SPFW N57 enfatiza a moda mais autoral

Terminou domingo (14) a 57a. edição do SPFW - Sintonia, que aconteceu nos Shoppings Iguatemi São Paulo e JK Iguatemi. Nesta temporada foram 27 desfiles, 11 menos que na edição anterior, mas que trouxeram à tona a importância das marcas consideradas pequenas, mais autorais, com forte apelo artesanal.

Da abertura, com a Aluf desfilando sob o som da Orquestra Sinfônica de Heliópolis à Amapô, que encerrou o evento (após mudança de última hora - estava programada para anteceder o desfile de João Pimenta, no edifício Martinelli), o que se viu na passarela pode ser decupado nas vertentes que se seguem.

Artesanato sofisticado

O luxo do crochê feito à mão, do tricô e dos bordados, alguns elaborados com escamas de peixe, como se viu no estreante Maurício Duarte deram o tom. Catarina Mina, veio com um discurso alinhado com o trabalho de artesãs, relembrando a riqueza das rendas nordestinas, em renda filé, de bilro e labirinto. Weider Silvério, veterano no evento, apresentou coleção cujo ponto forte foi o crochê. Marina Bitu trouxe franjas de palha, tecidos tingidos com casca de romã e macro paetês de bioplástico. A preciosidade veio também no desfile de Lino Vilaventura, que trouxe texturas obtidas de plissados, bordados e patchworks e, no masculino, looks monocromáticos, que se sobrepunham em calças com saias plissadas e jaquetas com capuz. Na Thear se destacaram as franjas de pétalas de tecido, assim como as estampas de terra rachada, em dourado, na barra das calças. Tapeçaria foi base para saia godê na Dendezeiro.

Formas confortáveis e funcionalidade

Já há algumas temporadas que a modelagem confortável toma o lugar das peças justas, coladas ao corpo. Quase todas as coleções trouxeram esse tipo de forma, com calças retas como na LED, em Rafael Caetano. A funcionalidade dos bolsos múltiplos surgiram em peso, especialmente nas calças que nos remetem às estilo cargo dos anos 80, mas com toques contemporâneos. Igor Dadona trouxe a alfaiataria primorosa, assim como no masculino de Gefferson Vila Nova. João Pimenta veio com calças amplas, com grandes bolsos em renda e tecido xadrez, inovando a questão da moda masculina. Forca Studio, pela primeira vez, apresentou peças de sportwear, com recortes orgânicos, misturadas com alfaiataria.

Brilhos, franjas e transparências

Os brilhos vieram em várias peças, como na coleção de Patrícia Vieira, que trabalhou o couro dourado em pétalas aplicadas, num trabalho minucioso. A estreante Reptília trouxe o brilho discreto do veludo em peças mais fluídas. Lilly Sarti veio com franjas e couro metalizado, com modelagem confortável, numa coleção sofisticada. Cria Costura mostrou brilho em peças glamurosas. Glória Coelho apresentou peças com franjas obtidas de recortes de tecido, transparências sutis e aqui e ali tiras soltas, obtendo volumes interessantes. Lino Vilaventura trouxe transparências mescladas a brilho. André Lima, retornou após 13 anos de ausência e exagerou nos decotes, que deixavam os seios à mostra, trazendo um misto de sexy e de vulgar.