SPFWn54 encerra festival In.Pactos reforçando a diversidade
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Entre os dias 16 e 20 de novembro aconteceu a 54a. Edição do SPFW - São Paulo Fashion Week - com 48 desfiles, dos quais 43 presenciais. Nesta temporada 4 marcas estrearam: Greg Joey, Heloisa Faria, Maurício Duarte e Buzina. O evento aconteceu no Komplexo Tempo, na zona leste da capital paulista e também no Shopping Iguatemi e outros endereços externos.
A Mooca, tradicional bairro paulistano, historicamente caracterizado pela grande quantidade de imigrantes italianos, abrigou o galpão que foi transformado em hub, com salas de desfile, lounges de patrocinadores e uma ocupação artística, com exposição de murais, instalações e pinturas.
O Festival SPFW+IN.PACTOS - Criatividade, Moda, Arte, Sustentabilidade, Inovação, Conhecimento, iniciado na edição passada e se encerrando agora, provocou reflexões sobre as mudanças que precisam ser feitas hoje para atingir as metas de um planeta mais humano e harmonizado até 2030.
A contemplação da diversidade humana, tendência que vinha crescendo, foi consolidada nesta edição. Nas passarelas a diversidade de biotipos e de raças se fez presente. Modelos Curves e Plus Size vieram em quase todas as marcas, assim como castings totalmente pretos como na passarela de Apartamento 03 e Meninos Rei, entre outros, especialmente nos desfiles do último dia, 20, Dia da Consciência Negra no Brasil.
Angela Brito, foto: Marcelo Soubhia
Silverio, foto: Marcelo Soubhia
João Pimenta, foto: Marcelo Soubhia
Lenny Niemeyer, foto: Marcelo Soubhia
Misci, foto: Marcelo Soubhia
A. Niemeyer, foto: Marcelo Soubhia
Modem, foto: Cássia Tabatini
Volumes versus modelagem clean
Nesta edição percebemos duas vertentes, uma das quais que trabalha volumes exagerados, especialmente nas mangas, como em Silverio. O balonê foi resgatado dos anos 1980 para a passarela, aterrissando em barras de saias e vestidos como na passarela de Angela Brito e ora como babado em decotes e mangas. Foi visto no masculino de João Pimenta, que detalhou mangas e calças com volumes obtidos de pregas enormes. O estilista sobrepôs ainda aplicação de estampa em peças como sobretudos e jaquetas. Lenny Niemeyer trouxe para a moda praia volumes de babados ondulados, em peças curtas e vestidos longos, exuberantes. Renata Buzzo usou franzidos redondos na parte de cima e os franzidos vieram ainda em formato de roda nos tops. Anacê caprichou nas mangas enormes.
A outra vertente vem com peças mais soltas no corpo, com modelagem básica porém sofisticada. Apareceu em Misci, que veio com peças confortáveis e uma alfaiataria luxuosa, na A. Niemeyer e também na Neriage. Another Place trouxe calças com vazados laterais embaixo do cós. A alfaiataria da Ellus emprestou sofisticação em linhas retas. Lily Sarti mostrou peças fluídas e leves, com um pouco de transparência. Na Soul Básico, masculina, a modelagem confortável com acabamentos em cores contrastantes predominaram. Sofisticada, a modelagem reta com vazados veio em Modem.
De Pedro, foto: Zé Takahashi
Projeto Ponto Firme, foto: Marcelo Soubhia
Ateliê Mão de Mãe, foto: Marcelo Soubhia
Santa Resistência, foto: Marcelo Soubhia
Lino Villaventura, foto: Marcelo Soubhia
Thear, foto: Marcelo Soubhia
Crochê, macramê e bordados
Os trabalhos artesanais que antes apenas detalhavam peças, ganharam destaque inclusive na moda masculina. A De Pedro trouxe calças masculinas de crochê, com franjas e o crochê compôs looks com tecidos planos. O Projeto Ponto Firme, apresentou jacquard em vestido longo, calças e tops, num franco desenvolvimento desde sua primeira aparição há alguns anos. O ateliê Mão de Mãe trabalha o crochê de forma suntuosa.
Retalhos costurados em tecido detalharam sobreveste na Santa Resistência e a Thear trouxe o macramê em detalhes e peças sobrepostas. O patchwork surgiu em Sou de Algodão e o bordado em talagarça, normalmente usado em almofadas e tapetes, detalhou mini pelerine franjada, no mesmo desfile. Lino Villaventura, faz dos bordados, apliques de tecidos e nervuras, verdadeiras obras de arte, em vestidos fluidos ou estruturados. A Thear usou aplicação de faixas onduladas sobrepostas a peças lisas e também macramê sobre blusas.
Meninos Rei, foto: Marcelo Soubhia
Naya Violeta, foto: Zé Takahashi
Estampas étnicas
Meninos Rei tem na estampa, que nos remete aos tecidos africanos, seu ponto forte. Ela surge em tonalidades vibrantes, geométricas ou orgânicas. Ela vem ainda nas frutas gigantes da Santa Resistência. Outra marca que traz as estampas para o centro da discussão é Naya Violeta, que veio com um colorido exuberante, em tons fortes. Estampa de xícara de café e de peixes ofereceram bom humor às peças. Estampas em formas orgânicas vieram em Dendezeiro e pinturas à mão em Maurício Duarte.
Patrícia Vieira, foto: Marcelo Soubhia
Apartamento 03, foto: Zé Takahashi
Weider Silverio, foto: Marcelo Soubhia
Lilly Sarti, foto: Marcelo Soubhia
Ellus, foto: Marcelo Soubhia
Neriage, foto: Marcelo Soubhia
Plissados e laminados
tecidos laminados, coloridos ou dourados e prateados estiveram presentes em Patrícia Vieira, nos plissados prata de Apartamento 03, nas mangas bufantes de Weider Silvério. O brilho mais discreto veio no costume feminino do À La Garçonne. Até mesmo na moda praia da Tryia o brilho surgiu, em cós de biquini e top. Lily Sarti colocou na passarela tecidos laminados como no paletó e a Ellus usou em jaqueta bomber. O plissado reinou em Neriage, especialmente num vestido vinho, sóbrio.
Greg Joey, foto: Marcelo Soubhia
Buzina, foto: Marcelo Soubhia
Heloisa Faria, foto: Rubens Crispim Jr
Maurício Duarte, foto: Bruno Barreto
Estreantes na passarela paulista
Greg Joey trouxe peças com modelagem confortável, franzidos localizados e nervuras detalhando peças como um vestido chemisier. Trabalhou tricô em pontos gigantes, que fizeram as vezes de acessório.
Buzina apresentou o xadrez Vichy em saias, tops e sobrevestes e trabalhou a modelagem com amplos volumes. Algumas peças - vestido e macacão, por exemplo, vieram em modelagem mais reta, acinturadas por faixas de tecido.
Heloisa Faria trabalhou tanto os volumes como as estampas, em peças em que algumas mangas podem ser destacadas. Cores vibrantes e modelagem ora ampla, como nos caftans vestidos por homens e mulheres, ora mais ajustada.
Maurício Duarte é o primeiro estilista natural do estado do Amazonas a participar do evento, por meio de um fashion film. O profissional, que trabalha promovendo a economia circular mostrou peças pintadas com técnicas manuais com as cores da natureza.
Cria Costura forma 42 profissionais
Cria Costura foto: Zé Takahashi
Cria Costura foto: Zé Takahashi
Em sua segunda participação no evento, o projeto Cria Costura, de aceleração criativa desenvolvido pelo INMODE, em parceria com a SMDET - Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, contemplou mulheres da periferia paulistana, que foram capacitadas em técnicas de modelagem sob orientação do estilista e consultor Jefferson de Assis. Assim puderam desenvolver habilidades de criação e design, numa metodologia de zero desperdício. Em parceria com as empresas Ellus e Vicunha, a aceleradora criativa Cria Costura formou 42 novos profissionais da moda.
Na passarela foram apresentaram trabalhos alinhados com as tendências de moda, com muitos volumes, peças assimétricas e em tonalidades vibrantes como o roxo e o amarelo, além do preto, branco e prata. O desfile mostrou a evolução das profissionais, desde a última edição.