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Mercado português de calçados aposta no público norte-americano

By Jackie Mallon

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Moda

Nos últimos dez anos, as vendas de calçados portugueses aumentaram mais de 60 por cento, de acordo com dados da associação portuguesa de calçado (APICCAPS). Todos os anos, Portugal exporta mais de 82 milhões de pares de sapatos por um valor total superior a 2 bilhões de dólares. Mas a indústria de calçados portuguesa está mesmo é de olho nos EUA.

A FashionUnited conversou com Luís Onofre, presidente da APICCAPS, e Leslie Gallin, presidente de calçados da UBM Fashion, empresa que organiza a feira nova-iorquina Project Sole New York, focada no mercado masculino.

Como vocês explicam o crescimento do interesse pelo calçado português nos últimos anos?

Onofre: A indústria portuguesa de calçado tem a capacidade de combinar tradição com as mais recentes tecnologias e know-how acumulado ao longo das gerações, juntamente com um design de vanguarda. Existe bastante demanda por sapatos portugueses e nós exportamos para 152 países nos cinco continentes, mas durante muito tempo Portugal investiu principalmente na Europa.

Gallin: Do ponto de vista da fabricação, muitas empresas estão procurando maior qualidade à medida em que retiram a sua produção da China. Portugal investiu em suas fábricas e está produzindo calçados masculinos de alta qualidade, procurando ao mesmo tempo atingir o mesmo patamar com os calçados femininos. Do ponto de vista do varejista, o país está aberto a grupos de compradores, o que significa que dois ou três varejistas trabalham com as marcas como se fossem um só. Dessa forma, conseguem melhores fabricantes e melhores preços.

Existe uma onda de nacionalismo nos EUA. Muitos consumidores querem comprar apenas produtos “made in the USA”. Existe espaço para o “Made in Portugal” nesse contexto?

Onofre: Existem oportunidades suficientes para todos. Acreditamos em uma lógica de comércio livre, justo e equilibrado.

Gallin: Sapato é um produto complicado. O custo de produção de calçados nos Estados Unidos enfrenta muitas questões, como know-how para produzir sapatos de alta qualidade à mão, o que simplesmente não existe no país. Além, é claro, de mão de obra e matéria prima. Diferentemente de outros produtos, os sapatos usados pelos americanos sempre foram feitos em outros lugares e importados. Sim, existem marcas produzindo calçados aqui nos Estados Unidos, as quais nós apoiamos fortemente e ajudamos a promover em nossos eventos.

Este lançamento está acontecendo durante a semana de moda masculina. Vocês planejam fazer o mesmo para a moda feminina?

Onofre: Portugal é atualmente mais forte no mercado de calçados femininos. Por mais que nós já tenhamos exportado 70 milhões de euros em calçados para os EUA, acreditamos que podemos consolidar nossa posição nos próximos cinco anos. Estamos nos EUA para ficar. Nossa ideia é fazer uma apresentação global do calçado português. Temos certeza de que quando os consumidores norte-americanos descobrirem nossa qualidade, eles não vão querer saber de outra coisa.

Gallin: Estamos começando em Nova York, com o objetivo de divulgar os produtos de Portugal, tanto vestuário quanto calçados, a consumidores e possíveis parceiros que ainda não os conhecem. Mais de 20 marcas portuguesas vão participar da FN Plataform, nossa feira de calçados em Las Vegas.

As marcas de calçado portuguesas procuram competir em preço, onde a China domina, ou luxo, onde a Itália tradicionalmente lidera?

Onofre: Portugal tem uma indústria de calçado sólida, que vem crescendo há oito anos consecutivos e apresentado produtos de alta qualidade a preços competitivos. Nosso produto não é muito diferente do italiano. No entanto, o preço é muito mais interessante.

As marcas portuguesas levam em conta questões como sustentabilidade e responsabilidade corporativa em seu processo de fabricação?

Onofre: Sem dúvida. Aproximadamente 80 por cento do calçado português é feito com couro. No entanto, em Portugal nós temos um dos centros tecnológicos mais modernos do mundo e portanto desenvolvemos vários materiais novos, sustentáveis e ecologicamente corretos, com acabamento de qualidade premium. Temos investido muito nessa área.

Dizem que a falta de uma marca de luxo portuguesa reconhecida globalmente (a França e a Itália têm várias, a Grã-Bretanha tem a Burberry, a Espanha tem a Loewe…) afetou a percepção do calçado português. O que vocês têm a dizer a respeito?

Onofre: Estamos dando passos significativos nesta área. É difícil para um país pequeno como Portugal ter marcas de luxo de renome internacional. No entanto, nós temos várias marcas pequenas muito importantes, que só precisam de uma oportunidade para mostrar seu valor.

Gallin: Chegou o momento de Portugal emergir no mercado de moda e calçado.

Traduzido por: Gislene Trindade

Fotos: PRConsulting

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Associação Portuguesa de Calçado
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