O diabo está nos detalhes: o street style da Pitti Uomo

A Pitti Uomo é considerada não apenas como o início não oficial da temporada de moda masculina, mas também como um palco para alfaiataria magistral e street style.

Nos últimos anos, no entanto, a figura outrora celebrada – e às vezes ridicularizada – do "Pavão da Pitti" ( homens que se vestem de forma excêntrica, buscando os holofotes, surfando na onda do evento e que gerou até um documentário "mockumentary", no Youtube - nota da editora) mudou. Embora não tenha desaparecido completamente, agora parece uma espécie em extinção. Nesta temporada também, os impulsos mais interessantes de street style não vieram necessariamente dos clássicos homens de terno, embora estes, como sempre, tenham aparecido com estilo e frequentemente escolhido tons de terracota que lembravam a hora dourada sobre Florença.

Foram, ao contrário, os visitantes cujos looks se destacaram por detalhes refinados e sutis quebras de estilo – e que enfrentaram o calor do verão florentino no cenário tradicional da Fortezza da Basso com notável nonchalance.

FashionUnited reuniu algumas das melhores tendências de street style vistas até agora na Pitti Uomo.

Desenhando com números

O street style na Pitti Uomo vive dos detalhes e, nesta temporada, foi a abordagem lúdica com rabiscos e pinturas aparentemente desenhados à mão que realmente chamou a atenção. Em vez de confiar em padrões ou logotipos clássicos, muitos looks foram adornados com elementos que lembravam pintura a dedo, ilustrações desenhadas à mão e rabiscos aparentemente aleatórios, remetendo a cadernos de desenho ou desenhos infantis.

De espirais pictóricas e taças de vinho em calças largas a uma jaqueta de trabalho creme coberta com patos de desenho animado, palavras rabiscadas e gráficos aplicados, quem usava as roupas as tratava como um meio de contar histórias.

Bordado

Não apenas a cor marcou a temporada. Os bordados também ganharam destaque como uma contrapartida tátil às pinceladas divertidas. Os fios substituíram a tinta, dando às peças uma sensação de artesanato e durabilidade. De floreios botânicos em jaquetas a motivos folclóricos que se desdobravam discretamente nas costas e mangas, o bordado se tornou uma linguagem de textura e tradição.

Silhuetas inspiradas no esporte

Outra mudança notável, que já se delineava nos últimos anos, foi a adoção sem remorso de silhuetas inspiradas no esporte, um gênero frequentemente esquecido em um evento tão focado em alfaiataria. Seja por meio de camisetas retrô de futebol, camadas de malha oversized ou camisetas de beisebol, os visitantes adotaram a estética esportiva com uma sofisticação consciente, quase irônica.

Um exemplo foi uma camiseta de futebol Adidas vintage verde, combinada com calças largas e mocassins, conectando a nostalgia à beira do campo com o brilho italiano. Outro foi um colete de treino em malha azul claro sobre uma camisa de botões, completo com boné de beisebol e óculos de sol esportivos, uma alusão ao visual descolado de skatista do início dos anos 2000. Um terceiro look consistia em uma clássica camiseta de beisebol "Cougar" branca e azul, combinada com calças chino verde-oliva casuais e um boné de oncinha.

Gravatas como telas

A arte não estava presente apenas na forma de rabiscos nas roupas, mas também nas gravatas, que transformaram o acessório outrora conservador em um meio vibrante de autoexpressão. Na Pitti Uomo, as gravatas se tornaram telas ambulantes, salpicadas de girassóis, adornadas com pássaros em miniatura ou tecidas com padrões florais exuberantes, semelhantes a tapeçarias. Não eram apenas estampas divertidas, mas declarações pictóricas que se destacavam da alfaiataria descontraída e das camisas oversized.

Camuflagem chamativa

Em uma temporada em que o artesanato e a intenção estavam em primeiro plano, até mesmo a camuflagem – há muito tempo associada ao utilitarismo e ao anonimato – ganhou um novo significado. Em vez de se misturar, ela se destacou. Usada em um espectro de silhuetas e contextos, de jaquetas justas no estilo militar a camisas e gravatas impecáveis e calças cargo casuais, combinadas com jeans e bonés de caminhoneiro, a camuflagem não parecia um cosplay militar, mas sim uma declaração de moda própria.

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