Rio de Janeiro recebe a 2ª Conferência de Luxo Contemporâneo e Inovação

Entre os dias 12 e 15 de agosto, o Rio Innovation Week, que acontece. no Pier Mauá (RJ), será palco da 2ª Conferência de Luxo Contemporâneo e Inovação, com curadoria de Eduardo Santos e Deny Peres. O evento, que em sua primeira edição foi sucesso absoluto de público e crítica, retorna agora com 4 dias de programação, cerca de 100 profissionais que se apresentarão e a presença nomes do mercado nacional e internacional para discutir o futuro do luxo sob diferentes perspectivas. No dia 13, a Conferência ainda recebe a primeira edição do projeto “Body” idealizado por Ju Ferraz, no Rio de Janeiro. Um dia inteiro dedicado a temas como representatividade, corpo e diversidade.

Sob a condução de Edu Santos, publicitário com atuação internacional no mercado de luxo, e Deny Peres, jornalista e especialista em luxo pelo Instituto Marangoni, a Conferência foi pensada para reunir nomes de peso, promovendo debates plurais, com convidados que vão de celebridades e influenciadores a empresários e especialistas de grandes marcas.

Serão quase 30 horas de conteúdo, com painéis que exploram desde o uso de inteligência artificial até o impacto da liderança feminina nas empresas de alto padrão. “O mercado de luxo vem provocando e liderando a inovação em múltiplos aspectos, principalmente pelas características deste público consumidor, altamente exigente e experiente”, comenta Deny Peres no comunicado de imprensa.

Nos painéis sobre negócios, lideranças e empreendedorismo estarão presentes grandes executivos como Fernando Gorayeb, fundador da Ballena, tequila brasileira que é sucesso no mundo; Glaucia e Eduardo Lotierzo da alta joalheria Dudarillo; Agatha Abrahão nome à frente do reposicionamento da marca de viagens Stella Barros, Bruna Olivo, VP criativa do Grupo La Moda, além de outros palestrantes de marcas como L'Oréal Professionel, L'Oréal Groupe, Lancôme, Kérastase, Matrix, Lancôme e K.PRO.

O objetivo principal da conferência é reposicionar o conceito de luxo, desconstruindo estigmas e reafirmando novos valores. O evento propõe uma abordagem contemporânea, que incorpora aspectos como bem-estar, saúde mental, sustentabilidade (ESG, na sigla em inglês), responsabilidade ambiental e inovação tecnológica.

Os organizadores Deny Perez e Eduardo Santos falaram ao FashionUnited. Confira abaixo.

FashionUnited: quais são estes estigmas abordados que a conferência pretende desconstruir?

Entre os principais pontos que buscamos desconstruir, seja no imaginário popular , ou muitas vezes até da própria indústria estão a ideia do luxo como sinônimo exclusivo de ostentação e inacessibilidade. O luxo de hoje está mais ligado à profundidade do que à aparência: tempo, bem-estar, história, impacto na sociedade e personalização são os novos pilares. Outro estigma é de que marcas de luxo não dialogam com inovação, sustentabilidade ou diversidade. Estamos vendo o oposto: justamente por serem vitrines globais, marcas de luxo são pressionadas a liderar esses movimentos – e têm feito isso de forma consistente. A ideia de que o luxo no Brasil é feito para um nicho elitista e está desconectado da realidade local. A Conferência mostra como o luxo contemporâneo é plural, tropical, digital e socialmente engajado. Temos no Line-up desde pequenas marcas autorais (como a Joalheria Dudarillo e a marca de cosméticos naturais Au Sable) até gigantes da indústria da moda e beleza (como L’Óreal e Farm Rio) que irão contar seus cases de como estão reescrevendo essa narrativa com sofisticação e propósito.

Falem sobre a questão do luxo "democrático".

Quando a gente fala em luxo democrático não quer dizer que todo mundo vai consumir Chanel ou Dior. Esse olhar contemporâneo sobre o luxo passa muito mais por ser e sentir do que por ostentar um logo. O novo luxo é sobre experiências únicas e conexão emocional. Então, luxo pode ser um shampoo vegano feito por uma pequena marca brasileira, pode ser um jantar com ingredientes orgânicos e histórias locais, ou por uma coleção de joias inspirado em sementes de frutas brasileiras. Neste sentido o novo luxo se torna muito mais acessível porque não está mais em poucas mãos. Por outro lado , a tecnologia e as redes sociais também colaboram com essa “democratização” . Hoje, mesmo nos lugares mais afastados, você tem acesso através da internet aos conteúdos, bastidores e até ao consumo de uma infinidade de marcas de luxo. Novos modelos de moda circular, seja aluguel ou “second hand”, também ampliam cada vez mais esse acesso.

Vocês falam em levar a conferência a outros locais, em formato pocket. Como seriam?

Nossa intenção é fazer versões regionais e internacionais. Fora do país a ideia é levar as discussões para as semanas de moda e outros eventos como a Miami Art Basel. Já estamos trabalhando simultaneamente pra realizar a primeira versão internacional já na próxima PFW. Para o ano que vem queremos aquecer a comunidade levando a Conferência para cidades com forte movimento autoral e criativo. Serão encontros menores e mais imersivos, com curadoria e um olhar regionalizado.

Qual é o papel do Brasil na questão do luxo?

O mundo está cansado do “luxo pasteurizado”. O desejo agora é por narrativas únicas, estética com alma, e raízes profundas. E o Brasil tem tudo isso – da biodiversidade às expressões culturais, da diversidade de corpos e vozes à criatividade das periferias. A conferência também pretende ser essa vitrine: um palco onde o Brasil contemporâneo se apresenta ao mundo não como tendência exótica, mas como liderança criativa.