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SPFW + N59 privilegia a sofisticação

By Marta De Divitiis

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Moda
João Pimenta fez o desfile em teatro histórico Credits: cortesia SPFW N59

A 59ª edição do SPFW terminou dia 11, sexta-feira, com o desfile Piet, no Estádio do Pacaembu em São Paulo. Ao todo foram 17 marcas que apresentaram suas coleções, a maioria delas no Shopping JK Iguatemi. Esta temporada, mais enxuta (se pensarmos nas 40 marcas que desfilaram na edição anterior), teve uma curadoria precisa, com coleções sofisticadas, mesmo por marcas que tem no básico sua proposta.

Estreantes promissores

Nesta edição desfilaram pela primeira vez Leandro Castro e Mnmal. O primeiro levou à passarela peças amplas e muito bem acabadas. O trabalho com tecidos reutilizados mostrou que é possível desenvolver peças extremamente sofisticadas (algumas com aparência de Neoprene como nos casacos estruturados ou ainda na alfaiataria, com pantalonas e paletós, alguns plissados) a partir de resíduos. Interessante o modelo de top trançado em tiras de tecido, que remetiam à palha.

Mnmal faz jus ao nome: peças ultra básicas, confeccionadas com apuro, em modelagens amplas e confortáveis. Os ombros vieram destacados, deslocados e com ombreiras. As tonalidades areia e terrosas predominaram, assim como o branco e vermelho. Malhas como o moletom apareceram combinadas com tricoline. Além deles os xadrezes vieram em paletós, calças e shorts.

Leandro Castro reutilizou tecidos de forma primorosa Credits: Marcelo Soubhia/Ag.Fotosite
Mnmal fez um básico luxuoso Credits: Gustavo Scatena/Ag.Fotosite

Sofisticação discreta

Algumas coleções como a Reptilia vieram com poucos detalhes, tecidos nobres como o veludo e a seda, em modelagens amplas e precisas, embora com paletós mais ajustados e curtos. Mangas em babados com recortes vazados e listras obtidas da inserção de tecidos costurados verticalmente deram um tom diferente. Seda pintada à mão foram destaque em vestidos e saias.

Weider Silverio trouxe vestidos com tonalidades mais iluminadas, com decotes assimétricos e franjas em rolotês de tecido, que ora detalhavam palas de saias, ora tops, pontualmente.

Reptilia trabalhou tecidos nobres pintados à mão Credits: Gustavo Scatena/Ag.Fotosite
Weider Silverio trabalhou rolotês de tecido nos vestidos Credits: Gustavo Scatena/Ag.Fotosite

Alfaiataria repaginada

Marcas como João Pimenta e À La Garçonne têm na alfaiataria seu ponto básico, mas nessa edição ambos vieram com um novo olhar. Pimenta trouxe as peças dos costumes e sobretudos, alguns com recortes vazados, outros com palas godê em patchwork, trabalhando com amplidão de formas, pregas e franzidos, além de detalhes como dobraduras. Algumas calças tiveram o forro dos bolsos virados para fora, aparentes e muitas das modelagens foram desenvolvidas a partir da moulage, valorizando o trabalho manual em contraposição à tecnologia.

À La Garçonne trabalhou costumes femininos com calças amplas e tops acinturados, com decotes em V profundos e ombros demarcados. Os xadrezes vieram em costumes e sobretudos com modelagem precisa, adornando também mangas de moletons, numa mistura de materiais interessantes. Jeans com a parte traseira toda em tecido xadrez foi outro destaque. Alguns looks traziam peças esportivas usadas com outras de alfaiataria, mostrando a versatilidade da marca. Parkas e jaquetas em cetim ofereceram ares luxuosos a peças casuais.

Normando veio com costume masculino e sobressaia franjada no mesmo tecido, inovando o look, assim como o costume com tecido brilhante, tecnológico. Paletós femininos com mangas volumosas ou ombros acentuados repaginaram a modelagem. O paletó de smoking foi inspiração para um vestido longo e algumas peças foram pontuadas pelo uso e látex e outras, pela transparência da renda, num jogo sutil de sensualidade.

Avesso das peças foram colocadas estrategicamente à vista, em João Pimenta Credits: Marcelo Soubhia/Ag.Fotosite
Xadrez usado em alfaiataria e sportwear em À La Garçonne Credits: Gustavo Scatena/Ag.Fotosite
Mangas volumosas em Normando Credits: Zé Takahashi/Ag.Fotosite

“Handmade” predominante

Impossível falar de técnicas artesanais sem mencionar Lino Villaventura. Tanto as peças masculinas como as femininas primam pelos detalhes de nervuras, bordados e vazados que se somam tornando cada look único. Tecidos triviais nas mãos de seus artesãos se tornam luxuosos.

Outra marca que faz da técnica especial é Patricia Vieira, que nos brindou com vestidos de cintura marcada, saias, calças e tops todos em couro, trabalhados com bordados em ponto ajour, outros estampados com tachas metálicas, em desenhos elaborados. As pétalas obtidas de recortes de couro revestiram vestidos e tops num trabalho primoroso. Patchwork de losangos em couro foram matéria-prima para vestidos e casacos.

Dendezeiro trouxe a tapeçaria em micro saias, assim como o couro trabalhado em corsellets. As perneiras se tornaram extensão dos calçados formando botas. A palha foi trazida em vestidos que nos remetiam a silhuetas antigas. Estampas de peixes e bordados localizados no mesmo motivo também estiveram na passarela.

Piet veio com sportswear com elementos esportivos e, aqui e ali detalhes artesanais como as mangas de jaquetas em crochê formando o desenho de rostos. Camisas com pintura feita à mão, além de outros detalhes.

Nervuras e fendas no vestido Lino Villaventura Credits: Zé Takahashi/Ag.Fotosite
Estampa tacheada no couro, em vestido Patrícia Vieira Credits: cortesia SPFW N59
Perneiras, estampa e bolsa de capivara em Dendezeiro Credits: Gustavo Scatena/Ag.Fotosite
Piet trouxe bordados e pinturas feitas à mão Credits: Zé Takahashi/Ag.Fotosite

Brilhos, transparências e formas inusitadas

Aluf se inspirou no circo e daí vieram algumas formas geométricas como no vestido vermelho e amplidão em peças com listras verticais. Amplos babados faziam as vezes de gola ou de mangas.

A transparência esteve presente na passarela de Walerio Araújo, em véus nos primeiros looks e depois em vestidos. O brilho apareceu em franjas multicoloridas em micro vestido, renda bordada no vestido com ombreiras marcadas. A sensualidade surgiu sutil em alguns modelos ajustados ao corpo e explícito em peças estampadas de corpos nus, com bordados colocados estrategicamente nas partes íntimas.

Dario Mittmann trouxe casacos puffer, grandes e prateados, detalhes em matelassê. Os volumes amplos vieram também em tops cobertos por pequenos babados revestindo toda a peça.

Listras e volumes em Aluf Credits: Gustavo Scatena/Ag.Fotosite
Véus transparentes em Walério Araújo Credits: Gustavo Scatena/Ag.Fotosite
Volumes obtidos de babados em Dario Mittmann Credits: Zé Takahashi/Ag.Fotosite
Em resumo
  • A 59ª edição do SPFW apresentou 17 marcas com coleções sofisticadas, incluindo estreantes promissores como Leandro Castro e Mnmal.
  • A alfaiataria foi repaginada por marcas como João Pimenta e À La Garçonne, com novos olhares e detalhes inovadores.
  • Técnicas artesanais predominaram, com destaque para Lino Villaventura, Patricia Vieira e Dendezeiro, que valorizaram o trabalho manual e detalhes únicos em suas peças.
SPFW N59