SPFWN + 58 mostra coleções mais consistentes e sofisticadas
loading...
Segunda-feira (21) o desfile de Fernanda Yamamoto, no Pavilhão Japonês do Parque do Ibirapuera finalizou o SPFW+N58, dividido em desfiles no Shopping Iguatemi; no Pavilhão das Culturas Brasileiras, no Parque do Ibirapuera e locações especiais, na capital paulista. A edição, denominada “As Joias da Rainha” homenageou a jornalista, editora e diretora criativa Regina Guerreiro, que ganhou uma exposição com curadoria de Renato de Cara, na entrada do pavilhão. Regina praticamente reinventou o jornalismo de moda brasileiro, com seu jeito irreverente e único de conceber, editar imagens e escrever.
Nesta temporada a passarela, seguindo um caminho aberto já há algumas edições, consolidou o uso do “feito à mão”, mostrando uma moda amadurecida, sofisticada e que, se mostra pronta para conquistar novos horizontes. Abaixo, algumas das vertentes que se destacaram, elevando o nível das apresentações.
Crochê, renda e bordados
O crochê foi o destaque da temporada, surgindo na coleção toda do Ponto Firme, sob o comando de Gustavo Silvestre, num desfile externo, no Museu do Ipiranga. A equipe de Silvestre, composta por egressos do sistema penitenciário, refugiados e pessoas trans e de vulneráveis sociais, trabalhou o crochê entremeado de paetês metalizados e outros, obtidos de resíduos plásticos, oferecendo efeitos luxuosos. Apareceu também no biquini, top e bolsa de praia Heloisa Faria ou ainda no vestido longo Sou de Algodão, que contou com aplicações em tecido, assim como numa veste sobreposta. A Led trouxe um patchwork de tramas em tonalidades diferentes de azul, numa das peças apresentadas. Foi também base para a coleção Ateliê Mão de Mãe em vestidos, saias e tops e em Catarina Mina, que usou soutache em vez de linha. Surgiu ainda em detalhes como na bolsa Salinas, acompanhando um top do mesmo material. Na Santa Resistência, numa camisa em ponto ondulado, em listras suaves.
A renda, seja feita à mão ou industrializada, veio na coleção de David Lee, que, famoso pelo uso do crochê, optou por tecidos e o Rendendê, bordado que nos remete à renda, como na foto da camisa e jaqueta masculina. O mesmo trabalho veio num dos vestidos da marca Angela Brito. O efeito rendado se deu em peças de moda praia da Sau.Swim, por meio de uma trama de viés costurada sobre tela. Apartamento 03 trouxe vestido de tiras sobre tela, vestido pela atriz Zezé Motta.
O bordado, ora em franjas de vidrilhos e canutilhos, como em Walerio Araújo, ora em linha ou mesmo lã, protagonizou alguns itens, como no moletom bordado em flores, na passarela de Martins. A carioca The Paradise bordou as pernas de jeans, com paetês coloridos. A Artemisi trouxe cristais em vestidos e sobrevestes. O patchwork em denim na camisa de Amapô nos remeteu aos anos de 1970. Patchwork com bordados esteve presente na passarela de Lino Villaventura. O fuxico, trabalho em pedacinhos de tecido formando rodelas, ilustrou a Foz e veio como flores em organza oferecendo volumes inusitados em vestidos e boleros de Lucas Leão. Dendezeiro usou tapeçaria em top (na estação passada foi o material de uma ampla saia godê).
Modelagem precisa e conforto
A temporada apresentou marcas tradicionalmente excelentes na alfaiataria, como é o caso de João Pimenta e Alexandre Herchcovitch, assim como em À La Garçonne. Lilly Sarti trouxe fluidez em modelagens clean e certeiras. O conforto de uma calça jeans ampla como em Another Place e no quimono e calça de Rafael Caetano, ambos em peças masculinas, assim como em Gefferson Vilanova se fez presente, sem detrimento da precisão. Silverio mesclou camiseta ampla com calça transmitindo aconchego. Cria Costura, coletivo de estilistas apoiados pela Secretaria de Cultura de São Paulo, apresentou entre os vários looks, um macacão tomara-que-caia, com caimento fluido, bem acabado, mostrando o quanto o projeto tem evoluído. Normando fez um luxuoso vestido longo em cetim, com drapeados localizados e Weider Silvério apresentou peças obtidas com tiras de tecido unidas, num trabalho interessante e com um visual sofisticado.
Sobreposições e transparências
A delicadeza das transparências, algumas vezes em peças inteiras, assim como em sobreposições, veio com frequência. Fernanda Yamamoto trouxe looks sobrepostos, em várias camadas. Dario Mittmann ousou num vestido masculino longo e Renata Buzzo combinou a transparência com bordados oferecendo looks luxuosos. Já o Mercado Livre, plataforma de vendas gerais, está investindo muito em Moda e apresentou um desfile criativo em que itens esportivos mudavam de função, como camisa sendo usadas como saias, quase sempre desengessando a silhueta por meio de sobreposição de corsellets rendados. Já Bold Strap colocou um micro vestido (ou um quase baby doll), totalmente transparente detalhado por babados.
- O SPFW+N58 destacou a moda artesanal, com crochê, renda e bordados.
- Modelagem confortável e precisa, com peças fluidas e amplas, marcou a temporada.
- Sobreposições e transparências adicionaram sofisticação aos desfiles.