade com o objetivo e otimizar o varejo.

Mudanças de paradigma

Fechamento das lojas não lucrativas e mudança de layout das demais oferecendo mais atratividade foi a providência adotada na Gregory. Em 2021 a loja matriz da avenida Henrique Schaumann em São Paulo foi repaginada com grande sucesso. Aos poucos foram realizando mudanças nas demais lojas. “Hoje, a cada dois meses, reestruturamos uma loja”, explica Andrea. “Paralelamente, mexemos na remuneração das equipes de gerentes e vendedores de loja, melhorando seus ganhos, o que trouxe excelência dentro das unidades, com os funcionários trabalhando mais motivados", conclui a executiva.

A diversificação do portfólio de produtos foi a sacada da The Crafit, que até então só vendia calçados.“Com a implantação do home office, nosso produto passou a não ser necessário naquele momento; assim ampliamos nosso leque passando a comercializar camisaria, moleton, roupas de banho, inclusive de outras marcas como Diesel, La Martina, New Ballance, Blue Man, entre outras”, diz Gonçalves. Hoje incluem também uma carta de vinhos e drinks. “Estamos buscando uma recorrência de nossos clientes. Como nossos produtos têm excelente qualidade, havia clientes fiéis, que apareciam uma vez ao ano. Hoje isso ocorre a cada dois, três meses ou mesmo mensalmente,” justifica.

Além do aumento do mix de produtos, a The Craft apostou na abertura de uma loja em Moema, bairro nobre de São Paulo, com 300m2. Apesar de ter sido inaugurada em novembro de 202O, em dezembro já teve um bom desempenho, mas com o segundo lockdown, houve uma decaída que, atualmente, já está superada e a loja tem tido um desempenho satisfatório de acordo com Gonçalves.

Foto: Brooke Cagle/Unsplash

Conselhos aos colegas

Andrea explica que é importante continuar investindo, mesmo ainda pagando os empréstimos realizados ainda em 2020. É importante investir em propaganda, em redes sociais, em novidades na coleção. “Esse tipo de investimento é fundamental para que a marca não seja esquecida”, justifica.

Para Barcelos o importante é sempre estabelecer parcerias honestas tanto com os colaboradores, como fornecedores e clientes. Segundo ele isso é um grande diferencial e que impulsiona o negócio, mesmo em momentos de insegurança.

Gonçalvez explica que a persistência é fundamental. “Houve uma mudança de comportamento do consumidor, que passou a dar valor a outras coisas, como viagem e lazer deixando de consumir muitos itens. Hoje ter um planejamento eficaz sobre venda, fluxo de caixa, de estoque é muito difícil. O ritmo mudou, daí a persistência que é necessária, apesar do desânimo que dá às vezes. Somos eternos esperançosos,” conclui.

Ablos
Andrea Duca
Calçados
David Gonçalves
E-commerce
Gregory
Luiz Barcelos
Luiza Barcelos
Mauro Francis
Moda Feminina
modamasculina
The Craft