Pesquisa revela mudanças no comportamento de compras de vestuário
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Efeito da crise econômica e o desemprego que abateu o Brasil recentemente, com as classes B, C e D perdendo seu poder de compra, o comportamento do consumidor, especialmente de vestuário, sofreu mudanças.
O IEMI - Inteligência de Mercado, Instituto de Estudos e Marketing Industrial - atualizou um estudo realizado em 2017 sobre o comportamento de compra do consumidor. A pesquisa, feita em agosto último, contou com as respostas de 1.250 consumidores em sua última compra, de todas as faixas etárias, poder de compra e regiões, segundo o release de divulgação.
Se em 2017 um bom atendimento e a variedade de produtos fazia o consumidor adquirir peças de roupas, hoje a decisão de compra se dá pelo preço mais baixo (38 por cento optaram por essa resposta, contra 34 percentuais da pesquisa de 2017). O bom atendimento caiu para quarto lugar (com 28 por cento), atrás de variedade (33 por cento) e qualidade dos produtos (30 percentuais). Segundo Marcelo Prado, diretor do IEMI, a retração econômica obrigou os compradores da classe C e D especialmente a reduzir os gastos de forma geral. Vale mencionar que a frequência de compra caiu de 6 para 5,6 em relação à pesquisa de 2017, exceto pelos clientes da classe A (para esses a frequência subiu de 8, para 8,8 compras médias anuais.)
As motivações também atestam os efeitos da crise econômica: 22 por cento disseram que a compra realizada foi para substituir uma peça antiga de roupa. Entre os homens, além da substituição ocasiões especiais como festas ou oferecer um presente os levaram a adquirir algum item de vestuário. Já as mulheres responderam que, além da substituição, gostariam de se sentir mais bonitas ou bem vestidas.
Momento de básicos
De acordo com Prado, o momento atual é o dos varejistas buscarem a chamada demanda reprimida, isto é itens mais básicos, orientados pelo preço mais acessível. “Enquanto estávamos no fundo do poço, só comprou quem tinha poder aquisitivo mais alto e se encantou com um produto de moda, mais bem acabado, com valor agregado e versátil. Hoje, quando o pior já passou, é hora de atender as necessidades das classes C e D, como por exemplo, roupas básicas para as crianças, que cresceram e já não podem continuar utilizando a mesma peça de roupa,”explica.
Boas perspectivas à frente
A começar pelo Dia da Criança, comemorado essa semana, seguida da Black Friday e logo após o Natal, o que se percebe é que há grandes possibilidades de melhora nas vendas do varejo de moda. Devemos levar em consideração também a liberação do FGTS que o governo autorizou. “Esses consumidores da classe C e D se beneficiarão dessa liberação, e é nesse momento que varejistas que tiverem um bom estoque poderão vender mais,”diz Prado. De acordo com ele embora 500 reais não pareça tão significativo, para as pessoas menos abastadas é um valor considerável.
Para Edmundo Lima, diretor executivo da ABVTEX - Associação Brasileira do Varejo Textil - essa liberação do fundo levará muitos consumidores a pagar dívidas e positivar o nome. Dessa forma, há a possibilidade de melhorar o varejo de moda uma vez que o consumidor estará habilitado ao crédito.”Ainda não dá para mensurar resultados, mas dá uma expectativa positiva em relação ao último trimestre,” diz ele. “Os indicadores econômicos estão melhorando, inclusive a diminuição do desemprego, o que leva a uma confiança maior do consumidor e com isso uma melhora nas vendas,” conclui o executivo.
Fotos: Parker Burchfield, Samantha Sophia/Unsplash