Principais tendências do varejo feminino no próximo outono/inverno
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Christina Rangel, consultora do Senai Cetiqt - Instituto Senai de Tecnologia Têxtil e de Confecção - apresentou no último dia 30 uma live com a revisão de tendências observadas nos diversos canais de varejo nas capitais da moda internacional. Esse estudo diz respeito ao período de pandemia que estamos enfrentando.
De acordo com Christina o momento traz reflexões tanto em relação ao consumidor como também quanto aos produtos e a comunicação que cada marca faz para apresentar seus produtos a esse novo consumidor. “Nesse instante os produtos devem ser sinônimo de solução, além de ter que ser relevante e conveniente,”explica.
Houve uma mudança em que o e-commerce se tornou o centro das atenções (as compras online cresceram a partir de maio e a tendência é que se intensifique a partir de agora, em novembro) sendo que cada marca teve que lidar com isso e, ao mesmo tempo se comunicar com seus consumidores.
Menos volume de produção versus mais conforto
O varejo se encontra ainda reagindo a essa nova realidade. No início o que os consumidores buscavam era a sensação de bem-estar, aliada ao conforto. Nesse sentido os produtos essenciais foram os mais procurados, assim como itens cuja matéria-prima continham funcionalidades (tecidos com tratamento antiviral, por exemplo). Peças com elementos de desempenho, alta qualidade e praticidade estão nessa linha de novos básicos.
Segundo a consultora a cadeia de suprimentos ainda se encontra instável, exigindo adequação que somente o tempo trará. “Na hora de pensar nas próximas temporadas deve-se priorizar o que tiver mais valor no sentido de evitar o acúmulo de estoques. Não é hora de ter estoques mortos,”adverte.
Cabe aos estilistas desenvolver produtos que os consumidores estão necessitando, mas de forma criativa. Focar em itens mais lucrativos e reduzir os volumes de produção. Tem se observado, por exemplo que as categorias de tops (tops de ginástica, blusas e partes de cima) estão com melhor desempenho de vendas que as partes de baixo como saias e calças de alfaiataria. Coleções que atravessam as estações, atemporais e que ao mesmo tempo ofereçam toques macios, sensação de aconchego e longevidade estão em alta.
Promoções estratégicas e coleções cápsula
Estamos nos aproximando do fim do ano, quando as roupas de festa ganham um novo vigor. No entanto, Christina aconselha que se pense na versatilidade e longevidade desse tipo de roupa. A consultora explica também que quem pretende realizar promoções o ideal é fazer descontos curtos e estratégicos (apostar em promoções de peças com desempenho fraco). “O momento é de análise profunda para que se tenha riscos mínimos,”explica. De acordo com Christina promoções longas habituam o consumidor e esse passa a não valorizar a marca.
A profissional citou estratégias que foram um sucesso entre marcas europeias, como a reedição de best-sellers, repaginados em coleções cápsula. Nesse sentido ela aconselha cada marca fazer uma reflexão e perceber quais são seus pontos fortes e essenciais para escolher quais peças merecem ser reeditadas, de forma moderna.
Comunicação correta é fundamental
A marca deve deixar claro ao seu consumidor que está ao lado dele, oferecendo suporte e apoio num momento delicado de vida. Segundo Christina envolver o cliente é importante e citou uma marca européia que criou um podcast em que amigos perguntavam uns aos outros como estavam se sentindo. O produto é, na verdade, um pano de fundo para o que está acontecendo. Buscar alternativas criativas é uma providência interessante.
Vestida da selfie para a webcam
A consultora mostrou marcas que estão fazendo sucesso e, dentro de suas coleções, o que há de mais destaque. Assim peças em tecidos xadrez ganharam mais notoriedade, assim como o resgate de itens como os paletós, saias trapézio, mais confortáveis e os cardigãs, clássicos, mas que surgem em tonalidades diferentes, comprimentos os mais variados (do cropped ao maxi).
Outro ponto a ser considerado é que as partes de cima, como blusas e malhas estão com detalhes como a gola estilo polo, que voltou à moda. Outro tipo de gola que se sobressai é aquela alta, rolê. Detalhes delicados e românticos voltaram também, talvez em função do momento.
O conforto mais sofisticado é um ponto a ser considerado especialmente no estilo que está despontando - workleisure (mistura de trabalho e lazer), em produtos versáteis, com toque macio. Seria uma evolução do homewear, com estética voltada para a webcam onde as inúmeras reuniões de trabalho e lives se proliferam.
Fotos: Jeremy Thomas, Allyson Christine, Alyssa Strohmann e Christine Wiediger/Unsplash