Leena Nair: a ‘centelha humana’ que ilumina o próximo século da Chanel
No mundo restrito do luxo parisiense, onde a herança é uma moeda e a linhagem criativa é fundamental, nomear alguém de fora pode causar um grande impacto na indústria. Quando a marca de luxo francesa Chanel nomeou Leena Nair como sua diretora executiva global em janeiro de 2022, a decisão foi vista como nada menos que revolucionária.
Nair, uma veterana com 30 anos na gigante de bens de consumo de alta rotatividade Unilever e uma líder cuja especialidade era em pessoas, não em petit point, foi uma escolha pouco convencional. No entanto, sua escolha sinalizou uma mudança deliberada e visionária para a icônica casa, uma aposta de que o futuro do luxo não reside apenas no que se cria, mas em como se cria e em quem se capacita ao longo do caminho.
A jornada de Nair até o comando da marca de 115 anos foi, como ela descreve, um “salto quádruplo”: de diretora de recursos humanos para CEO (diretora executiva, na sigla em inglês), de uma empresa de capital aberto para uma de capital fechado, de um conglomerado anglo-holandês para uma marca de herança francesa e de produtos básicos domésticos, como pasta de dente e sorvete, para o luxo.
Formação e início de carreira
Nascida em Kolhapur, uma pequena cidade em Maharashtra, na Índia, a trajetória de Nair foi definida por uma série de pioneirismos. Crescendo em um ambiente conservador, ela foi a primeira mulher de sua família a cursar o ensino superior em engenharia, uma decisão que foi recebida com negociação e preocupação. Sua mãe, em uma famosa preocupação, disse: “oh, meu Deus, você é tão ambiciosa. Quem vai se casar com você?”. Destemida, Nair cursou engenharia eletrônica e de telecomunicações, uma área com poucas mulheres na época.
Um mentor da faculdade, no entanto, percebeu seu talento inato para entender o comportamento humano, guiando-a para um caminho diferente. Ela então obteve um MBA em recursos humanos pela prestigiada XLRI – Xavier School of Management, graduando-se com medalha de ouro em 1992. Essa mudança da engenharia para os recursos humanos foi um sinal precoce de sua capacidade de reinvenção, uma habilidade que definiria sua carreira.
O pioneirismo
A ascensão profissional de Nair começou em 1992 como trainee de gestão na subsidiária indiana da Unilever. Fiel à sua natureza pioneira, ela se tornou a primeira mulher na unidade a trabalhar no turno da noite no chão de fábrica. Essa experiência prática, desde vender chá na Índia rural até gerenciar o pessoal da fábrica, deu a ela uma compreensão fundamental do negócio e de suas pessoas.
Ao longo de três décadas, ela quebrou barreiras sistematicamente, tornando-se a diretora executiva mais jovem da Hindustan Unilever e a primeira mulher na equipe de liderança do sul da Ásia da empresa. Seu período no cargo foi marcado por resultados tangíveis. Como diretora executiva de RH para o Sudeste Asiático, ela melhorou os níveis de produtividade em 33 por cento em dois anos. Em 2016, foi nomeada a “primeira mulher, primeira asiática e a mais jovem” diretora de recursos humanos da Unilever, responsável pelos 150 mil funcionários da empresa em 190 países.
"Ser a primeira mulher, indiana ou pessoa não branca em um cargo tem sido um privilégio e um ônus", diz Nair. Ela compartilha abertamente seus momentos de fracasso e dúvida. Quando Nair estava na lista de finalistas para se tornar CEO da Unilever, ela consultou sua mentora, a ex-CEO da PepsiCo, Indra Nooyi, listando as habilidades que sentia que lhe faltavam para o cargo. Nooyi a incentivou a listar o que ela ‘trazia’: experiência em gestão em escala global, condução de grandes programas de transformação e liderança de uma força de trabalho massiva. O convite da Chanel veio como uma surpresa e Nair levou nove meses para aceitar a mudança do mercado de massa para o mundo restrito do luxo.
Visão para a criação humana
Desde que assumiu o comando, Nair articulou uma visão clara e ambiciosa para a Chanel: garantir que a casa seja um “farol de inspiração para os próximos 100 anos”, disse ela durante uma palestra na Universidade de Stanford no ano passado. Sua estratégia não é um afastamento radical dos princípios fundamentais de criatividade e artesanato da marca, mas sim uma evolução, incorporando uma consciência moderna em suas operações. Sua liderança se baseia em três pilares: ter um impacto positivo no mundo, proteger incansavelmente a criação humana e sempre moldar o que está por vir.
Sua filosofia de liderança, aprimorada ao longo de décadas em RH, é assumidamente “centrada no ser humano”. Ela defende o que chama de “liderança compassiva”, acreditando que, embora decisões de negócios difíceis sejam necessárias, elas devem ser executadas com empatia. “Eu realmente acredito na benevolência, na gentileza, na compaixão, na empatia”, disse ela durante a palestra. Essa abordagem se manifesta em seu compromisso com a “inteligência coletiva”, uma prática de ouvir todas as vozes na sala para promover uma cultura onde diversas perspectivas são valorizadas.
Desafios e um novo rumo para a Chanel
Embora seu tempo no cargo ainda seja relativamente novo, o impacto de Nair já é mensurável. Sob sua liderança, a Chanel demonstrou resiliência financeira em um mercado de luxo em enfraquecimento. Em 2022, seu primeiro ano como CEO, as receitas da empresa aumentaram 17 por cento, atingindo um recorde de 17,2 bilhões de dólares. Esse impulso continuou em 2023, com as vendas subindo outros 16 percentuais, para pouco menos de 20 bilhões de dólares, impulsionadas por um crescimento de dois dígitos em todas as linhas de produtos.
As pressões econômicas e a mudança no comportamento do consumidor começaram a pesar sobre a Chanel em 2024. As vendas caíram 4,3 por cento, para 18,7 bilhões de dólares, enquanto a empresa embarca em um novo rumo com a nomeação de um novo diretor criativo. Matthieu Blazy está programado para apresentar sua primeira coleção na segunda-feira. A empresa está reforçando seu foco em fragrâncias e beleza com a abertura de 48 lojas planejadas para o ano corrente.
Nair fortaleceu consideravelmente os esforços filantrópicos da casa. Ao assumir o cargo de CEO, ela aumentou o financiamento anual da Fondation Chanel, que apoia mulheres e moças em todo o mundo, de 20 milhões de dólares para 100 milhões de dólares. Isso se alinha com sua longa defesa da igualdade de gênero, uma causa que ela defendeu na Unilever, onde foi fundamental para alcançar um equilíbrio de gênero de 50/50 na liderança global. Na Chanel, as mulheres agora ocupam mais de 60 por cento dos cargos de gestão.
Na mídia
Leena Nair não é uma CEO que busca ativamente os holofotes da mídia. Sua nomeação gerou uma cobertura de imprensa considerável, focada principalmente em seu status anterior de “outsider” e no que isso significava para a Chanel e para a indústria de luxo em geral. Durante grande parte de seu primeiro ano e meio, ela manteve um perfil discreto, embarcando em uma “turnê de escuta” para mergulhar na empresa, visitando mais de 100 locais de varejo e 40 unidades de fabricação.
Recentemente, ela começou a participar de conversas mais públicas, palestrando em eventos como a conferência Business of Fashion Voices e a série “View From The Top” da Universidade de Stanford. Essas aparições foram cuidadosamente escolhidas, permitindo que ela articulasse diretamente sua filosofia de liderança e visão. Não houve controvérsias relevantes associadas à sua liderança; a narrativa principal continua sendo de curiosidade e observação respeitosas, enquanto a indústria observa como ela combina sua abordagem focada nas pessoas com a herança profundamente enraizada da Chanel.
Vida pessoal
Por trás da CEO pioneira, há uma pessoa alicerçada em seus valores e em sua família. Nair frequentemente fala sobre o apoio crucial de seu marido, Kumar Nair, um empresário do setor de serviços financeiros, e de seus dois filhos. Ela compartilha a história de seu casamento arranjado com humor e afeto, contando como seu pai a fez prometer que se casaria com o homem que ele escolhesse em troca de apoiar sua educação, uma promessa que levou a uma parceria de mais de 30 anos após uma reunião de 30 minutos para um café.
Ela pratica a autorreflexão, usando o registro em diário para navegar por momentos de dúvida e cultivar a gratidão. Seus hobbies relatados incluem leitura, corrida e dança de Bollywood.
Considerações finais
A liderança de Leena Nair é um estudo de revolução silenciosa. Ela não está desmantelando a casa que Coco Chanel construiu, mas reforçando suas fundações para uma nova era, garantindo que seu legado não seja apenas preservado, mas tornado relevante para o próximo século. Sua visão é talvez melhor capturada em suas próprias palavras em sua palestra em Stanford, uma reflexão poderosa sobre sua ambição final para a marca: “eu quero que daqui a 100 anos homens e mulheres digam: ‘uau, aquelas pessoas na Chanel em 2024 realmente sabiam o que estavam fazendo, porque elas mudaram nossas vidas hoje’. Então, eu quero que sejamos um farol de inspiração para os próximos cem anos.”
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