Profissões: produtora de moda e stylist
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Quem vê os editoriais de moda de revistas ou assiste comerciais jamais imagina o trabalho que há por trás de tudo isso. Toda foto ou comercial tem o trabalho de um produtor, profissional que marca a foto, escolhe modelos, vai atrás das roupas e acessórios, acompanha a foto e ainda é responsável por devolver todas as peças emprestadas pelas marcas. Entre os nomes dos principais produtores de moda da atualidade está Mari Gallo, que também atua como stylist.
Formada em jornalismo Mari, que sempre amou os esportes como o surfe o skate, iniciou a carreira bem cedo. Ainda cursando o ensino médio, começou a trabalhar com o jornalista Gilberto Dimenstein e, mais tarde, já na faculdade, foi contratada como estagiária na Editora Abril, na extinta revista Witch, voltada para adolescentes. “Foi lá que tive contato com produção de fotos; eu fazia a produção de fotos still de artesanato, aprendi a fazer a parte executiva dos editoriais de moda, marcando fotos, escrevendo e verificando os créditos, preços, tudo dentro da redação onde fiquei por dois anos, assinando também trabalhos de editoriais e galerias de compras, entre outros” conta Mari.
Saindo da Abril Mari foi convidada por uma amiga a trabalhar na revista Go Where, voltada para o mercado de luxo, onde fazia a produção de moda, como produtora freelancer. Paralelamente foi assistente de produtores de comerciais, participando de várias campanhas publicitárias de grandes marcas como Itaú, TAM e MacDonalds, entre outras. “Como estava trabalhando com moda, mas era formada em jornalismo fiz vários cursos (produção, História da Moda, Styling entre outros) para obter mais conhecimento", explica. Ao mesmo tempo assinou e continua assinando editoriais de revistas do mercado de luxo.
Produtor e stylist trabalham de forma complementar
O que diferencia um produtor de um stylist (e Mari atua como ambos) é que o stylist pesquisa antes o que será apresentado, dentro do que foi combinado com o cliente (que pode ser a editora de moda de uma revista, o diretor de arte e de marketing de uma marca ou de uma agência de publicidade) e finaliza o look dentro das inúmeras opções obtidas pelo produtor, apresentando o resultado para o cliente, que aprova a concepção de imagem antes dele ser fotografado ou filmado. O produtor, com a pesquisa que o stylist fez em mãos, vai atrás das peças buscando-as em lojas, assessorias de imprensa e no caso de comerciais, loca ou compra peças e acessórios. “Depois de ter obtido as peças todas, o produtor vai para o acervo, organiza araras em ordem de modelos ou personagem (se for comercial), com todos os looks composto por roupas e acessórios. No caso de comerciais, utilizo sempre um caderno de imagens com referências de personagens,” diz a profissional.
Atualmente, além das revistas de moda o foco de Mari tem sido os comerciais em agências de publicidade. “Faz dois anos comecei a trabalhar também com filmes de produtoras, fazendo produção e styling,”explica. “Não tenho clientes fixos, nesse mercado o que vale é seu nome e seus contatos, daí a importância de atuar de forma honesta e transparente”, justifica. “Conforme você vai evoluindo na carreira o mercado vai se estreitando e seu nome fica mais conhecido. Obtenho trabalho de marcas com as quais já trabalhei antes, outros porque viram trabalhos meus e gostaram e outros por indicação de clientes,” conta. O meio de produção é bastante restrito e apesar do público desconhecer quem está por trás de uma foto ou filme, no meio profissional o nome do produtor e stylist conta.
Requisitos necessários para ser um bom produtor
De acordo com Mari o conhecimento de moda é fundamental, especialmente a História da Moda e os movimentos que se vê nas ruas. Assinar sites de captação de tendências, ler jornal, acompanhar todos os desfiles são outros requisitos citados pela profissional. “Informação é essencial, assim como um bom network,"diz. Mari enfatiza também a necessidade de se estar a par de notícias de economia, por exemplo, que direcionam o mercado e dão uma ideia de como será o comportamento do consumidor. “Não podemos esquecer que a Moda está relacionada à comunicação e ser clara e objetiva, além de tratar todos com educação, ter jogo de cintura, saber quando se deve ceder neste ou naquele ponto do trabalho, é importante,” conclui.
Dificuldades e recompensas
Mari explica que há muita oscilação de cachês e a instabilidade faz parte do pacote. “Temos que lidar com adversidades e diversidades no meio dessa instabilidade total em que vivemos,”diz, complementando que as verbas de marketing diminuem bastante conforme a situação econômica. As muitas horas de trabalho (“às vezes saio às 4h da manhã e volto às 20h do dia seguinte,”), o cansaço e o pouco tempo hábil para se fazer toda uma produção fazem parte das dificuldades apontadas. A rotina de quem tem filhos (Mari tem uma filha pequena) é oscilante também porque se trabalha de uma semana a dez dias muito intensamente e outros dias bem menos, podendo ficar em casa de forma mais tranquila. Contar com a família nos momentos de trabalho é importante. “Tenho meu marido, minha mãe, minha sogra, meu pai que me ajudam muito, sem eles não seria possível,”completa.
Por outro lado, a profissional explica que apesar da moda ter fama controversa, é um meio muito unido, todos os profissionais acabam ficando amigos e se ajudam bastante quando há dificuldades, indicam uns aos outros em trabalhos entre outras atitudes. “Tenho grandes amigos, gente muito bacana ao meu lado.” Outro ponto positivo é ver o trabalho pronto, um editorial que ficou bonito, um comercial na TV bem feito e saber que o público está assistindo, mesmo sem saber quem escolheu aquele figurino. ”Todos que trabalham com moda na verdade fazem parte de uma grande família!”completa.
Fotos: Cortesia Mari Gallo