#MeToo: Executivo da Victoria’s Secret é acusado de assédio sexual
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Após ter de cancelar seu desfile anual por falta de audiência e ver os consumidores migrarem para marcas mais inclusivas como a Savage x Fenty de Rihanna, a Victoria’s Secret acaba de ser alvo de uma reportagem que promete sedimentar ainda mais a imagem da marca como sexista e anacrônica.
Mais de 30 empregados e ex-empregados da Victoria’s Secret, além de fornecedores e modelos que já trabalharam com a marca, acusaram o ex-diretor de marketing Ed Razek de assédio sexual ao jornal The New York Times. Segundo as fontes, Razek, que era um dos principais responsáveis por escolher as modelos que participavam do desfile, frequentemente tentava tocá-las ou beijá-las sem o seu consentimento. Comentários como “tire a calcinha” também eram frequentes.
De acordo com o jornal, o fundador e CEO da marca, Leslie Wexner, foi alertado diversas vezes sobre o comportamento inapropriado de seu subordinado, mas nada foi feito. As fontes relatam que o diretor de marketing era tão próximo do CEO que os empregados tinham a impressão de que ele era “invencível”.
Mas Razek não era o único problema. As fontes consultadas pelo New York Times dizem que a misoginia está “enraizada” na cultura da empresa, pois o próprio Wexner tem o costume de fazer piadas machistas. “Simplesmente davam risada sobre o abuso. Era aceito como normal”, disse Casey Crowe Taylor, ex-relações públicas da marca, ao jornal.
Razek deixou a empresa em agosto do ano passado, após sofrer duras críticas por dizer que a Victoria’s Secret “jamais” contrataria uma modelo transgênero. O executivo declarou também que o público não estaria interessado em ver modelos plus-size nas passarelas. A Victoria’s Secret veiculou sua primeira campanha publicitária estrelando uma modelo transgênero logo após a saída de Razek.
Segundo o jornal americano The Wall Street Journal, o próprio Wexner também estaria pensando em se aposentar, inclusive considerando vender a marca de lingerie. Os rumores sobre sua aposentadoria vieram em meio a reportagens sobre sua ligação com o banqueiro Jeffrey Epstein, também acusado de assédio sexual e estupro. Epstein gerenciou a fortuna de Wexner por mais de vinte anos.
Em nota enviada ao New York Times, a L Brands, empresa dona da marca Victoria’s Secret, não negou nenhuma das acusações publicadas pelo jornal, dizendo apenas que “lamenta qualquer circunstância em que a empresa não tenha agido de acordo com seus padrões de conduta”. Já Razek negou qualquer erro. “Estas acusações são totalmente falsas, mal interpretadas ou tiradas fora de contexto”, escreveu ele em email ao jornal.