Louis Vuitton retira produtos com referências “diretas” a Michael Jackson de coleção
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A Louis Vuitton decidiu não fabricar nenhum produto que “faça referência direta a Michael Jackson” após a repercussão do documentário “Leaving Neverland”, exibido neste mês pela HBO. No filme dirigido por Dan Reed, dois homens, Wade Robson e James Safechuck, declaram ter sido abusados sexualmente por Michael Jackson quando crianças. O abuso é descrito com riqueza de detalhes.
A nova coleção masculina da Louis Vuitton, revelada na Paris Fashion Week em janeiro, presta homenagem a Michael Jackson: várias das peças lembram looks icônicos do cantor, como as luvas prateadas e a jaqueta de couro do clipe de “Beat It”. O cenário recriava a rua do clipe de “Billy Jean”. O diretor criativo de moda masculina da marca, Virgil Abloh, disse na época do desfile que Michael Jackson foi “a pessoa mais importante da história em se tratando de inovação na moda masculina”.
Nesta quinta-feira, o estilista se viu obrigado a justificar-se, após a marca ter sido questionada sobre a coleção. “Sei que o documentário causou uma reação emocional nas pessoas. Eu condeno veementemente toda forma de abuso, violência ou violação dos direitos humanos contra crianças”, declarou Abloh em nota enviada à publicação americana WWD. “Minha referência para o desfile foi o Michael Jackson enquanto artista pop. Me referi apenas à sua vida pública, a qual todos conhecem, e o legado que inspirou toda uma geração de artistas e estilistas”, esclareceu. Em outra entrevista à revista americana New Yorker, Abloh afirmou que não tinha conhecimento do documentário quando criou a coleção.
Empresas procuram distanciar-se de Michael Jackson após documentário
A Louis Vuitton não é a única marca de moda a homenagear Michael Jackson recentemente. Em agosto, a Hugo Boss relançou o terno branco usado por Michael na capa do disco “Thriller”, de 1982, em comemoração ao aniversário do cantor (ele faria 60 anos ano passado, se ainda estivesse vivo). A marca também lançou três camisetas estampadas com fotos do popstar e patrocinou uma exposição de retratos dele no museu National Portrait Gallery, em Londres.
Como a morte do cantor completará 10 anos em junho, é provável que outras marcas de moda estivessem planejando prestar algum tipo de homenagem ao cantor, principalmente considerando que ele lidera a lista de artistas mortos mais lucrativos -- 400 milhões de dólares só no ano passado, segundo a revista Forbes. Com o documentário, a coisa muda de figura. Embora os fãs mais ferrenhos se recusem a assistir ao documentário (houve até protesto na frente da sede do canal de televisão que vai exibir o filme na Inglaterra), a opinião pública em relação a Michael Jackson parece estar mudando entre os que o assistiram, o que está levando diversas empresas a tentar distanciar sua imagem da figura de Michael.
Desde o lançamento do documentário, várias estações de rádio ao redor do mundo decidiram deixar de tocar as músicas de Michael Jackson. A rede de cafés Starbucks também prometeu nunca mais tocar suas canções em suas dependências. Já os produtores da série “The Simpsons” deletaram um episódio que contou com a participação de Jackson de todos os serviços de streaming, enquanto o Museu do Futebol da cidade de Manchester, na Inglaterra, mandou retirar a estátua de Michael Jackson que enfeitava o seu jardim.
Fotos: Louis Vuitton AW19, Catwalkpictures.com; divulgação Hugo Boss