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Vice-presidente da The Lycra Company para a América do Sul analisa a moda no Brasil pós-pandemia

By Marta De Divitiis

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Moda

Adriana Morasco, que assumiu a vice-presidência da The Lycra Company para a América do Sul em outubro do ano passado, tem participado de lives durante a pandemia, algumas promovidas pela própria empresa, comemorando 35 anos de presença da marca no mercado esportivo. Algumas dessas lives abordaram a questão do conforto que o consumidor tem procurado e que graças à inclusão dos fios de elastano (Lycra) tem encontrado em peças com viés esportivo, lingerie e até mesmo jeans. Numa entrevista em live da revista Forbes Brasil a executiva mencionou alguns dados que a empresa tem coletado durante o período, sendo que a questão da durabilidade e qualidade das peças tem sido avaliada. Citou que a moda está mudando, do fast fashion para o smart fashion. Abaixo entrevista exclusiva que ela concedeu ao FashionUnited.

FashionUnited: durante a pandemia, como a The Lycra Company atuou?

A The Lycra Company possui fábricas e escritórios comerciais no mundo todo. Logo que os primeiros casos da Covid-19 começaram a despontar na China, onde temos uma fábrica e um centro de tecnologia, a nossa organização imediatamente passou a monitorar a sua evolução e a compartilhar com todas as regiões os detalhes das práticas que vinham sendo adotadas. Dois fatores foram muito importantes para conduzirmos melhor a situação aqui no Brasil: começamos a monitorar tudo muito cedo e a empresa também foi muito rápida em adotar medidas de segurança para proteger seus colaboradores - tanto na China, como em todos os outros países onde temos operações.

Para nós proteger as pessoas sempre foi a premissa. Com as pessoas protegidas, protegemos também as operações da empresa. Aqui no Brasil, logo que despontou o primeiro caso da Covid-19, em fevereiro, adotamos um comitê de crise envolvendo pessoas dos setores de operações, recursos humanos, logística, compras, jurídico e finanças, para avaliar a situação em detalhe, desenvolver e implementar medidas de segurança, acompanhar a implantação das medidas e o funcionamento delas. O time focou em três eixos principais para nortear as ações: medidas de higiene, para evitar a presença do vírus no ambiente de trabalho; medidas de restrição, para evitar a entrada do vírus no ambiente de trabalho e medidas de distanciamento, para evitar a transmissão do vírus dentro da fábrica e escritórios. Aqueles que podiam, passaram a trabalhar em home office, assim como os colaboradores de grupos de risco.

As ações foram sendo constantemente aperfeiçoadas à medida que a pandemia foi evoluindo, também observando as melhores práticas nas outras empresas e fábricas ao redor do mundo e também nas empresas vizinhas. Manter uma comunicação frequente e constante com todos os funcionários também foi essencial para manter os protocolos de segurança e a confiança.

Quais as mudanças que a empresa observou em relação aos clientes? Houve aumento da demanda de fios de Lycra na indústria de moda? Quais segmentos? Dá para falar em volume de produção?

De março até agosto, o setor têxtil caiu aproximadamente 20%, o que é muito relevante. Já em agosto e agora em setembro, vejo uma retomada do mercado acima do esperado. Uma retomada gradual, sim, mas que só não é maior por causa das restrições de aglomeração nas fábricas, por exemplo. Temos alguns clientes que estão com a carteira de pedidos e vendas acima dos 80% e só não produzem mais porque precisam manter seus colaboradores em distanciamento social.

Eu não diria que houve um aumento na demanda de fio Lycra, e sim, um aumento na demanda de produtos diferenciados e inovações, que agreguem mais valor ao produto final, e nós temos tudo isso. Desde a sua invenção, em 1958, o fio nunca parou de inovar e desenvolver novas tecnologias que proporcionem peças com mais qualidade, que durem mais, adotando práticas mais sustentáveis. Acabamos de lançar a tecnologia Lycra FitSense, por exemplo, que permite aplicar um suporte direcionado nas peças, ou seja, você escolhe em qual parte da peça quer aplicar o ‘stretch’. Em breve, também vamos lançar outras tecnologias como o Lycra MyFit e o fio Lycra EcoMade, em parceria com importantes clientes do mercado têxtil brasileiro.

De todos os segmentos do vestuário, talvez o do jeans tenha sido o mais impactado. Muito em função do isolamento provocado pela pandemia, o consumidor passou a buscar por roupas mais confortáveis, uma tendência que já vinha se acentuando nos últimos anos, priorizando as marcas que conhece e confia. A qualidade também passou a ser outro fator decisivo na compra, porque, afinal, uma peça que dura mais tempo no seu guarda-roupa, é uma roupa a menos no descarte. Quanto mais qualidade, menos desperdício no meio-ambiente.

Qual, na sua opinião, será o futuro do segmento têxtil no Brasil?

O Brasil é o único país no ocidente que possui toda a cadeia produtiva têxtil, desde a plantação do algodão, fabricação de fios e fibras sintéticas, tecidos, malhas, confecção, grandes varejistas e até uma semana de moda. Com toda essa capacidade industrial instalada no território, temos, sim, condições de dar a volta por cima. O câmbio do dólar propicia as exportações e o fato de termos grandes varejistas priorizando os produtores e confecções brasileiras, trazendo menos produtos importados e encurtando as cadeias logísticas, torna o cenário muito favorável para a indústria têxtil brasileira. Acredito que os produtos “Made in Brazil” tendem a crescer.

Fale mais sobre a questão do conforto e do estilo de vida

Temos observado entre nossos parceiros e clientes a recorrência do tema conforto, na hora de pensar as novas coleções. O comfortwear veio para ficar por diversas razões. Especialmente porque as roupas confortáveis compõem uma categoria inclusiva e versátil que tem aderência com os mais diferentes corpos, gerações, estações, regiões e rendas.

Mas há outras razões ligadas ao estilo de vida que fazem o conforto ser um diferencial para os consumidores, como a saúde e o bem-estar mental, além de a casa estar sendo usada como um local multifuncional: para trabalhar, estudar e fazer outras atividades. Os espaços privados se tornaram sistemas de vida, atendendo a praticamente todas as nossas necessidades.

A WGSN - Worth Global Style Network, empresa de previsão de tendências, divulgou recentemente estudo sobre o tema e identificou uma série de razões que mostram que comfortwear é muito mais que uma moda. Uma das razões é o crescimento do sistema trabalho home office, que tende a continuar após a pandemia, pois haverá aumento de atividades de freelancer, flexibilidade de horários, entre outros métodos laborais. Essa mudança impulsionará o uso de roupas mais confortáveis. Ao mesmo tempo, as pessoas precisarão de peças que adotem mais tecnologia, para não amassarem, por exemplo, e sempre estarem arrumadas para uma videoconferência.

Essa busca por conforto também envolve consciência. Os consumidores têm procurado ser mais sustentáveis a cada dia, selecionando produtos com menos impacto ambiental e optando por marcas com transparência e ética. A nossa empresa tem a inovação em seu DNA, já que é pioneira com a criação do fio de elastano, sinônimo de conforto. Da mesma forma, tecnologia, pesquisa, sustentabilidade e ética são nossos pilares. Por isso, estamos confiantes nessa nova era que se inicia.

Fotos: cortesia The Lycra Company e Inside-weather/Unsplash

Adriana Morasco
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