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Pressão inflacionária de produção eleva os preços do vestuário e acessórios

By Marta De Divitiis

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No início da semana dados do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e IPCA - Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, foram anunciados mostrando que o segmento de vestuário e acessórios sofreu uma alta de 16 por cento no último ano, uma inflação que não surgia nesses patamares desde os anos 1995, época da transição para o Plano Real. Para esclarecer essa questão, amplamente divulgada, FashionUnited falou com Fernando Pimentel, presidente da Abit - Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção e Edmundo Lima, diretor executivo da Abvtex - Associação Brasileira do Varejo Têxtil. Ambos apresentaram um panorama da situação.

“Se pegarmos por base dezembro de 2019 (o último mês típico anterior à pandemia), o custo para produção dos artigos têxteis (fios, tecidos e malhas, por exemplo), subiu 61,51 por cento. O custo da produção das confecções teve um aumento de 33,45 por cento ao passo que no mesmo período - 29 meses, de lá para cá - o vestuário aumentou 16,08 por cento, sendo que em 16 destes meses o vestuário estava abaixo dos preços praticados em dezembro de 2019, devido aos impactos da pandemia,”disse Pimentel.

"Inflação divulgada como nos últimos 12 meses deve ser lida como uma inflação de 29 meses"

Fernando Pimentel, presidente da Abit

De acordo com o executivo o fortíssimo aumento dos custos da matéria-prima, assim como da energia, do gás, dos fretes e até do algodão foram responsáveis pela alteração de preços a partir do mês de maio de 2021. “Assim a inflação divulgada como nos últimos 12 meses deve ser lida como uma inflação de 29 meses,”explica. “O que eu entendo é que não foi uma melhoria de margem da indústria, pelo contrário, porque não foi possível repassar estes custos devido ao próprio mercado,” justifica. “Foi uma questão que reflete a alta de custos fortíssima; acreditamos que o pior ficou para trás e que apesar de termos muitas variáveis que não temos controle (a guerra da Rússia com a Ucrânia, o custo to petróleo, a própria Covid-19, entre outros), o custo de produção chegará a alguma estabilidade,”diz.

Edmundo Lima concorda com Pimentel quando diz que "é possível notar que esse aumento de preços do vestuário é baseado na pressão inflacionária na cadeia produtiva local sob diversos aspectos: escassez de matérias-primas e aviamentos devido à reorganização das cadeias de fornecimento durante a retomada das atividades; alta nas cotações de algodão no mercado internacional, que por ser commodities, sofreu forte aumento no Brasil; aumento das tarifas públicas nacionais; volatilidade do dólar no período que pressiona o aumento dos preços não só dos produtos acabados, mas também de matérias-primas e aviamentos importados e o aumento dos custos logísticos no mercado internacional, que fez subir o valor dos fretes internacionais afetando a importação de insumos e produtos acabados,” diz.

Demanda abaixo dos patamares de 2019

O presidente da Abit explica também que apesar da demanda ter aumentado, ela ainda está aproximadamente 7 por cento abaixo dos patamares de 2019. Lima explica que esse aumento da demanda pode ser observado agora porque ficou reprimida desde 2020 com o fechamento do comércio e a restrição de circulação das pessoas. "À medida que as atividades presenciais vão sendo retomadas, surge a necessidade de renovar o guarda-roupa. Principalmente, no segmento de moda infantojuvenil, já que o tamanho das peças mudam rapidamente entre as crianças e adolescentes. Porém, esta demanda ainda não alcançou os níveis registrados em 2019, na pré-pandemia,”conclui concordando com Pimentel.

Varejo vislumbra cenário positivo no segundo semestre

Lima analisa que o pico da inflação foi atingido e a partir de agora a tendência é de reversão gradual. "O período ainda exige cautela, porém a expectativa é de recuperação da demanda acompanhando o retorno das atividades presenciais ao trabalho, estudos e eventos. Assim como o desempenho da coleção de outono/inverno foi positivo, o varejo aposta nas tendências da primavera/verão,"diz.

O executivo aponta a necessidade de atenção dos varejistas em relação aos desafios diante da Copa do Mundo atípica, realizada no fim do ano, justamente no maior período de vendas para o varejo. "É comum o fechamento ou a redução horário de funcionamento do comércio nos dias de jogos do Brasil, por isso, as varejistas precisam ter boas estratégias para esse momento a fim de manter o desempenho das vendas de Black Friday e de Natal,”conclui.

Fotos: Mnz/Unsplash; Charlesdeluvio/Unsplash e Jacek Dylag/Unsplash

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